5G 'gera' embate público entre senadora e ministro de Bolsonaro

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Imagem: Wallace Martins/Estadão
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Neste domingo (28), o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, usou as redes sociais para criticar a presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Kátia Abreu (PP). O motivo do conflito teria sido o interesse da senadora na implementação do 5G no Brasil. “Em 4/3, recebi a senadora Kátia Abreu para almoçar no MRE. Conversa cortês. Pouco ou nada falou de vacinas. No final, à mesa, disse: ‘Ministro, se o senhor fizer um gesto em relação ao 5G, será o rei do Senado’. Não fiz gesto algum”, conta Araújo em seu Twitter.

Segundo o ministro, ele desconsiderou a sugestão, uma vez que o tema da implementação depende do Ministério das Comunicações e do presidente Jair Bolsonaro.

O comentário de Araújo surge em meio a uma pressão por parte de deputados e senadores para sua demissão. O ministro foi bastante confrontado durante as audiências no Congresso Nacional na última quarta-feira (24). Os parlamentares afirmam que a gestão de Araújo é uma das causas da dificuldade diplomática do Brasil em obter vacinas ou insumos para sua produção no país.

5G no Brasil e relação com a China

Kátia Abreu afirmou que a mensagem do ministro "falta com a verdade" e distorce o intuito do encontro, que, segundo ela, durou três horas e diversos outros assuntos foram abordados, até mesmo o desmatamento da Amazônia. A senadora conta que pediu ao ministro que a licitação para a rede 5G não tivesse “vetos ou restrições políticas”. “Ainda alertei esse senhor dos prejuízos que um veto à China na questão 5G poderia dar às nossas exportações, especialmente do Agro, que vem salvando o país há décadas", disse em comunicado.

Discussões sobre a implementação da tecnologia 5G no Brasil já estão presentes no cenário político desde o ano passado. Ernesto Araújo é considerado um dos ministros da "ala ideológica" do governo, que restringe as relações com a China. Aliados do governo afirmam que a participação de empresas chinesas, como a Huawai, na implementação da tecnologia 5G no Brasil pode gerar um risco para a segurança da informação no país. Kátia Abreu afirma que o ministro usou uma "frase péssima como se os senadores tivessem sido vendidos para o 5G" e que há uma ação orquestrada entre os bolsonaristas para espalhar que Arthur Lira e os senadores foram comprados pela chinesa Huawei.

Rodrigo Pacheco (DEM), atual presidente do Senado Federal, defendeu a parlamentar e afirmou que a crítica do ministro atinge todos os senadores da Casa. "A tentativa do ministro Ernesto Araújo de desqualificar a competente senadora Kátia Abreu atinge todo o Senado Federal. E justamente em um momento que estamos buscando unir, somar, pacificar as relações entre os Poderes. Essa constante desagregação é um grande desserviço ao país"

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