O mês de setembro de 2012 foi embora, mas trouxe consigo duas novidades já aguardadas pelos fãs de futebol: os lançamentos das novas edições de FIFA e Pro Evolution Soccer. As duas maiores franquias esportivas da atualidade colocam suas novidades em campo para uma nova disputa.
O maior clássico do esporte bretão eletrônico da atualidade foi iniciado. De um lado, PES tenta retomar o caminho de arcade e deixar de lado a ideia equivocada de se transformar em um simulador; do outro, FIFA continua a pleno vapor como a grande referência quando a ideia é simular no video game uma partida de futebol.
Depois de fazer a análise de FIFA 13 e de Pro Evolution Soccer 2013, nada mais justo do que colocar as novas edições frente a frente. A ideia aqui não é “premiar” a mais bem-sucedida, nem mesmo dizer qual delas deve conquistar o coração dos fãs, mas sim jogar luz sobre alguns itens que podem mostrar o quanto ambas evoluíram (ou não) ao longo do último ano.
Muito além do futebol
Com o passar do tempo, os jogos vão ganhando cada vez mais detalhes visuais que extrapolam o jogo de futebol em si. Itens como movimentação dos atletas, fidelidade com o mundo real e até mesmo as animações de beira de campo estão cada vez mais presentes em ambas as séries.
Pro Evolution Soccer 2013. Fonte da imagem: Divulgação/Site ofiical
Os dois games trouxeram ainda mais novidades quando o assunto é itens circundando o campo de jogo, como jogadores se aquecendo em FIFA 13 ou seguranças andando em frente às arquibancadas em PES 2013. Cinegrafistas e fotógrafos “vivos” também dão um toque especial aos dois títulos.
Dá para se dizer que, no quesito animação — aquilo que não interfere diretamente no campo de jogo, mas que torna a ambientação mais próxima da realidade —, os dois games cresceram igual e não devem em nada um para o outro.
Inclusive na parte problemática ambos os games estão parelhos: a animação de torcidas. Aqui, vale um desconto, pois lotar um estádio com 30 mil scripts diferentes atuando para gerar animações individuais é praticamente impossível e, convenhamos, um tanto quanto desnecessário.
FIFA 13. Fonte da imagem: Divulgação/Site oficial
Bola no pé
Em FIFA 13, a grande novidade quando o assunto é bola no pé é o “First touch”, que torna o domínio da redonda mais imprevisível, dando mais realidade às partidas inclusive com alguns erros deste fundamento. Agora, aquela bola fácil que você recebe rumo às redes nem sempre vai resultar em gol tão facilmente.
O grande benefício do “primeiro toque” é, justamente, dar um bom nível de imprevisibilidade ao game. Isso, dentro de um jogo eletrônico, é sinônimo de nível de desafio aprimorado e mais chances de falha, o que só traz mais realismo e diversão.
Já o PES 2013 inaugurou o recurso “Player ID”, uma espécie de identidade digital de um jogador. Ele está disponível apenas para grandes atletas e faz com que as principais estrelas do futebol mundial ganhem características detalhadas dentro do jogo.
A movimentação em campo de Cristiano Ronaldo, as arrancadas sem deixar a bola escapar de Messi, os sem-pulos de Ibrahimovic ou ainda as fintas de Neymar, tudo isso é reproduzido de forma fiel. Além de outros atletas de linha, grandes goleiros também ganharam ações semelhantes às realizadas na vida real, fazendo PES ganhar alguns pontos no quesito “fidelidade”.
Controle completo
O sistema de dribles de ambas as franquias foi aprimorado. FIFA 13 trouxe o “Complete Dribbling”, que proporciona dribles precisos e uma mobilidade 360°, uma solução ainda mais interessante para duelos um contra um dentro do jogo. No mais, está aqui o já conhecido sistema de dribles e truques com a bola, bem como os chutes precisos tirando-a do alcance do goleiro.
Nesse sentido, PES 2013 foi um pouco além com o “Full Control”, sistema acionado por um botão que permite a você fazer movimentos livres em qualquer direção. Ele garante controle completo sobre a direção para onde você vai mandar uma bola, na hora do passe ou na hora do chute.
