Mt. Gox permite trocar Bitcoins por outras moedas "comuns" (Fonte da imagem: Reprodução/Daily Alternative)
Se você gosta de estudar as controversas Bitcoins – ou até mesmo utiliza a moeda virtual em seu cotidiano –, certamente já ouviu falar sobre o Mt. Gox, considerado o maior serviço de câmbio e armazenamento de BTC que existe. Mas, afinal, o que exatamente é essa organização? Quais são suas origens? Quem está no seu comando? E talvez a pergunta mais importante e que mais causa discórdia: ela é confiável?
O que muitos não sabem é que a Mt. Gox era, inicialmente, um serviço para compra e venda de cartas colecionáveis – tanto que seu nome origina do termo “Magic: The Gathering Online eXchange”. A ideia (surgida em 2009) não deu muito certo, e em julho de 2010 seus fundadores decidiram aleatoriamente utilizar a mesma infraestrutura para trabalhar com Bitcoins (que, na época, ainda não eram um assunto tão popular). Em março de 2011, a empresa seria vendida para a corporação japonesa Tibanne, especializada em hospedagem de dados e soluções de TI.
Dois meses depois, a Mt. Gox já se elegia como a maior casa de câmbio de BTCs de todo o mundo, sendo responsável por gerenciar 80% das transações virtuais efetuadas ao redor do globo. Com o nascimento de outros serviços semelhantes, esse número tem diminuído levemente – hoje, a atividade da companhia é de aproximadamente 57%.
Serviço era originalmente voltado ao comércio de cartas colecionáveis (Fonte da imagem: Reprodução/Mt. Gox)
A utilidade da Mt. Gox
A Mt. Gox é de extrema importância para o mercado internacional de Bitcoins. É possível fazer diversas operações no serviço: comprar e vender BTCs, conferir a taxa de câmbio em tempo real (através do site oficial ou de aplicativos para dispositivos móveis), incorporar a API em sua loja virtual para aceitar pagamentos na moeda, enviar e receber quantias ou simplesmente armazenar seus valores em um local seguro (recurso útil para quem usa mais do que uma carteira).
Obviamente, os problemas enfrentados pela companhia fazem com que a confiança de seus clientes decaia periodicamente. A corporação é vítima de infinitas investidas de hackers e ataques distribuídos de negação de serviço (Distribuited Denial of Service, mais conhecido pela sigla DDoS). O mais recente (ocorrido no mês de abril) resultou em uma vertiginosa queda na valorização da moeda, cujo preço despencou de mais de US$ 200 para US$ 40 em poucos minutos.
Serviço já foi vítima de diversos ataques e fraudes (Fonte da imagem: Reprodução/NewsObserver)
Ajudando na evolução da moeda
Atualmente, todos os servidores da Mt. Gox estão localizados no Japão – mais especificamente em Tóquio, onde está instalada a sede da Tibanne. Contudo, foi anunciado recentemente que a empresa deve adquirir a startup norte-americana Coinlab, localizada em Seattle, que passará a cuidar de todas as transações efetuadas entre cidadãos dos Estados Unidos.
Além disso, a empresa causou certa comoção ao revelar que pretende implantar um sistema de autenticação em seus sistemas, obrigando os utilizadores a “se identificarem” caso queiram fazer qualquer tipo de movimentação financeira. Por destruir uma das características fundamentais da moeda virtual – o anonimato –, a medida não foi bem aceita pelo público em geral. Contudo, de acordo com Mark Karpeles, atual presidente da Mt. Gox, a autenticação é necessária para tornar o sistema monetário mais maduro.
“O mercado de Bitcoin continua a evoluir, assim como as regulações e condições da Mt. Gox para continuar a trazer serviços seguros para os clientes”, afirma Karpeles. “É a nossa responsabilidade promover um câmbio confiável, e isso inclui garantir que estamos operando sob regras contra a lavagem de dinheiro e prevenir outras atividades maliciosas.”
Mark Karpeles, CEO da Mt. Gox (Fonte da imagem: Reprodução/Gawker)
Vale lembrar que, até então, não era necessário ter uma conta verificada para realizar transações de, no máximo, US$ 1 mil. Contudo, proteger o anonimato tem custado caro para a Mt. Gox e outras empresas semelhantes, que enfrentam problemas legais com o governo norte-americano e são acusadas de facilitar atividades criminais.
A Liberty Reserve, outra casa de câmbio, foi indiciada no mês passado pela lavagem de US$ 6 bilhões; seu fundador, Arthur Budovsky, foi preso e atualmente aguarda para responder o processo. O site da agência também foi desativado por tempo indeterminado.
“Se você tentar reforçar o Bitcoin como uma moeda anônima, só trará mais problemas”, comenta Mark Kerpeles. “As entidades do governo não estão prontas, e nós estamos trabalhando com bancos que querem que tudo seja feito corretamente.”
Empresa pretende "amadurecer" o conceito da moeda digital (Fonte da imagem: Reprodução/Information Security BiWeekly)
E no futuro?
Apesar dos obstáculos técnicos e legais, é impossível discordar que a Mt. Gox ainda se garante como o serviço de câmbio mais confiável e eficiente para movimentar seus Bitcoins. Contudo, a companhia deve ser drasticamente reestruturada com o intuito de transformar o conceito original das moedas virtuais em algo ainda mais sólido e acessível.
A autenticação obrigatória é apenas o começo: a empresa também pretende unificar outros tipos de “dinheiro alternativo” como o LiteCoin (Ł ou LTC), uma criptomoeda baseada no código-fonte das Bitcoins.
Além disso, com o surgimento de invenções como o Lamassu Bitcoin ATM – o primeiro caixa eletrônico de Bitcoins –, não será nenhuma surpresa caso tenhamos instituições bancárias físicas especializadas na moeda em um futuro não tão distante. E é bem provável que a Mt. Gox seja pioneira também nessa nova modalidade de câmbio.
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