Primeiro, o governo Trump impôs multa pesada e a proibição de venda de componentes fabricados nos Estados Unidos para a ZTE, como forma de punir a chinesa de ter comercializado tecnologia para o Irã e a Coreia do Norte. Em seguida, a companhia fechou as portas. Depois, o presidente estadunidense reviu a decisão e decidiu conversar com a China para tentar reverter a situação — o que já não vem sendo bem visto pelos parlamentares americanos. Tudo isso nos leva a este momento, no qual as atuais duas maiores economias do mundo discutem um acordo e quais seriam as contrapartidas de cada um.
A revisão do caso da ZTE só acontece porque Trump tem interesse em aumentar exportações para a China
Bem, a princípio, o principal termo do pacto é retirar o banimento da ZTE, para que ela possa comprar hardware e softwares produzidos em solo norte-americano. Só por conta disso a empresa já estaria disposta a realizar mudanças significativas em sua diretoria, incluindo dança das cadeiras no gerenciamento e na mesa executiva e o pagamento da penalidade.
Segundo a Reuters, a China também estaria disposta a remover tarifas e comprar mais produtos do setor agrícola dos Estados Unidos. Essa conversa toda acontece um mês depois que os orientais anunciaram corte de 25% para 15% nas taxas de importação sobre o valor de veículos e de 10% para 6% nos preços de autopeças, o que deve impulsionar a presença de montadoras como a Tesla, a BMW e a Daimler AG no país a partir de julho.
Acordo continua sendo questionado pelos norte-americanos
Além de uma demonstração de força, para mostrar que sem os 25% a 30% dos componentes produzidos nos Estados Unidos uma companhia chinesa pode fechar as portas, analistas acreditam que Trump quer usar a ZTE como “moeda de troca” para aumentar as exportações dos Estados Unidos para a China. Além disso, não é uma boa ideia ter os orientais como “inimigos” em uma região tão estratégica e diante de uma economia tão poderosa atualmente.
Mesmo que a ideia pareça convencer parte dos parlamentares norte-americanos, há muita resistência, especialmente porque, para muitos, o presidente norte-americano está deixando para trás alguns detalhes importantes, principalmente a segurança. O senador republicano Marco Rubio diz que Trump “se rendeu”. “Realizar mudanças na diretoria deles e cobrar uma multa não vai impedi-los de espionar e roubar o que é nosso. Mas isso é importante demais para acabar. Vamos começar a trabalhar no Congresso para realizar uma ação à prova de veto”, prometeu.
A cúpula chinesa vê a punição à ZTE como uma clara exposição da dependência do país à importação de tecnologias consideradas fundamentais para seu desenvolvimento. “A liberação da refém ZTE será o começo da implementação de acordos comerciais entre a China e os Estados Unidos”, comenta o editor do periódico chinês Global Times.
O acordo não deve demorar a ser assinado, contudo, como dá para notar, muita discussão deve acontecer até que ele seja realmente firmado — e, caso se confirme, a conversa vai continuar na Casa Branca.