No finalzinho do ano passado, em 28 de dezembro, astrônomos do ATLAS – sigla de Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System –, um observatório situado no Havaí focado na detecção de asteroides, identificaram algo diferente. Os cientistas descobriram um cometa que foi batizado com a sigla C/2019 Y4, mas que, na ocasião não despertou muito interesse. Afinal, além de não estar em rota de colisão conosco (ufa!), o objeto era extremamente “apagadinho” e, portanto, passaria praticamente despercebido aqui pelos nossos lados. Só que isso mudou...
Show surpresa?
Quando foi detectado, o cometa se encontrava a quase 440 milhões de quilômetros de distância do Sol, nas imediações da constelação de Ursa Maior, e os astrônomos calcularam que ele era quase 400 mil vezes menos brilhante do que as estrelas que se encontram no limiar de visibilidade a olho nu aqui da Terra. Bem apagadinho mesmo – e sem graça!
Órbita do C/2019 Y4Fonte: Sky and Telescope / Reprodução
Entretanto, o fato de o cometa – que vem sendo chamado de ATLAS – não ser especialmente “espetaculoso” não fez com que os astrônomos desistissem de ficar de olho nele. É normal que, conforme esses astros se aproximem do Sol, eles se tornem mais brilhantes, e era esperado que isso ocorresse com esse em questão quando ele alcançasse a sua aproximação máxima de 37,8 milhões de quilômetros da estrela, o que deve ocorrer no final de maio.
Só que o interessante é que o ATLAS, de 2 semanas para cá, resolveu começar a brilhar e, de momento, já está 600 vezes mais luminoso do que o que havia sido previsto. Com isso, de “sem graça”, o cometa começou a gerar bastante expectativa entre os astrônomos e todo mundo está ansioso para conferir se o astro dará um espetáculo ou se tem mais alguma surpresa reservada para as próximas semanas.
Isso porque, além da possibilidade de que o C/2019 Y4 proporcione um verdadeiro espetáculo celeste, pode acontecer de o cometa simplesmente voltar a reduzir o brilho e apenas fazer a sua passagem sem maiores alardes. Por outro lado, caso mantivesse o ritmo de aumento de luminosidade, até o final de maio, o astro se tornaria tão brilhante quanto Vênus no céu.
Visitante
Curiosamente, o C/2019 Y4 segue uma órbita quase idêntica à de outro astro que causou assombro no passado – o “Grande Cometa de 1844”. Igual à outra rocha espacial, o ATLAS apresenta uma trajetória que o leva até os confins do Sistema Solar, a mais de 90 bilhões de quilômetros de distância do Sol, e em uma viagem em que ele demora cerca de 6 mil anos para completar ao redor da estrela. Aliás, os astrônomos desconfiam que tanto o C/2019 Y4 como o astro de 1844 possivelmente sejam parte de um cometa maior que se fragmentou.
Viagem longaFonte: Earth Sky / NASA / JP / Reprodução
Vale mencionar que os astrônomos estão ansiosíssimos para assistir a um espetáculo celeste proporcionado por um cometa, uma vez que o último a nos brindar com um evento visível a olho nu da Terra foi o Hale-Bopp, em 1997. Mas, respondendo à que possivelmente é uma de suas maiores dúvidas agora... Vai dar para observar o C/2019 Y4 do Brasil?
Para o pessoal do Hemisfério Norte, o período mais propício para acompanhar a passagem será do final de março até abril, com probabilidade de assistir a um show mais bonito do que a turma do Hemisfério Sul – que poderá observar a passagem em maio, especialmente durante a semana iniciando no dia 28 e, depois, a partir de 15 de junho. Anote na agenda e prepare o seu telescópio ou binóculos!
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