Análise: Wii U [vídeo]

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A Nintendo abandonou, já há algum tempo, a ideia de que uma nova geração precisa ser somente uma evolução gráfica. A política adotada preza exatamente a experiência inovadora a um visual aprimorado, algo que o DS e o Wii já mostraram ser uma aposta que vem dando muito certo. Afinal, de que adianta evoluir um sistema se ele continuará a fazer as mesmas coisas, apenas de um jeito mais bonito?

E o Wii U segue a mesma linha. Não que isso signifique que o console deixe a desejar em aspectos técnicos, como aconteceu com seu antecessor. Na verdade, é exatamente o oposto, já que ele consegue fazer bonito nesses seus primeiros dias de vida. O ponto é que o foco da “Big N” não é a tão famigerada corrida gráfica que muitos procuram, mas a forma como jogamos e interagimos com os títulos — e, nesse aspecto, ele se sai muito bem.

Aprovados

Uma nova forma de jogar

É claro que não poderíamos começar a falar do novo console sem citar o GamePad, o controle-tablet que é o responsável pela nova revolução proposta pela Big N. Com uma tela de 6,2 polegadas com resolução de 480p, ele cria uma experiência semelhante àquela introduzida pelo Nintendo DS em 2004, ou seja, acompanhar a ação em dois displays independentes. A diferença, no entanto, é que agora ele complementa aquilo que é mostrado na TV, criando novas possibilidades de uso.

Ampliar (Fonte da imagem: Divulgação/Nintendo)

Em New Super Mario Bros. U, por exemplo, ele replica o conteúdo da televisão, transformando-se em uma espécie de “portátil” independente. Já outros títulos, como Nintendo Land e ZombiU, usam o conceito na própria jogabilidade, criando alternativas bem diferentes.

Embora a touchscreen seja resistiva, ela responde muito bem aos comandos básicos e, mesmo sem oferecer suporte a multitoque, não apresenta nenhum grande problema. Para os momentos em que precisão é uma necessidade, você conta com a stylus que acompanha o controle.

Em termos de ergonomia, o GamePad também surpreende. Ele chama a atenção por ser consideravelmente leve e fácil de manusear, principalmente se considerarmos seu tamanho. Já design traz uma pegada confortável que evita que sua mão se canse após longos períodos de jogatina.

Ampliar (Fonte da imagem: Baixaki Jogos/Tecmundo)
O layout dos botões também mostra que a Nintendo quer fazer do Wii U uma plataforma na qual os grandes blockbusters podem ser lançados sem exigir grandes adaptações. Ele possui praticamente a mesma disposição de teclas do PlayStation 3 e Xbox 360, com direito até mesmo aos gatilhos na parte traseira, aqui chamados de ZL e ZR.

A principal diferença nesse aspecto é a posição dos dois analógicos, que ficam na parte superior do controle. Embora isso possa causar estranhamento em muita gente, a nova localização ajuda na hora de tocar a touchscreen com agilidade.

Além disso, o GamePad conta com alguns recursos extras que o tornam ainda mais interessante. O giroscópio e acelerômetro, heranças do Wii Remote, dão vida a vários jogos em que o sensor de movimento é necessário, como o próprio Nintendo Land. Ao contrário de seu antecessor, ele não precisa de uma barra específica para que o console o reconheça, ficando bem mais prático. A peça só é necessária para identificar o controle do velho Wii.

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Ele também conta com um sistema de som independente, o que faz com que o áudio liberado por ele não precise ser necessariamente igual ao da TV. Em Batman: Arkham City – Armored Edition, por exemplo, toda a comunicação feita pelo herói via rádio é emitida por ele, criando um novo tipo de imersão.

Por fim, não podemos deixar de citar o raio de alcance do controle. Como a ideia é oferecer liberdade em relação à TV e alguns jogos permitem que você confira a ação toda na pequena tela, o novo joystick consegue cumprir relativamente bem esse papel. Em nossos testes, ele conseguiu manter a comunicação estável a uma boa distância, mas apresentou algumas falhas quando havia alguma parede ou outro grande obstáculo no caminho.

Nintendo HD

Além do GamePad, o Wii U representa uma nova era na história da Nintendo por outro motivo: ele é o primeiro console da empresa a entrar no mundo da alta definição. Com isso, o visual pouco detalhado do Wii dá lugar a algo muito mais trabalhado e capaz de encher os olhos.

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Isso fica claro em um dos principais títulos de lançamento do sistema. Como visto em nossa análise de New Super Mario Bros. U, a combinação de uma imagem em 1080p com o estilo da série trouxe um belíssimo e colorido game que mostra que ainda há muito a ser explorado com essa nova “exibição”.

