O ransomware — cibercrime em que seu computador é “sequestrado” em troca por um valor, normalmente pago em criptomoeda — vem crescendo assustadoramente em todo o mundo nos últimos anos e está “na moda” no mercado ilegal: uma pesquisa indica que as vendas de softwares para essa prática de extorsão virtual cresceu 2.502% entre 2016 e 2017.
Atual temporada registra cerca de R$ 20 bilhões de transações no mercado de software para ransomware
Os dados são da companhia de serviços anti-malware Carbon Black, que publicou neste mês um estudo sobre 21 dos mais populares sites de distribuição desses programas na Dark Web. O levantamento revela que há pelo menos 6,3 mil pontos de comercialização e 45 mil “produtos” listados nos cantos mais sombrios da rede.
Gráfico da Carbon Black mostra a média anual que um vendedor de software comercializa por ano em cada país
Na temporada passada, foram registrados US$ 249 milhões (perto de R$ 805 milhões) em transações de aplicativos de ransomware, enquanto este ano esse número chegou a US$ 6,2 bilhões (cerca de R$ 20 bilhões). Alguns vendedores estão faturando mais de US$ 100 mil por ano (R$ 323 mil), quantia superior aos US$ 69 mil (R$ 223 mil) que ganham em média os mais bem-sucedidos vendedores de utilitários legítimos nos Estados Unidos, de acordo com o PayScale.com.
As razões dessa alta
O ransomware está por aí há um bom tempo, contudo, foi com a proliferação em massa da Bitcoin e do navegador Tor é que os bandidos — e os aspirantes — encontraram maneiras mais fáceis de praticar os crimes.
Com a criptomoeda e o browser é fica mais fácil contratar vários tipos de serviços relacionados, a exemplo de suporte de ações de alto risco e transações de baixa confiança por meio de sistemas de custódia. O amadurecimento das inovações no mercado paralelo criou uma economia underground dedicada ao assunto na Dark Web.
Oferta de serviços para ransomware na Dark Web
Para compreender ainda melhor alta do ransomware, some a esse cenário a falta de controles de segurança fundamentais, a exemplo de backups, testes, restauração, correção, visibilidade e estratégias de prevenção desatualizadas — sem contar as vítimas que sequer sabem do que se trata o assunto.
Redes Linux podem ser alvo de próximos ataques
O levantamento feito pela Carbon Black também listou “tendências” para os próximos anos nesse mercado paralelo do ransomware. Segundo a pesquisa, os sistemas Lynux estão na mira e a ideia dos criminosos é pedir ainda mais dinheiro a cada ataque. Por exemplo, os bandidos devem realizar mais injeções SQL para infectar servidores e cobrar um preço de resgate mais elevado. Isso já aconteceu com o serviço em nuvem MongoDB no início deste ano.
Outras projeções:
- O ransomware se tornará mais segmentado, em busca de determinados tipos de arquivos e empresas específicas, como firmas de advocacia, de saúde e de impostos. Já existe software para atacar negócios de forma que os pequenos ajustes no código possam atingir arquivos críticos e proprietários, como projetos do AutoCAD. Isso ajuda os criminosos se ficar fora do radar de muitas linhas defensivas.
- Ao invés de criptografar os arquivos e enviar a chave para descriptografá-los, algumas amostras do levantamento revelaram que alguns bandidos estão extraindo o conteúdo antes de embaralhar o acesso. Isso aumenta o estresse em grandes empresas, porque os dados também podem ser comercializados no mercado paralelo.
- Já há indícios de uso do ransomware como “cortina de fumaça”. Ou seja, um adversário podem simular um ataque dessa natureza e enquanto a equipe de defesa tenta descriptografar o arquivo os atacantes estão na verdade realizando outras ofensivas a um sistema.
- O ransomware deve aumentar a cada anos nas redes sociais na forma de um malware como o Koobface, conteúdo compartilhado em forma de links maliciosos em sites como o Facebook
Não pague ransomware
Como dá para notar, o assunto é sério e é necessário saber o que fazer para não contribuir com a disseminação dessa prática. O TecMundo recomenda que você não pague ransomware. O mercado do crime virtual gera bilhões de dólares anualmente pelo mundo e só no Brasil, em 2016, esse número foi US$ 32 bilhões. Acesse aqui para saber mais sobre o assunto e como se defender.
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