Com dólar alto, ausência da Nintendo e escassez, Mario Maker sai até R$ 350

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Uma situação delicadíssima aflige nosso país enquanto esta notícia é escrita. O dólar acaba de bater R$ 3,92, a crise econômica se agrava e os preços de tudo, absolutamente tudo, disparam. Nesse contexto, a tecnologia acaba sendo uma das maiores “vítimas” do cenário de consumo, e os games, naturalmente, se enquadram na categoria, com aquele impostinho “especial” que recai sobre eles desde o tempo da onça.

O valor do dólar, convém ressaltar, reflete o período desta sexta-feira, 18/09, e o mercado cambial está sujeito a oscilação. É assustador: o valor de R$ 3,92 representa o dólar comercial. O dólar turismo está na casa dos R$ 4,10. Os nossos queridos jogos, dos quais jamais abrimos mão “no matter what”, estão com os preços onerados. Super Mario Maker, o mais recente lançamento do Wii U, é encontrado na faixa de astronômicos R$ 300 a R$ 350 em lojas que importam o produto, uma vez que a Nintendo desligou completamente suas operações no Brasil.

A dependência do dólar é total em função da ausência de canais de distribuição com parceiros oficiais. Alguns fatores explicam esse encarecido valor: a falta de uma concorrência mais agressiva, já que canais ditos oficiais, como Submarino, Saraiva, Walmart e afins não comercializam mais nenhum lançamento da Nintendo; a escassez do produto no mercado, uma vez que o processo de importação sofre as mazelas do dólar alto e depende diretamente da moeda norte-americana; o frete do objeto até aqui; o lucro do lojista, que é o último a ser culpado de alguma coisa nessa história, já que atravessa todos esses percalços para conseguir trazer o suado produto até aqui.

Jogos de 3DS e outros lançamentos do Wii U encarecidos

Não é porque Super Mario Maker está no centro dos holofotes que ele custa R$ 300 a R$ 350. É claro que existe o fator novidade e que o fato de ser um lançamento tem algum peso nisso, mas o título não é o único a sofrer desse mal por aqui.

Splatoon, por exemplo, está agora na casa dos R$ 250 a R$ 280 porque os lojistas trabalham com remessas anteriores, em que o dólar ainda não estava tão alto. Quando um novo lote do game chegar, o preço será parecido com o de Super Mario Maker. O mesmo ocorre com jogos badalados do 3DS. Xenoblade Chronicles 3D, por exemplo, custa, em média, R$ 195, e lá fora sai por US$ 40. Se uma remessa chegar agorinha aos estoques dos lojistas que importam, certamente o valor ultrapassa os R$ 200.

No Mercado Livre, por exemplo, o jogo de construção do mascote começa em R$ 300 e chega a bater R$ 350 – isso sem contar o frete. Dependendo do lugar em que o jogador brasileiro morar, é preciso desembolsar R$ 400 para que o game esteja na prateleira dele. A versão digital segue normalmente no eShop, e quem quiser economizar terá de se contentar com ela. Com o dólar a R$ 4, a conversão de US$ 60 para a nossa moeda, mais eventuais encargos, fica em torno de R$ 210.

Dê uma olhadinha no Splatoon agora, outro exclusivo do Wii U. O mais barato pede R$ 280. Dá para achar por mais de R$ 300 fácil, fácil.

Para entender um pouco desse processo e tentar enxergar a ponta do iceberg, conversamos com o proprietário do site que está vendendo o Super Mario Maker mais barato do Brasil, por R$ 295, no www.glaydsongames.com.br. O principal entrave? Aquilo que já foi levantado nesta matéria: dólar nas alturas.

Alta do dólar: o fator determinante

Às vezes, a reclamação mais natural que todos nós temos é sobre o lojista. Muitos pensam que os comerciantes tiram proveito do hype e, com isso, oneram os preços. Existe o fator lucro, sim, e existe a escassez do produto no mercado, que são pequenas partículas somadas a uma equação muito maior e já dissertada neste texto. O dólar astronômico é o fator determinante.

“Sempre vai haver controvérsias do valor. O principal vilão de tudo isso é o dólar. Muita gente que às vezes não conhece os bastidores ou o mercado culpa somente o fato de a Nintendo ter encerrado as operações por aqui. Isso contribui? Contribui, mas no preço não. Os concorrentes grandes saem do mercado. (...) O público da Nintendo é um público muito fiel. Se ele conseguir [um jogo] com você hoje, vai se manter. O fato de ter ou não ter a concorrência das lojas grandes não influencia no valor”, contou o lojista.

Nesse cenário, o chamado “mercado cinza” acaba ganhando destaque, mas isso não necessariamente altera o comportamento do vendedor perante o produto que ele tem em mãos. No entanto, o proprietário disse que, quando um produto tem status raro e é escasso no mercado, o vendedor que estiver com ele pode inflacionar o valor sim – mas Glaydson ressaltou que essa é uma prática que ocorre no mundo todo.

“O cara sabe que em grandes lojas não vai ter e, diante das dificuldades de conseguir o jogo e por não ter muitos concorrentes, ele pode inflacionar o preço mesmo. Isso é fato. Mas o principal vilão é o dólar. Não só no Super Mario Maker, mas em qualquer jogo importado. É o preço de comprar o jogo lá fora, mais o imposto, mais o frete e geralmente colocamos uma média de 15 a 20 reais [de lucro] por unidade. Tem muito vendedor que pode colocar mais diante da dificuldade de conseguir [o produto] e da escassez no mercado. Não é tirar proveito disso, o vendedor quer fazer valer a dificuldade dele. Vendi o Splatoon esses dias a R$ 260, é um valor próximo ao do Mario Maker [que está R$ 295]”, explicou.

Nintendo, você vai voltar ao Brasil algum dia?

A presença da Big N por aqui colocaria a logística de distribuição num processo similar ao que ocorre, por exemplo, com os jogos da Microsoft, da Sony e de publishers que têm representação por aqui, como a Ubisoft, a Warner, a EA e outras.

Com os parceiros oficiais e as isenções fiscais de importação que são aplicáveis a esse tipo de produto, os jogos da Nintendo poderiam ficar num patamar de R$ 150 a R$ 250, considerando Wii U e 3DS e tendo como base a atual média de preços do mercado. A alta do dólar, nesse contexto, é o maior vilão para uma “importação tradicional” de uma empresa que não tem um resquício de representação por aqui, como é o caso da Nintendo.

Os lojistas do dito mercado cinza, portanto, fazem sua parte nesse turbulento processo, em que o dólar a R$ 4 se apresenta como o maior entrave para um preço mais acessível.

O TecMundo entrou em contato com a Nintendo dos EUA para saber se ela tem algo a dizer sobre o assunto ou se, de repente, numa fagulha de esperança, ela observa e estuda o Brasil para um eventual retorno no futuro. Até o momento em que esta matéria foi publicada, não havia resposta da empresa. Atualizaremos o conteúdo conforme necessário.

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