Além disso, essa novidade também permitiu que jogos que eram exclusivos desses consoles em HD chegassem ao Wii U sem deixar nada a desejar. Batman: Arkham City é o melhor exemplo disso, já que a Armored Edition consegue aproveitar muito bem o potencial inicial da plataforma, batendo de frente com as versões de PS3 e Xbox 360.

Um mundo mais social

E não foi apenas nos gráficos que a Nintendo decidiu se atualizar. A empresa decidiu entrar de vez no mundo online com a criação de uma rede social própria. Com o Miiverse, a Big N conseguiu renovar também a forma como interagimos com outros jogadores.

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A proposta é bem simples: ser o Facebook do console. Com isso, você tem diversos murais dedicados a cada um dos jogos, nos quais é possível enviar mensagens ou conversar com outras pessoas sobre o título em questão, discutindo com amigos e desconhecidos e tornando a área perfeita para quem quer passar um tempo socializando.

E não se trata apenas de textos. Um dos recursos mais divertidos do Miiverse é usar a touchscreen do GamePad para se transformar em um artista e mandar desenhos à comunidade. Embora as ferramentas sejam bem limitadas, já encontramos resultados incríveis, tanto em termos de qualidade quanto de bom humor. Outra possibilidade é a de enviar imagens dos próprios jogos, o que torna a rede perfeita também para tirar suas dúvidas de como passar de determinada parte.

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No entanto, o principal trunfo da Nintendo não foi apenas criar esse espaço para a socialização, mas  pensar em maneiras inteligentes de tornar isso em realidade. Imagine como seria tenebroso se relacionar com jogadores do mundo inteiro com eles sendo identificados por números. Por isso, juntamente com o Miiverse, a empresa trouxe o Nintendo ID, um nome de usuário bem mais simples de ser memorizado, aos moldes do que Sony e Microsoft já fazem. Sim, os Friend Codes não existem mais.

Várias coisas ao mesmo tempo

Imagine a seguinte cena: você está preso em determinada parte de um jogo e precisa procurar uma solução na internet. O problema é que não há um computador por perto — ou a preguiça está falando mais alto. O que fazer? Simples: abrir o navegador do próprio video game.

Assim como a Nintendo já fez com o 3DS, o Wii U é multitarefa, ou seja, permite que você execute mais de uma ação ao mesmo tempo. Ao apertar o botão Home, o jogo é automaticamente pausado e é possível executar outras ações em paralelo, como utilizar o browser nativo, acessar o Miiverse e até mesmo gerenciar seus downloads.

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Além disso, o próprio navegador é uma novidade muito bem-vinda. Muito mais do que simplesmente rodar junto com um game, ele ainda apresenta uma navegação muito simples e intuitiva, graças ao GamePad. Como o conteúdo do site em questão pode ser visualizado tanto na touchscreen quanto na TV, você tem muito mais controle na hora de usar a barra de rolagem ou de selecionar o link desejado.

A função multitoque faz falta na hora de usar o zoom, mas não compromete a experiência. Talvez a única grande deficiência seja a falta de suporte a conteúdo em Flash, o que pode atrapalhar a visualização de vídeos e outros tipos de materiais — embora HMTL5 funcione sem problemas.

Biblioteca em expansão

Depois de muito tempo de resistência, parece que a Nintendo finalmente se abriu para o mundo online — e não poderia fazer isso de maneira melhor. Além de tudo o que mostramos até agora, a empresa ainda prometeu que todos os lançamentos do Wii U estarão disponíveis na eShop tão logo eles cheguem às lojas.

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A existência dessa loja digital é uma grande vitória — embora o histórico da Big N não seja tão positivo assim em termos de preços para o consumidor brasileiro —, principalmente por conta da facilidade de comprar aquilo que você quer o mais rápido possível.

É claro que, por conta disso, o jogador também precisa estar preparado. Como os jogos podem ser consideravelmente grandes — Assassin’s Creed 3 tem 17 GB —, você vai precisar de muito espaço para guardá-los. No caso do Wii U Basic, que conta com 8 GB de armazenamento interno, um HD externo é quase uma exigência. A boa notícia é que o console suporta até 2 TB de espaço extra.

Já o modelo Deluxe do console traz 32 GB e oferece um pouco mais de autonomia.

Reprovado

Sem energia

Por mais que o GamePad seja o principal atrativo do Wii U, ele também é a maior dor de cabeça de quem o usa, principalmente após várias horas de jogo. Por conta de suas diversas funcionalidades, sua bateria acaba não dando conta do recado, exigindo uma nova recarga em pouquíssimo tempo.