Usá-lo para chutes a gol é mais trabalhoso do que simplesmente direcionar o disparo com o controle analógico e você provavelmente vai precisar de algum treino para dominar essa nova possibilidade. Contudo, ao conseguir isso, as opções de chute a gol serão ainda mais amplas, permitindo arremates capazes de surpreender a defesa adversária.
O sistema de dribles em PES 2013 também ganhou novas opções e tornou-se mais plural, digamos assim. Ele serve tanto para iniciantes, que querem a opção de driblar apenas usando o analógico, quanto para veteranos, que desejam truques elaborados com a combinação de botões.
Inteligência artificial
Este é um quesito complicado de se avaliar, pois ambos os games permitem controle do nível de participação e de resposta dos jogadores que você não controla, principalmente o FIFA. De qualquer forma, a sensação é de melhora em ambos os games, e, se comparar com a versão anterior, isso fica mais evidente em PES 2013.
O novo Pro Evolution Soccer traz inovações também para os goleiros, com mais possibilidades de defesas que prometem dificultar um pouco o ato de marcar um tento. É claro que, por se tratarem de jogos eletrônicos, falhas e ações bizarras são mais do que esperadas — não é a toa que a inteligência é chamada de artificial.
De modo geral, porém, em ambos os jogos, os atletas que você não controla sabem se posicionar bem para aproveitar as brechas deixadas pela equipe adversária. FIFA 13 deu mais foco ao ataque por meio do sistema “Attacking Intelligence”, com os atacantes se movimentando entre os zagueiros para buscar os espaços vazios.
Já PES 2013 incrementou bastante o sistema de defesa com o “Pro Active IA”. Ele proporciona melhor aproveitamento dos sistemas de marcação (por zona e homem a homem), com um posicionamento cuidadoso dos defensores na hora de evitar o sucesso do ataque. Além disso, os laterais também estão mais espertos na hora de se mover em campo para puxar contra-ataques.
Modos de jogo
Apesar de apresentar um grande avanço em relação à técnica com que se joga, Pro Evolution Soccer 2013 parece ter estacionado no tempo quando o assunto é modos de jogo. A última grande novidade foi a licença da Copa Libertadores da América no PES 2011, que se juntou à Copa dos Campeões da UEFA e deu ao game da Konami dois dos três mais importantes torneios de clubes do planeta.
Nesse ponto, FIFA 13 sai na frente e traz uma novidade significativa: o “Game of the Week”. Nela, você pode repetir dentro do jogo um embate que aconteceu na vida real na última semana, isso em várias ligas diferentes. Além disso, as novidades do modo carreira, tanto na vida de jogador como na de treinador, garantem alguns pontos para o game da EA Sports.
Conectividade
Outro ponto que não pode ficar de fora de uma comparação é como está o game para o mundo online. O Pro Evolution Soccer inovou pouco nesse aspecto, apenas mantendo as competições disputadas por gamers conectados à web e também a Liga Master online, seu grande trunfo nesse sentido.
FIFA apresentou poucas grandes novidades, mas deu um bom salto de qualidade nos seus modos online. O game trouxe novos recursos para o “FIFA Ultimate Team”, o próprio “Game of the Week” e o sistema “Match Day”, que garante sempre as últimas escalações dos times, inclusive com reflexo dentro do game dos altos e baixos vividos por equipes e atletas no mundo real.
FIFA Ultimate Team. Fonte da imagem: Reprodução/Site oficial
O game da Electronic Arts também encanta com o EA Sports Football Club, que permite a você jogar desafios, competir contra outros jogadores e compartilhar seus resultados com todos. Seu desempenho aqui resulta em prêmios, como novos uniformes de determinadas equipes que têm contrato de exclusividade com a EA.
Enfim, a impressão geral é de que as novidades para o PES 2013 quando ligado à internet não são tão grandes quanto as de FIFA 13 conectado.
A física permite
Uma das grandes críticas recebidas por Pro Evolution Soccer em suas últimas edições foi a física de jogo distante da realidade. Enquanto FIFA mostrava movimentações cada vez mais reais, o jogo da Konami parecia estar meio perdido. Em PES 2013, a desenvolvedora japonesa parece ter reencontrado o caminho.
