Reportagem mostra ucranianos matando soldado russo com drone controlado por joystick

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Controlando drones como se estivessem jogando videogame, pilotos ucranianos usam as aeronaves não tripuladas para matar soldados do Exército da Rússia, contando com a tecnologia para se sobressair contra um rival maior e mais poderoso, como revelou a Folha de S.Paulo na quinta-feira (27). O jornal acompanhou alguns desses operadores em ação.

Escondido em um refúgio subterrâneo na região de Toretsk, no leste da Ucrânia, um dos pilotos usa óculos de realidade virtual para uma visão mais imersiva e um joystick para controlar o drone FPV no campo de batalha. Durante a missão, ele mirava um soldado russo viajando de moto em uma estrada de terra nas proximidades.

  1. Leia também: Mais de 300 drones: tudo sobre o maior ataque aéreo da Ucrânia contra a Rússia
@folha O piloto de drone ucraniano localiza um alvo: um soldado do Exército russo em uma moto, andando por uma estrada de terra próxima a Toretsk, uma das principais frentes de batalha no leste da Ucrânia. O soldado-piloto persegue o motociclista com um FPV, um drone kamikaze que pode levar até 3 quilos de explosivos. O ucraniano se orienta por três telas e usa um joystick para movimentar o FPV (sigla em inglês para first person view, visão em primeira pessoa). ??Leia mais na #Folha: folha.com/mundo ?? Patrícia Campos Mello #jornalismo #tiktoknotícias #folhadespaulo #folhadesp #folhadesaopaulo #fyp #fy #notícias #drone #ucrânia ? som original - Folha de S.Paulo

As telas no esconderijo, que também tem um poster do jogo Fallout na parede, mostram as imagens do drone kamikaze se aproximando do alvo até atingi-lo, quando o sinal é perdido. Outra aeronave acompanhando a missão registrou o ataque que levou à explosão da primeira, fazendo o soldado cair da moto, porém sem matar o inimigo.

Na sequência, outros dois pilotos da mesma unidade decolam novos drones que se aproximam do militar russo caído. Ensanguentado, o homem olha fixamente para a câmera do dispositivo adversário se aproximando cada vez mais, até que a imagem some — a aeronave secundária gravou a explosão, confirmando a morte.

Arma mais letal da guerra

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Os drones estão entre as armas mais usadas por Ucrânia e Rússia. (Imagem: Getty Images)

Com a tecnologia marcando presença constante no conflito entre Ucrânia e Rússia, os drones se transformaram no principal armamento da guerra. Como apontam comandantes ouvidos pela reportagem, eles matam mais do que todas as armas juntas, respondendo por pelo menos 70% das mortes no campo de batalha.

O piloto que iniciou a missão relatada, por exemplo, matou 25 pessoas usando aeronaves não tripuladas controladas com joystick, até agora, contando a partir de julho do ano passado. Ele comentou que também precisa ter cuidado para não se tornar alvo dos dispositivos inimigos, pois a Rússia utiliza a mesma estratégia contra os ucranianos.

Considerados os “snipers” da guerra moderna, devido à alta precisão e letalidade, os drones também têm dificultado o trabalho dos paramédicos, com muitos deixando de tratar os feridos, pois estão entre os alvos preferenciais dos russos. A solução tem sido usar blindados para resgatar os soldados e levá-los aos centros médicos.

Além de atuarem como linha de ataque e defesa da infantaria, as aeronaves são aproveitadas, ainda, para fazer entregas de remédios, alimentos e munições no campo de batalha e nos esconderijos. Vigiar instalações estratégicas e identificar o posicionamento das tropas inimigas são algumas das outras atribuições do dispositivo.

O que são drones FPV?

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Os drones de visão em primeira pessoa oferecem várias vantagens. (Imagem: Getty Images)

Entre os modelos utilizados tanto pela Ucrânia quanto pela Rússia, destacam-se os do tipo “First Person View” (FPV) ou Visão em Primeira Pessoa. Eles são pilotados através da perspectiva da própria aeronave, que gera imagens a partir de uma câmera a bordo.

Muito parecidos com os drones convencionais, essas versões oferecem voos mais precisos ao colocar o piloto dentro do aparelho por meio das imagens transmitidas em tempo real. No entanto, é necessário ter uma grande habilidade para realizar as manobras corretamente e evitar acidentes.

Voltando aos modelos usados na guerra, a Ucrânia comprou 1,5 milhão de drones no ano passado, 95% deles fabricados no próprio país. Alguns deles passam por modificações para receber diferentes tipos de armas e explosivos e há, também, versões maiores e mais poderosas.

No caso dos drones russos, os modelos mais simples custam em torno de US$ 400 (R$ 2,3 mil pela cotação do dia) cada, enquanto as opções mais avançadas, com capacidade para transportar ogivas de até 50 kg e se deslocar por 1.000 km, são lançadas em ataques a cidades maiores. Esses últimos podem custar até US$ 50 mil (R$ 288 mil).

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