Uma equipe de cientistas do Instituto La Jolla de Imunologia (LjI), nos Estados Unidos, divulgou na terça-feira (12) resultados de exames laboratoriais que podem colocar em alerta as autoridades sanitárias de muitos países, entre eles o Brasil. De acordo com o estudo, o vírus Zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, pode sofrer uma mutação e se tornar mais infeccioso, rompendo eventual imunidade pré-existente.
Embora os sintomas da infecção por Zika sejam geralmente leves em adultos, quando a doença ocorre em mulheres grávidas, pode resultar em danos congênitos ao feto, como a microcefalia, uma condição na qual os bebês nascem com uma cabeça menor e podem ter danos cerebrais.
Mutações genéticas nos vírus da Dengue e Zika
Fonte: Regla-Nava et al./Cell Reports/Reprodução.Fonte: Regla-Nava et al./Cell Reports
Ambos da família dos flavivírus, os vírus Zika e da dengue são parecidos o bastante para que a exposição à dengue possa desencadear uma resposta imune ao Zika. No entanto, por serem ambos vírus de RNA, tanto um como o outro "são capazes de alterar o seu genoma", explica a pesquisadora líder do estudo, Sujan Shresta, em um briefing do LjI.
A equipe de Shresta estudou a evolução rápida do Zika, recriando ciclos de infecção repetidos que alternavam células de mosquitos e camundongos.
A conclusão foi que é relativamente fácil para o Zika adquirir uma única alteração de aminoácido que permite que ele se replique em cópias capazes de se tornarem mais contagiosas. “O mundo deve monitorar o surgimento dessa variante do vírus Zika”, alerta a professora Shresta.
ARTIGO: Cell Reports - DOI: 10.1016/j.celrep.2022.110655.