“Spotify Teardown. Inside the Black Box of Streaming Music” nem mesmo foi lançado e já causa polêmica. O livro deve trazer grandes revelações sobre os primeiros passos da plataforma de streaming, que teria utilizado faixas piratas baixadas via Pirate Bay para inflar o seu catálogo inicial. Rasmus Fleischer, um dos integrantes do grupo responsável pela pesquisa e redação, diz que a empresa ameaçou processar os autores por violação dos termos de uso e de ética em levantamentos.
Fleischer já foi um dos principais membros no Pirate Bay e revelou que várias faixas ilegais em MP3 foram “emprestadas” pelo serviço musical durante sua fase beta, entre maio de 2007 a outubro de 2008. Ele escreve a obra sobre o Spotify ao lado Pelle Snickars, Patrick Vonderau, Anna Johansson, Rasmus Fleischer e Maria Eriksson. Todos são patrocinados pela agência governamental sueca Swedish Research Council.
Experimento
A pirataria, contudo, é apenas um dos temas da pesquisa desse grupo. “O objetivo é invadir as infraestruturas ocultas da distribuição de música digital para estudar suas normas e estruturas subjacentes”, define o líder do projeto, Pelle Snickars.
Em um dos experimentos, Fleischer explica que a ideia era testar se o sistema pode ser violado ou manipulado. “Por exemplo, centenas de usuários-robôs foram criados para estudar se usuários de comportamentos semelhantes recebem recomendações diferentes dependendo se é homem ou mulher.
O pesquisador e um dos autores do livro, Ramus Fleischer
A equipe admite que também investigou possibilidades de manipulação do sistema. Contudo, ela garante que não roubou dados de nenhum usuário real e que todos os métodos utilizados foram aprovados na fase de inscrição do projeto junto ao Swedish Research Council, em 2013.
A notificação e a ameaça
Fleischer disse ainda que o próprio Spotify sabe sobre o projeto do livro há anos e somente agora, depois da divulgação de que serviço teria ampliado ilegalmente o seu catálogo, é que enviou uma notificação ao grupo.
“Nosso gerente de projeto recebeu uma carta do advogado do Spotify. O timing disso estar acontecendo agora não pode ser coincidência. O serviço exigiu que confirmemos por escrito o ‘fim das atividades contrárias aos Termos de Uso’.”
A plataforma de streaming também diz que os métodos utilizados para explorar os limites do serviço podem ser considerados duvidosos e pouco éticos. Fleischer afirma que esse é um “argumento ridículo” e que o texto é apenas uma tentativa de impedir o lançamento da obra.
Livro vai sair
O blog Copyriot afirma que nesta semana mesmo o caso foi encerrado. Isso porque o Spotify parece ter desistido de bater de frente com o Swedish Research Council, que manteve seu posicionamento e assegurou a publicação do livro — agora com um cronograma mais flexível, já que toda essa treta demandou “tempo e energia” e o levantamento sofreu atraso.
Fleisch aproveitou para criticar a postura da companhia ao longo desse episódio. “É claro que o Spotify não gosta de ser lembrado pelas pessoas que o serviço começou baseado na pirataria. Mas ao invés de um convite para diálogo aberto, os advogados enviados com o objetivo de atrasar nossos pesquisadores.”
Fontes