Facção tem aterrorizado empresas de internet e paralisado serviços no Ceará; entenda

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Empresas responsáveis por fornecer serviços de internet são alvo de criminosos no Ceará e precisaram até paralisar certas atividades. A facção do Comando Vermelho (CV) é responsável por promover ataques contra a sede das empresas, carros e até mesmo atentar contra os técnicos de instalação e reparos.

Desde o fim de fevereiro, pelo menos oito ataques foram registrados no estado. O início dos atos criminosos teria começado no último dia 22, quando dois veículos da empresa Brisanet foram incendiados no bairro Jacarecanga, mas até então havia a percepção de que era um crime isolado.

A situação se intensificou no dia 27, quando um grupo de criminosos atacou pontos de fornecimento de internet da empresa Giga+, no distrito de Pecém, próximo ao Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP). Mesmo com os ataques, que afetaram o fornecimento de internet para algumas empresas próximas, os serviços foram rapidamente retomados.

Em 6 de março, outro carro da Brisanet foi incendiado, mas na região de Caucaia. A situação escalonou após criminosos terem destruído fiações de uma empresa de internet na cidade de Caridade, no interior do Ceará. Segundo fontes anônimas relacionadas ao setor, cerca de 90% dos clientes chegaram a ficar sem internet fixa ou móvel durante o dia.

Após o desenrolar desses eventos, o governador do Ceará, Elmano de Freitas, anunciou um grupo especial para combater os ataques do CV. O político afirma que as investigações contra os indivíduos serão intensificadas por meio dos agentes de segurança, e foi categórico ao afirmar que “nós vamos prender cada um desses criminosos”.

Um dia após o anúncio do governador, um ponto de atendimento da empresa A4 Telecom no bairro Sítios Novos foi atacado por criminosos. Em 10 de março, em Caucaia, a facção destruiu a fiação de empresas de internet.

No mesmo dia, a sede da empresa Acnet foi alvo de tiros por parte do Comando Vermelho. A companhia estava fechada no momento dos ataques e os tiros atingiram somente a fachada da empresa. Ninguém se feriu.

Criminosos cobram ‘taxa de serviço’

Os ataques contra as empresas de internet têm um motivo claro para a facção criminosa. O Comando Vermelho exige que algumas dessas companhias paguem uma taxa que pode chegar a até 50% do valor dos serviços cobrados aos clientes, já que as empresas atuam em territórios dominados pelos criminosos.

Segundo o delegado titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas, Alisson Gomes, quem não obedece às regras, é punido. “Eles tentam de alguma forma, mediante extorsão, obter parte da mensalidade, da internet de cada um dos provedores. E aí os que não eventualmente não obedecerem, eles depredam o patrimônio, enfim, fazem tudo aquilo que eles tentam, tentam fazer de forma perene”, comenta Gomes.

Ponto de atendimento de empresa de internet depredada
Diversos pontos foram atacados pelos criminosos nos últimos dias (Imagem: Redes sociais/Reprodução)

Ao todo, empresas como a Brisanet, ACNet, Planeta Net, Giga+ Fibra e A4 Telecom foram afetadas pelas ações criminosas. Fontes informaram ao G1 que o prejuízo no Ceará já teria ultrapassado R$ 1 milhão, enquanto as provedoras teriam um gasto de cerca de R$ 500 mil para retomar a infraestrutura, mão de obra e cancelamentos com os clientes.

Além da depredação de patrimônio privado, carros, e as ameaças, os técnicos das empresas, responsáveis pela instalação e manutenção dos serviços, também são abordados. Caso o profissional que esteja realizando o serviço não represente uma empresa associada ao tráfico, o mesmo pode até ser roubado pelos criminosos.

Polícia prende 17 suspeitos

Na quarta-feira (12), a Polícia Civil deu início à “Operação Strike” e chegou a prender 17 suspeitos no estado. Cinco deles, donos de empresas de internet clandestinas, foram presos em flagrante, além disso, as autoridades cumpriram 37 mandados de busca e apreensão.

Dentre os presos, um deles teria um papel bem significativo no esquema de ataques às empresas de internet em São Gonçalo do Amarante e Caucaia. O outro seria um prestador de serviços que auxiliava a facção com os conhecimentos técnicos para os criminosos roubarem cabos, etc.

Policia cumpre mandados no Ceará
Policiais também encontraran cabos para ligação clandestina de internet (Imagem: SSPDS/Reprodução)

Por mais que a situação no Ceará tenha escalonado em níveis mais altos, a prática de ameaças contra pequenas, médias e grandes empresas de internet tem se tornado algo recorrente. No Rio de Janeiro, criminosos barraram o funcionamento de operadoras de internet em bairros como Estácio e Olaria.

Uma das empresas afetadas, a Claro, teve problemas no fornecimento do serviço a partir de fevereiro. A situação faz com que moradores de diversas localidades estejam sem acesso à internet contratada, por essa e outras operadoras, há cerca de um mês.

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