AMD Radeon R9 290X: a gigante já está entre nós

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(Fonte da imagem: Divulgação/AMD)

Desde o anúncio oficial da sua nova linha de placas de vídeo, a AMD fez um pouco de mistério, liberando as informações sobre os seus novos produtos quase em doses homeopáticas. Os primeiros modelos que chegaram ao mercado foram as GPUs da linha R7, seguidas de perto pela linha R9.

Agora, finalmente, chega a rainha de todas: a Radeon R9 290X, a placa de vídeo que briga pela posição de GPU mais rápida do mundo. A AMD demorou a colocar no mercado a sua nova linha, principalmente se comparada com a NVIDIA, sua principal concorrente, que apresentou o carro-chefe da geração — a GeForce GTX Titan — ainda em fevereiro deste ano.

Com isso, a NVIDIA colocou-se na dianteira, e cobrando caro por isso. A Titan chegou ao mercado por US$ 1.000, um valor extremamente alto para uma placa de vídeo, mesmo nos Estados Unidos.

Com quase oito meses de diferença, a AMD traz a resposta à Titan, com um desempenho que promete superar a concorrente em diversas categorias, além de custar quase a metade do preço. A R9 290X chega hoje ao mercado custando a partir de US$ 550.

Será que a espera de 21 meses por uma nova placa de vídeo top da AMD valeu a pena? O modelo traz uma série de novidades na tecnologia, incluindo o suporte ao Direct3D 11.2 e o novo sistema de processamento de áudio “TrueAudio”, que promete tornar as experiências sonoras muito mais envolventes.

Especificações técnicas

Design da placa e conexões de vídeo

O desenho da Radeon R9 290X — pelo menos do modelo de referência — é semelhante aos modelos da linha HD 7000. A placa é um pouco mais comprida que a GeForce GTX Titan, mas não chega a ser tão grande quanto a Radeon HD 7990.

O cooler utilizado é o tradicional blower, que fica posicionado na ponta de trás da placa de vídeo. Como conexões externas, a GPU carrega duas portas DVI, uma HDMI — com suporte à transmissão de áudio — e um DisplayPort. Isso possibilita jogos em três telas com apenas uma GPU.

(Fonte da imagem: Reprodução/TechPowerup)

A parte mais curiosa é a R9 290X não apresentar uma porta de conexão CrossFireX. De acordo com a AMD, é possível colocar até quatro modelos trabalhando em paralelo. Quando isso acontece, todos os dados são sincronizados entre as placas apenas através da porta PCI Express.

Para fazer o modelo funcionar, é preciso conectar um cabo de seis e outro de oito pinos na placa — modelo de alimentação já comum entre placas de vídeo de alto desempenho e uma exigência para garantir os quase 300 W que a GPU precisa para trabalhar.

Nova arquitetura

A nova geração de placas de vídeo da AMD foi dividida em duas séries distintas: R7 e R9. Enquanto a primeira é desenvolvida para o público geral, a linha R9 é desenvolvida para entusiastas, possuindo muito mais poder. Entre os modelos apresentados estão a R7 250, R7 260X, R9 270X, R9 280 e a top, a R9 290X.

As novas placas lançadas pela AMD antes da R9 290X não são exatamente uma nova tecnologia: tratam-se de equipamentos “remodelados” e reajustados para uma nova faixa de preço e um novo direcionamento de mercado. Contudo, vale lembrar que essa não é uma manobra exclusiva da AMD, pois a NVIDIA também trabalha dessa forma.

A Radeon R9 290X é diferente. A nova arquitetura Hawaii apresenta uma série de melhorias no hardware. O chip ainda é construído com litografia de 28 nanômetros, mas carrega 6,2 bilhões de transistores em seu interior.

A arquitetura Hawaii é bastante parecida com sua antecessora, os chips Tahiti. Entretanto, os componentes receberam um upgrade considerável. Um dos maiores exemplos disso é o número de stream processors, que passou de 2.048 para 2.816 na nova GPU — um aumento de quase 40%.

(Fonte da imagem: Reprodução/TechPowerup)

Dentro da GPU, esses processadores são divididos em 44 unidades de computação, cada um com 64 stream processors. Essas 44 unidades são divididas em 4 shader engines.

Além dessas unidades de computação, cada shader engine possui um processador geométrico, que é responsável por calcular os dados de uma cena em 3D. Esse componente combina geometria com vértices e um “tesselator”, responsável por processar figuras geométricas extremamente complexas. Isso faz com que a nova arquitetura Hawaii tenha quatro unidades de processamento tessellation, o dobro da geração anterior.

O responsável por controlar todas essas funções é o processador de comando, que distribui os dados marcados juntamente com as informações certas. Ele possui um sistema unificado de memória: o cache L3, com 1 megabyte de memória. Isso pode parecer pouco, mas é mais que suficiente para gerenciar o tráfego de dados entre os processadores da GPU.