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Durante nossos testes, utilizamos todos os recursos disponíveis e o controle não aguentou mais do que três horas de uso contínuo. É claro que esse tempo pode variar um pouco — a Nintendo promete até cinco horas —, principalmente se o som não for utilizado. No entanto, mesmo assim, trata-se de muito pouco tempo para exigir que você corra até uma tomada, uma vez que a energiasó pode ser recarregada dessa forma.

Outro problema é que você não tem opções de economia para evitar o desperdício ou tentar prolongar o período longe dos cabos de força. Sem uma função de ajuste de brilho da tela ou uma maneira de desligá-la, você é praticamente obrigado a jogar em um lugar em que haja uma tomada por perto caso não queira ser surpreendido negativamente.

Problemas em sua essência

Se você acompanhou o lançamento do Wii U, certamente já deve estar sabendo dos problemas que acompanharam sua chegada ao mercado. Por mais que o hardware tenha agradado a muita gente, os problemas em seu sistema exigiram uma dose de paciência extra.

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Logo de início, o console requer uma atualização de firmware consideravelmente grande para estabilizar as principais funcionalidades do aparelho, do modo online e ainda permitir que você aproveite a retrocompatibilidade oferecida. O problema é que, para isso, você terá que deixar de lado a ansiedade de conferir a novidade e esperar mais algumas horas antes de brincar.

E por melhor que seja a utilização do Wii U após esse update, ele ainda traz algumas pequenas falhas que podem irritar quem está com o GamePad. A principal delas é a demora que algumas transições de menus oferecem. Embora algumas operações aconteçam de maneira rápida, outras parecem levar uma eternidade para iniciar — isso sem falar das diversas travadas com que nos deparamos.

E não espere encontrar o Nintendo TVii logo de início. Apesar de a empresa ter falado muito sobre o recurso, ele ainda não está disponível e você terá de aguardar um pouco mais caso queira conferi-lo. E nem adianta apertar o botão TV no GamePad, pois ele serve apenas para ativar o controle universal para sua televisão.

Um mundo sem fios

Por mais que trazer um console que exija cada vez menos fios conectados a ele seja algo muito positivo, não oferecer a opção de escolha para o jogador é algo não tão legal assim. No caso do Wii U, o fato de só podermos nos conectar a redes Wi-Fi traz uma série de dores de cabeça.

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A primeira é a acessibilidade. Por mais que a internet sem fio seja algo cada vez mais comum, não podemos nos esquecer de quem não usa esse tipo de conexão. Sem a existência de uma entrada para a utilização de cabos, você fica restrito a um único formato e corre o risco de excluir alguns jogadores.

No entanto, isso não se compara ao problema da escolha. Há muita gente que tem acesso ao Wi-Fi, mas que prefere usar um fio por conta da qualidade do sinal. Como o Wii U tem sua loja digital e os jogos são consideravelmente grandes, ter uma conexão estável e de alta velocidade é a decisão de muitos — algo que a Nintendo decidiu ignorar. Boa parte da demora para fazer o download da atualização inicial do sistema se origina exatamente nisso.

Vale a pena?

É preciso olhar sob dois pontos de vista para dizer se o Wii U vale ou não a pena. Se considerarmos apenas um hardware e aquilo que ele tem como potencial para o futuro, a resposta não pode ser mais positiva. A Nintendo conseguiu trazer uma máquina potente o suficiente para encarar PlayStation 3 e Xbox 360 logo de início, além de oferecer uma jogabilidade diferenciada que consegue encontrar diversas aplicações nos jogos lançados até então.

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Essa equivalência com as plataformas atuais é um ótimo sinal. Todo início de vida de um console é marcado por essa semelhança ao que já é feito, o que mostra que o sistema ainda tem muito a oferecer para o futuro. Por mais que muita gente se apegue a esse ponto para criticar o fato de o Wii U ser ou não um aparelho da nova geração, o fato é que ele faz bonito tanto na parte gráfica quanto em inovação tecnológica com o GamePad.

Por outro lado, temos a atual situação pós-lançamento. Por mais que a Big N tenha apostado em uma biblioteca inicial de peso, a grande maioria desses títulos são jogos disponíveis em outras plataformas adaptados para trazerem alguma funcionalidade ao novo controle. Para quem já possui outro video game, essa investida não se torna tão interessante, revelando uma escassez de games exclusivos e que realmente aproveitem seu potencial.

Desse modo, podemos dizer que o Wii U realmente vale a pena, mas não agora. Os poucos títulos disponíveis não conseguem compensar o alto valor pelo qual ele está sendo vendido no Brasil — algumas importadoras estão vendendo-o por R$ 2 mil, contra os US$ 350 da edição norte-americana —, criando uma frustração desnecessária. Se você realmente quer conferir a novidade da Nintendo, pode ir sem medo, mas é melhor esperar um pouco mais.

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