Uma pesquisa divulgada no início deste mês, liderada por cientistas da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, pode ajudar a resolver uma questão ambiental gerada pelo aumento da demanda por energia renovável e veículos elétricos: o que fazer com as baterias nem sempre sustentáveis? A resposta – dizem os cientistas – é um conjunto de pilhas feito de cascas de caranguejo.
No artigo publicado na revista científica Matter, o principal autor Liangbing Hu, diretor do Centro de Inovação de Materiais da Universidade de Maryland, explica que tornar as baterias mais ecológicas é o objetivo geral do trabalho. “Por exemplo, separadores de polipropileno e policarbonato, que são amplamente usados em baterias de íons de lítio, levam centenas ou milhares de anos para se degradar”, diz o professor.
Isso sem contar que alguns componentes dessas baterias de lítio, como as que equipam os nossos celulares, têm em sua composição o cobalto, mineral extraído em locais onde são flagrantes as violações dos direitos dos trabalhadores.
Como são as baterias de cascas de caranguejo?
Fonte: Liangbing Hu/Divulgação.Fonte: Liangbing Hu
Quando usamos os nossos dispositivos portáteis, as baterias empregam uma substância especial – o eletrólito – que funciona como um condutor de íons elétricos entre as placas positivas e negativas quando a bateria está carregando ou descarregando. O grande diferencial da nova bateria é que, em vez dos produtos químicos inflamáveis ou corrosivos normalmente usados, ela funciona com um eletrólito feito de um material biológico, a quitosana.
Facilmente biodegradável, a quitosana é um subproduto da quitina, presente "nos exoesqueletos de crustáceos, incluindo caranguejos, camarões e lagostas, que podem ser facilmente obtidos a partir de resíduos de frutos do mar. Você pode encontrá-lo em sua mesa”, diz Hu.
Um eletrólito feito com esse material – que representa cerca de dois terços da bateria – pode ser decomposto por micróbios em cinco meses. isso deixaria para trás apenas o componente metálico, no caso o zinco, que pode depois ser reciclado.
ARTIGO - Matter - DOI: 10.1016/j.matt.2022.07.015.
Fontes