A solução foi exatamente dar um foco maior naquilo que ela sempre soube fazer bem: um jogo arcade. Se não há como competir com a simulação de FIFA, então o melhor é optar por garantir a diversão de quem joga, com movimentações ágeis e dribles mais simples.
PES 2013 x FIFA 13. Fonte da imagem: Montagem sobre divulgação
A mecânica e o sistema de colisão de ambos os jogos trazem elementos que os aproximam, mas têm mais recursos que os distanciam. Enquanto PES opta por um sistema mais firme e corrido, sem muitos jogadores se enroscando ou trombando em um bate e rebate dentro da grande área, FIFA apresenta colisões mais convincentes, apesar de quase surreais em alguns momentos.
Se você joga o game da EA Sports, já deve ter sofrido com faltas e até penalidades máximas marcadas após trombar com um atleta adversário que acabou de chutar a gol. Se a rigorosidade é boa ou ruim, aí já entra na subjetividade do gosto de cada um, mas é fato que as partidas de PES tendem a ser mais corridas nesse sentido.
E o Brasil?
Depois de alguns anos, FIFA voltou a ter narração em português em FIFA 13, mas talvez a escolha não tenha sido das melhores. Se Tiago Leifert não tem culpa das falas às vezes incoerentes com o que realmente ocorre na partida, o toque de humor dado pelo apresentador soa artificial demais.
Nesse sentido, Pro Evolution Soccer parece estar anos luz à frente, pois mais uma vez traz o icônico narrador Sílvio Luiz como mestre de cerimônia da partida. Luiz, que é narrador há vários anos, consegue conduzir a partida de forma muito mais convincente e apresenta uma veia cômica muito natural e adaptada ao jogo.
Desde sempre a EA Sports colocou os principais clubes do Brasil em seu jogo, e com FIFA 13 não foi diferente. A novidade então fica por conta de PES 2013, que traz os clubes da Série A do Brasileirão como um de seus grandes trunfos.
Além de 20 clubes do Brasil, todos devidamente licenciados, com nomes e uniformes oficiais, o Pro Evolution Soccer traz duas das mais clássicas praças esportivas do futebol brazuca: o Estádio do Morumbi e a Vila Belmiro.
Em suma, se FIFA sempre deu importância para o Brasil, PES 2013 consegue colocar o “país do futebol” como um de seus principais protagonistas — inclusive com Neymar estampando a capa do jogo ao lado de Cristiano Ronaldo.
Jogando com os olhos
Se tem algo que não pode deixar de ser notado em um game é a sua parte gráfica. FIFA 13 e Pro Evolution Soccer 2013 trazem poucas novidades nesse sentido se comparado com seus antecessores, mas apresentam diferenças significativas entre si. Uma boa forma de notar o trabalho feito pelos seus desenvolvedores é olhando o rosto de cada jogador.
Além da forma física e de cabelos, os detalhes usados para construir a face do atleta são seus grandes diferenciais, principalmente nos jogadores mais famosos, que recebem cuidado especial em ambos os títulos.
FIFA 13 traz detalhes mais suaves e um sistema de iluminação padronizado, fazendo pouco uso de luzes incidindo sobre o rosto. Já o PES 2013 vem com traços mais pesados e com sombras que dão mais vida à face, tirando um pouco o ar de retrato de cada personagem. Mesmo assim, a reprodução feita no FIFA parece mais próxima da realidade.
Você é o juiz
Se a análise fosse feita na forma de um gráfico, a edição 2013 de Pro Evolution Soccer mostraria uma progressão muito maior em relação à sua antecessora do que FIFA 13. Isso significa que PES melhorou e que a Konami parece finalmente ter dado um passo adiante no sentido de incomodar a aparente hegemonia de FIFA.
Entretanto, isso não deve acontecer já neste ano — e provavelmente nem mesmo no próximo. FIFA 13, apesar de inovar pouco em relação ao seu predecessor, mostra que a EA aprendeu a fórmula exata de se criar um grande jogo de futebol.
Mas é claro que a opinião final sobre qual jogo é mais inovador e, principalmente, qual oferece mais desafio e diversão estará sempre nas mãos dos jogadores.