Memória de vídeo

A R9 290X de referência desenvolvida pela AMD possui 4 GB de memória RAM GDDR5, rodando a 5 GHz. Se isso não impressiona, saiba que esses chips trabalham com uma banda de memória de 512 bits, podendo transferir dados a uma velocidade de 320 GB por segundo e fazendo dela a placa de vídeo com a memória mais rápida já produzida até hoje.

Limitada apenas pela temperatura

A temperatura de trabalho da R9 290X é alta: a AMD fixou esse valor em 95 ºC, o que pode parecer muito, mas, de acordo com a fabricante, é perfeitamente normal para o modelo. A empresa ainda garante que a temperatura-limite para a GPU está bem acima desse valor.

Sabendo disso, podemos entender como a placa de vídeo trabalha. Enquanto ela não atingir esse limite térmico, as frequências podem continuar aumentando, oferecendo a você cada vez mais desempenho.

Outro detalhe sobre esse sistema é que a AMD empregou dois modos de trabalho principais na placa: “Quiet” e “Uber”. Essas duas configurações são relacionadas à velocidade do cooler da placa e podem ser alteradas no painel de controle.

(Fonte da imagem: Reprodução/NeoGAF)

Enquanto o modo Quiet trava o cooler em cerca de 40% de sua potência máxima, o modo Uber faz com que a ventoinha passe a trabalhar com 55% de sua potência. Essas limitações foram impostas pela AMD para que o blower não faça muito barulho.

Como o poder da placa é limitado pela temperatura, podemos perceber que o modo Uber pode oferecer um desempenho superior. Entretanto, se você não se importa com o ruído produzido pelo cooler, é possível remover essa limitação, deixando que ele trabalhe com 100% de sua capacidade.

Desse modo, você pode conseguir facilmente até 10% a mais de desempenho com a R9 290X. É preciso notar que o cooler não fica o tempo todo no máximo de sua capacidade, pois ele é controlado dinamicamente. A diferença dessa configuração é que o limite dele passa a ser maior.

Graphics Core Next: mais poder para os computadores

O Graphics Core Next (GCN) chegou ao mercado junto com a geração HD 7000 das placas de vídeo da AMD. O que essa arquitetura pode fazer é promover uma nova forma de computação, gerenciando muito mais que apenas gráficos.

O funcionamento é assim: cada GPU carrega um determinado número de unidades de computação (ROPs). Cada uma dessas unidades é responsável por gerenciar certo número de processadores stream. Desse modo, as GPUs AMD são capazes de controlar um número muito maior de processos simultaneamente, algo que, até então, era relegado à CPU principal do computador. Tudo isso é gerenciado pelo Graphics Core Next.

(Fonte da imagem: Divulgação/AMD)

Além disso, a arquitetura também é responsável por gerenciar com mais eficiência todos os recursos da placa de vídeo, permitindo que novas ferramentas de renderização possam ser empregadas sem que haja um impacto significativo no desempenho do sistema. Outro benefício do GCN é a utilização mais inteligente dos recursos energéticos da placa, consequentemente gastando menos e gerando menos calor.

A nova geração do Graphics Core Next traz os mesmos recursos e inova apresentando muito mais ferramentas que antes. Uma das novidades é o suporte completo ao DirectX 11.2, que permite novos efeitos especiais nos jogos e na interface do Windows 8, acelerando todo o computador e não somente os games.

DirectX 11.2

Em termos de tecnologia, a AMD está saindo na frente da NVIDIA. Enquanto as GPUs da linha GeForce trabalham apenas com o DirectX 11, as placas da AMD trabalham nativamente com o DirectX 11.2. Uma das principais vantagens desse recurso é que essa tecnologia é a mesma utilizada nos consoles de nova geração, o Xbox One e o PlayStation 4, que trabalham com a arquitetura da AMD.

Além disso, o DirectX 11.2 conta com um recurso chamado Tiled Resources, algo que pode ser traduzido livremente como “recursos ladrilhados”. O que essa ferramenta faz é parecido com as megatexturas introduzidas no OpenGL e presentes no game Rage, da id Software.

(Fonte da imagem: Divulgação/AMD)

Através do Tiled Resources, os designers podem utilizar uma única textura para cobrir diversos objetos diferentes, fazendo com que os recursos da GPU sejam mais bem aproveitados e, consequentemente, fazendo com que a placa de vídeo tenha um rendimento melhor.

Entretanto, o DirectX 11.2 está presente apenas no recém-lançado — e ainda não muito popular — Windows 8.1.

Audio programável – True Audio Technology

Nessa geração, a AMD não se preocupou apenas com os gráficos para melhorar a experiência dos jogadores. A empresa está introduzindo o True Audio, um sistema programável de áudio. Para explicar melhor como funciona esse novo recurso, a empresa fez um paralelo mostrando como os shaders programáveis mudaram a programação visual dos games, dando mais liberdade aos artistas para que pudessem criar gráficos muito mais realistas na época.

