“O primeiro de muitos!”
Em termos puramente técnicos, talvez Worms jamais tenha sido um jogo perfeito. Afinal, a jogabilidade nunca foi o ponto forte da Team 17, e o estilo cartunesco/caricato é o mesmo que se pode encontrar em vários outros títulos. Então por que a franquia faz agora 20 anos, contando com uma verdadeira legião de fãs — que provavelmente não encontram paralelo em nenhuma outra série?
Simples: porque se trata de um jogo igualmente insano, cômico e divertido. Ao longo dessas duas décadas, os jogadores de Worms protagonizaram algumas das mortes mais estúpidas de que se tem conhecimento em um jogo — rindo desbragadamente logo em seguida... Eis a magia da coisa.
Naturalmente, as armas completamente sem pé e nem cabeça, como a inesquecível Granada Santa (Aaaaaleluia!) apenas ajudavam a intensificar o humor nonsense — embora isso jamais tenha prejudicado a competitividade entre os comandantes das minhoquinhas.
Bem, diante desse belo histórico, o que se pode esperar de Worms Battlegrounds? Por um lado, uma espécie de compêndio do que de melhor foi concebido pela Team 17 ao longo dos anos — incluindo os referidos armamentos, a organização em classes e as tiradas de humor que ainda conseguem surpreender. Por outro, trata-se aqui da primeira edição para as novas gerações de consoles... O que talvez acabe frustrando um pouco algumas expectativas.
Embora tenha ganhado gráficos retrabalhados e algum polimento aqui e ali, em termos de funcções e “excelência técnica”, Worms Battleground é apenas um bom jogo típico da Xbox LIVE Arcade — sem nada que o faça disparar um “Uou!”, aparentemente. Vamos aos detalhes.
Mecânica clássica
Após a (infame) tentativa de levar suas minhocas para o ambiente tridimensional, a Team 17 parece ter se dado conta do quão difícil é reelaborar um estilo de jogo tão singular quanto o de Worms. Worms Battleground deixa isso bem claro: trata-se de uma manobra segura, focada nos pontos que se tornaram consagrados ao longo desses 20 anos — sem arriscar muito. E, bem, a escolha não parece ruim.
Dessa forma, você vai novamente controlar tropas de vermes em esquema de turnos. Basicamente, faça o melhor que puder durante o seu tempo (maior ou menor, dependendo das configurações), e espere não levar um grande estrago quando for a vez de o oponente fazer o mesmo.
Trata-se, a bem da verdade, de uma espécie de xadrez com gás hilariante, como sempre foi. A diferença é que, em vez de “encastelar” ou disparar um “xeque-mate”, você vai esperar o seu turno para jogar granadas, disparar rajadas de metralhadora ou mandar uma ovelha explosiva na direção do oponente mais próximo — explodindo tanto o oponente quanto pedaços inteiros do “tabuleiro”. Enfim, é Worms.
Novas armas
Mesmo se você enxergar em Worms Battlegrounds nada muito além de um compêndio, ainda é preciso reconhecer algo: trata-se, certamente, de um bom compêndio. Senão, basta dar uma olhada no arsenal disponível para as minhocas beligerantes.
Battleground traz 65 armas distintas, sendo 10 delas totalmente inéditas: “Mega Mortar”, “Gravedigger”, “Winged Monkey”, “Oxygen”, “Worm Charm”, “Bovine Blitz”, “Whoopsie Cushion”, “Teleport Gun”, “Aquack Pack” e “The Equalizer”.
Enquanto a Teleport Gun, por exemplo, é uma versão hi-tech da corda ninja (dispare em um local e seja transportado para lá), algumas das clássicas, incluindo a própria corda, ganharam novo tratamento, tornando-se mais precisas. E, naturalmente, sandices como a “Holy Granade”, a ovelha explosiva e a almofada flatulenta apenas conferem aquele tempero mais do que necessário à série.
O forte ainda é o multiplayer
Sim, há um modo campanha aqui, e há também uma história para justificar as 25 missões que o compõe. Trata-se de uma boa adição, é verdade. Entretanto, convenhamos, os modos multiplayer clássicos ainda devem ser o ponto alto aqui. Entre outros motivos, simplesmente porque a I.A. (inteligência artificial) da série continua na mesma — um tanto lenta para elaborar jogadas... As quais nem sempre se revelam particularmente expertas.
Dessa forma, o melhor mesmo é buscar alguns bons amigos para um bom multiplayer local ou buscar no servidor do jogo por mais alguém entediado com o modo história.
Uma boa inauguração
Ademais, Worms Battleground ainda lança mão de diversas formas de personalização — que vão desde escolhas visuais até as tiradas que são ditas em momentos-chave pelos seus soldados —, o que inclui mesmo o projeto de fases do jogo. Além disso, o suporte ao Xbox Smartglass certamente foi uma boa sacada.
Entretanto, é impossível deixar de notar que, diante das versões para PC, muitas das adições e características aqui parecem um tanto tímidas. Coisa de uma primeira tentativa? Possível.
De qualquer forma, alvejar adversários em um ambiente nórdico — possivelmente para afogá-lo logo em seuguida — continua sendo incrivelmente divertido. Dessa forma, tanto para quem não conhece a franquia quanto para fás inveterados, é hora de pegar a bazuca e fazer algum estrago.
Categorias
- Ainda insano e divertido
- Novas armas
- Retorno das classes
- Bons modos multiplayer
- Falta alguma inovação
- Bugs eventuais
- Gráficos e funções mais próprios da geração anterior
Nota do Voxel