Visitamos o laboratório de testes dos coletes de Kevlar da DuPont

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Imagem: TecMundo/Leonardo Rocha
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Praticamente todo mundo já ouviu falar ao menos uma vez do Kevlar, material famoso por sua resistência que é usado para constituir coletes balísticos, luvas de trabalho duradouras e até mesmo parte da carcaça do smartphone Moto Maxx, entre outras coisas. Mas por mais renomado que o produto seja, é preciso um controle de qualidade rigoroso para garantir que ele vai cumprir sua função como esperado na hora de necessidade.

Para que pudéssemos conhecer um pouco mais a respeito da tecnologia por trás do Kevlar e conferir de perto os cuidados que são tomados para criar itens realmente capazes de salvar vidas, a DuPont convidou o TecMundo para uma visita ao seu laboratório de testes. Instalado há 20 anos na cidade de Paulínia, no interior de São Paulo, o centro de testes da empresa possui todos os equipamentos necessários para certificar os produtos.

Os fios do material possuem uma cor naturalmente amarelada

Fios versáteis

Antes de seguir para o espaço onde a tortura avaliação dos coletes acontece, os representantes da DuPont aproveitaram para explicar como a tecnologia do Kevlar funciona. Diferentemente do que muitos podem pensar, o material não é constituído por placas rígidas e pesadas, mas na verdade se trata de um fio de aramida de alta resistência, que é trançado para se transformar em um fino tecido.

Cortado no formato apropriado, esse tecido é sobreposto em várias camadas, que são estão colocadas dentro da capa que forma o colete em si. Dependendo do tipo de trançado, da aplicação de outros produtos químicos e do uso de uma prensa, o bloco resultante pode ser usado para a fabricação de coletes, capacetes a prova de balas, luvas, escudos ou outros tipos de equipamentos.

Vale ressaltar que cada variação de tecido constituído de Kevlar possui usos distintos, de forma que o trançado utilizado para um colete balístico não necessariamente protege o usuário conta facadas – e vice-versa. Cada trama é feita para deter um tipo de ameaça: o dano de uma bala vem de uma grande pressão feita sobre uma área relativamente ampla, enquanto o causado pela força menor de uma faca é todo concentrado em um ponto estreito de entrada.

Cada trama feita com fios de Kevlar possui uma utilidade diferente

Cuidados (e tiros) sérios

O gramado verdejante e o acabamento singelo do exterior dos prédios dentro do complexo de pesquisas da DuPont não deixa transparecer o clima sério do trabalho que é executado por lá. Já na entrada do laboratório de testes, é necessário colocar um par de óculos de proteção – o que só serve para demonstrar a grande preocupação que a empresa tem com a segurança dos funcionários e visitantes.

A cautela se estende também para a câmara principal de testes, que embora esteja preparada para permitir disparos de balas reais de vários calibres, não conta com armas de fogo – todos os tiros são dados por um canhão balístico fixo controlado de outra sala. Com um formato de cruz, o espaço onde os coletes são testados é ideal para permitir a avaliação de tiros em várias distâncias e ângulos e permite até mesmo a entrada de carros para testar sua blindagem.

Além do canhão balístico, a sala também conta com equipamentos que permitem mensurar a velocidade das balas disparadas e tem ainda um suporte ajustável onde os coletes são presos. Antes disso, no entanto, esse suporte é preenchido por uma massa cuja consistência permite mensurar a força do impacto sentido pelo usuário da proteção, o que é essencial para certificar o nível de segurança oferecido pelas diferentes variações de Kevlar.

Dos carros às facadas

A situação é um pouco diferente quando é hora de testar a tecnologia Armura, que usa o Kevlar para blindar carros de uma forma que proporcione mais segurança para os motoristas sem comprometer o desempenho ou a garantia dos veículos. Na hora de atirar conta um automóvel, o apoio para coletes é tirado do caminho e o “alvo” entra na câmara por meio de uma porta em uma das pontas laterais da “cruz”, podendo ser posicionado da forma desejada.

Além dos testes de resistência contra tiros, o Kevlar também é testado com relação a outras utilizações. O laboratório da DuPont possui uma máquina para desgastar os coletes com o uso de fricção e umidade, simulando os danos sofridos com o uso e a passagem do tempo. Outro aparelho permite simular a penetração de uma faca e ou outro objeto perfurocortante, servindo para certificar a resistência das tramas feitas para aguentar esses e outros tipos de ameaças.

Para demonstrar a necessidade de utilizar uma proteção apropriada a cada situação, os representantes demonstraram a máquina tanto em um colete de Kevlar feito para bloquear balas quanto em outro com uma trama diferente com o produto, criada para proteger contra múltiplas ameaças – incluindo tiros, facas e outros objetos perfurantes. Enquanto o primeiro não resistiu à lâmina e foi trespassado, o segundo a parou antes de ser atravessado.

Muitas formas de salvar vidas

Além dos coletes, o Kevlar também é utilizado em outros tipos de equipamentos de proteção, como luvas de trabalhadores braçais. Exibindo a resistência do material contra cortes em comparação com acessórios similares feitos de algodão e couro, os representantes encheram as luvas de pequenas bolinhas coloridas e as colocaram dentro de um compartimento giratório cheio de lâminas fixas extremamente afiadas. O resultado você confere no vídeo a seguir:

Por fim, os especialistas da DuPont também demonstraram a inflamabilidade do Kevlar em comparação ao polietileno, submetendo ambos os materiais a contato direto com uma fonte de chama. Enquanto a criação da empresa não sofreu deformações e parou de pegar fogo em apenas quatro segundos depois de perder o contato com a fonte de calor, a outra substância sofreu derretimento e só se apagou após 10 segundos.

Esses e outros testes realizados pela DuPont são essenciais para a produção de produtos com certificação que garante exatamente para que tipo de situação cada um é mais apropriado. Segundo dados levantados pela fabricante em parceria com a Associação Internacional de Chefes de Polícia, mais de 3.300 oficiais da lei – incluindo três brasileiros – já foram salvos devido ao uso de colete balístico durante as mais variadas situações.

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