De acordo com a AMD, o True Audio dará aos programadores e artistas de áudio a mesma liberdade criativa que os designers tiveram com o surgimento dos shaders.

Nos games, será possível criar experiências imersivas, fazendo com que o som que veio de cima, de baixo ou de qualquer lado do seu ponto de vista seja percebido como tal. Esse recurso deve não só tornar as experiências muito mais interessantes como vai possibilitar uma melhor percepção do ambiente dos jogos.

(Fonte da imagem: Divulgação/AMD)

Esse recurso possibilitará sistemas de áudio direcional muito mais eficientes que os atuais, aumentando o número de sons simultâneos e efeitos especiais de maneira nunca antes vista, principalmente nos games. Para conseguir isso, a AMD fechou parceria com muitas empresas do setor de áudio, incluindo a GenAudio, Audiokinectic, Eidos e muitas outras.

Um dos recursos trazidos pelo True Audio é a tecnologia Astound Surround, que é baseada em mais de 25 anos de pesquisa em sistemas sonoros, na busca para entender exatamente como o cérebro responde aos estímulos. Isso permitiu o desenvolvimento de poderosos algoritmos de áudio.

Round-up: o que disse quem já testou

Fora do Brasil, diversos veículos especializados já tiveram a oportunidade de testar a Radeon R9 290X, e a placa agradou. O consenso geral da mídia especializada, pelos menos por enquanto, é um só:

“A Radeon R9 290X apresenta um desempenho próximo ao da GeForce GTX Titan, por praticamente a metade do preço”.

Anandtech

“A AMD claramente posicionou a R9 290X como um monstro na relação desempenho–preço. Mesmo que isso não seja tudo na análise de uma placa de vídeo, certamente esse é o fator mais importante para a maioria dos compradores”.

“É difícil não recomendar a R9 290X sobre a GTX 780, principalmente porque ela apresenta cerca de 10% mais desempenho por 100 dólares a menos. A NVIDIA não pode se dar luxo de ser mais lenta e mais cara que a AMD. O que ela precisa fazer para competir é cortar os preços”.

HardOCP

“É fantástico o quão poderosa é a R9 290X em resolução Ultra HD quando comparada com a GeForce GTX Titan. Aqui é onde a R9 290X realmente brilha. Se sem resoluções mais tradicionais ela caminha ao lado da concorrente, em jogos 4K a Radeon R9 290X é, definitivamente, uma ‘Titan killer’”.

“Se não fosse pelo preço de US$ 549, muitos poderiam considerar esse desempenho desapontador. Mas a AMD fez a coisa certa e estabeleceu o preço dessa placa de um modo incrivelmente competitivo”.

TechPowerup

“O verdadeiro destaque da AMD R9 290X é certamente o seu preço. O que foi especulado em torno de US$ 700 — e foi comemorado por alguns — acabou chegando por US$ 549 no varejo”.

“Esse é um preço incrível para essa placa, fazendo dela a rainha no segmento preço/desempenho. A NVIDIA GTX Titan de US$ 1.000 é completamente irrelevante agora, e mesmo a GTX 780 com um preço de US$ 625 será uma venda difícil”.

Vale a pena investir na R9 290X?

Em quase todos os testes executados, a R9 290X caminhou lado a lado com a GTX Titan. A situação muda de figura quando comparamos a nova placa da AMD com a GTX 780. Os resultados dos testes deram à GPU da AMD uma margem próxima aos 10% de superioridade, o que certamente é um fator que deve ser considerado, principalmente porque ela custa quase 100 dólares a menos que a 780.

Outro detalhe importante que deve ser considerado é a resolução. Quanto maior a definição de imagem, mais a GPU da AMD consegue mostrar sua força. Se em resoluções mais tradicionais (como Full HD) a placa consegue apresentar um resultado igual ou superior à Titan, em resoluções maiores (especialmente 4K ou Ultra HD) o modelo é capaz de superar com facilidade a concorrente, mostrando que a AMD realmente conseguiu desenvolver um equipamento vencedor.

(Fonte da imagem: Reprodução/TechPowerup)

A R9 290X também mostrou que pode apresentar muito mais potência com um sistema de arrefecimento mais eficiente, o que certamente abre espaço para modelos ainda mais poderosos.

Diversos fabricantes estão lançando suas versões da placa, entre eles a ASUS, que apresentou hoje (24/10) o modelo que deve chegar às lojas ainda esta semana.

A AMD ainda não mostrou tudo o que preparou para essa geração. Todos os testes realizados foram nas mesmas condições que as placas da NVIDIA. A companhia promete muito mais desempenho quando Mantle — a API gráfica de baixo nível da AMD — finalmente chegar ao mercado e “libertar” a GPU para que ela possa mostrar sua potência real, sem gargalos.

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