De acordo com um novo levantamento conduzido pela sonda espacial Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO), da NASA, as crateras e outras irregularidades no terreno lunar escondem muito mais do que apenas poeira. As observações feitas pelo dispositivo sugerem que esses locais têm um conteúdo em metais muito mais elevado do que se pensava – indicando que a formação da Lua pode estar mesmo associada com o nosso planeta, ajudando a embasar algumas teorias e a engavetar outras.
Trombada planetária
Uma das teorias mais aceitas de momento é a de que a Lua teria sido formada há bilhões de anos, depois do impacto de um objeto com dimensões semelhantes às de Marte contra a Terra. Essa violenta colisão teria lançado uma grande quantidade de material em órbita ao redor do nosso planeta que, com o tempo e a ação da gravidade terrestre, foi se agregando e aglomerando até finalmente dar origem ao satélite.
Composições semelhantes.Fonte: New Scientist / NASA / Bill Anders / Reprodução
Na realidade, várias evidências apontam para um cenário cataclísmico, entre elas o fato de a Terra e a Lua terem composições tão parecidas. O problema é que estudos realizados nas planícies lunares – uma porção do terreno do satélite coberto por silicatos e que corresponde a 80% de sua superfície – mostraram que essas regiões contêm quantidades bem menores de minerais metálicos do que em relação à Terra, pondo em dúvida a teoria da colisão.
Contudo, o levantamento realizado pelo LRO coloca essa alternativa de volta em pauta. Segundo a NASA, as leituras dessa sonda – realizadas por meio de um instrumento de radar montado nela – indicam que as crateras lunares parecem conter níveis de óxido de titânio e de ferro bem mais elevados do que os detectados nas planícies da Lua e em quantidades mais altas do que o estimado. Isso, por sua vez, sugere que, potencialmente, pode haver uma maior concentração de materiais metálicos “escondida” no interior do satélite.
Sob a superfície
Nesta fase do estudo, os cientistas focaram sua atenção em crateras maiores e, a partir das informações coletadas pelos dispositivos do LRO, calcularam a quantidade de material metálico presente nelas. Eles fizeram isso por meio da medição da capacidade dos depósitos identificados em transmitir campos elétricos. De acordo com as estimativas, quanto maior for a cratera, maiores serão a transmissão de eletricidade e a concentração de material metálico, incluindo os óxidos que mencionamos.
Respostas sob a superfície.Fonte: SciTechDaily / NASA / Reprodução
Curiosamente, no caso de crateras entre 5 e 20 quilômetros de diâmetro, os pesquisadores não encontraram a mesma relação, e a transmissão de campos elétricos se manteve constante nessas formações. De qualquer maneira, as medições apontam que a concentração de material metálico parece ser bem mais elevada sob a superfície lunar do que a presente em sua camada mais externa (que, quanto mais profunda, mais quantidade de óxidos de ferro e titânio apresenta), e a Lua pode mesmo ter-se originado a partir da tal colisão planetária.
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