Imagem de Tom Clancy's Rainbow Six: Siege
Imagem de Tom Clancy's Rainbow Six: Siege

Tom Clancy's Rainbow Six: Siege

Nota do Voxel
78

Mesmo com tiro, porrada e bomba, Rainbow Six Siege ainda não é caveira

O modo multiplayer era, na maioria das vezes, um extra que acompanhava uma campanha ou um modo história bem trabalhado. Entretanto, nos últimos tempos, o online dos jogos começou a se destacar das experiências offline e ganhar um espaço próprio, algo parecido com um gênero à parte.

Rainbow Six Siege é a nova aposta da Ubisoft para o ramo de partidas competitivas, e é o que sobrou do antigo projeto de Rainbow Six Patriots. A série, que é baseada na obra literária do autor estadunidense Tom Clancy, pela primeira vez passou a ser exclusivamente online, sem um modo história. Será que as mudanças foram bem-vindas? Será que ainda compensa? Confira a nossa análise completa.

Fatiou, passou

Existem alguns pilares que definiam a experiência de jogar um título da franquia Rainbow Six: um gameplay tático e complexo, uma temática que envolve caça às organizações terroristas e uma narrativa que combinasse os dois pontos anteriores. Ao longo dos anos, a série perdeu um pouco da parte tática e aderiu a mecânicas de tiro mais modernas.

Rainbow Six Siege deixou de ter alguns elementos dessa equação, mas vamos falar primeiro da jogabilidade e o que ela resgatou das antigas. O game trouxe de volta parte da “magia” estratégica que um FPS pode ter e é uma das melhores – e talvez uma das únicas – opções para este gênero mais realista. Ou seja, um verdadeiro presente para quem gosta de uma boa jogatina hardcore, principalmente se levarmos em consideração que não há nenhum tipo de respawn.

Resumidamente, quando as coisas dão certo, temos um dos jogos mais intensos de se jogar online da nova geração. Aqui, é doze na cara e frio na barriga toda vez que é preciso avançar um cômodo do prédio, seja ele uma fábrica ou um museu. Será que devo explodir essa parede? Espiar nesse cantinho vai me render uma kill ou headshot humilhante? Sem sombra de dúvidas, é uma experiência empolgante, imersiva e extremamente divertida.

Como um bom shooter tático, o avanço é lento e todas as ações tem um peso na partida. É seguro afirmar que poucos jogos do mercado utilizam tão bem o sistema de movimentação: é possível agachar, deitar de costas no chão, deitar com o peito no chão, descer de rapel (até mesmo de ponta cabeça) e muitas outras coisas. Apesar de o sistema de cover de Rainbow Six Vegas ter sido retirado, arrisco dizer que as novas opções são ainda melhores.

É sensacional a quantidade de formas como você pode abordar os inimigos, e pode ter certeza: utilizei cada um desses recursos o máximo de vezes que pude para tirar medo de morrer com dois ou três tiros e tomar um chá de cadeira até o próximo round.

Os cenários de Rainbow Six Siege são extremamente pequenos, claustrofóbicos e cheios de aberturas, como janelas, portas e aberturas no teto, tudo para atrapalhar a operação. Como diria o ilustre Capitão Nascimento: “Vai com calma e sem afobação. Progressão é como uma arte, e, para ser capitão do BOPE, o cara tem que ser um artista”.

Partidas com centenas de variáveis

Rainbow Six Siege só conta com um modo de jogo online, no qual um time de policiais deve cumprir um objetivo em um edifício defendido por terroristas. O sistema é simples: vence quem cumprir a missão ou eliminar a outra equipe em um melhor de cinco. Além disso, a cada round os papéis se invertem.

Uma única modalidade é pouca coisa? Sim, sem sombra de dúvidas. Esse é um dos pontos negativos do game, mas ele consegue contornar essa situação de uma maneira razoável. Durante todas as vezes que eu joguei, ficou evidente que cada partida funciona de uma maneira bem diferente da outra, mesmo quando ela acontecia no mesmo mapa.

Há inúmeras formas de invadir o mesmo local, seja entrando de rapel pela janela, avançando aos poucos pela porta da frente ou simplesmente explodindo o teto e pegando todo mundo de surpresa. A dinâmica de defesa é igualmente incrível, pois, como terrorista, tive que apostar em classes específicas para reverter as vantagens policiais.

Por falar nas categorias de soldados, há 20 delas, e todas são bem distintas umas das outras. Elas se dividem em funções ofensivas e defensivas nos 5 tipos de equipes táticas (SAS, SWAT, Spetsnaz, GSG 9 e GIGN), que podem ser utilizadas por policiais e terroristas, respectivamente. Assim como em um MOBA, cada um pode assumir um papel especial para ajudar na partida. Nesse quesito, não há o que dizer: Rainbow Six Siege oferece uma variedade enorme de formas de jogar e, incrivelmente, o resultado é balanceado.

Cada uma das classes conta com uma ferramenta especial, como um escudo balístico, cargas de demolições, marretas, sensores cardíacos, pistolas médicas, bloqueadores de eletrônicos etc. Essa variedade é a cereja do bolo do game e é o que prolonga a diversão durante muito tempo. Durante a minha experiência, tive a vontade de jogar com todo tipo de conteúdo novo e achei espetacular cada um dos elementos do título.

Experiência audiovisual magnífica

Os gráficos de Rainbow Six Siege são muito bons, principalmente quando levamos em conta o excelente sistema de partículas e a destruição intensa do cenário. No PlayStation 4 (plataforma utilizada para os testes), o game roda a lisos 60 frames por segundo no modo online competitivo, mas os mapas são pequenos. Contudo, há algo estranho: nos modos offline (vamos detalhá-los mais para frente), os ambientes são os mesmos, mas a ação acontece em 30 quadros por algum motivo não esclarecido.

Apesar de o visual do título ser bom, a cobertura de chantilly da experiência é a sonoplastia. Durante as minhas horas de jogo, utilizei um headset 7.1 e um home theater para jogar, e acreditem: tomei sustos com as explosões, com os tiros e as bombas repentinas, principalmente quando estava do lado dos terroristas e não sabia de onde os policiais viriam.

Os ambientes fechados concedem efeitos de ecos aos barulhos, e todo tipo de som é ampliado. Além disso, quando tudo está quieto, eu tinha que prestar atenção no que era reproduzido, pois alguns detalhes poderiam me dar pistas do paradeiro dos meus inimigos. Se o gameplay tático nos presenteia com uma alta dose de imersão, a sonoplastia é o toque final para a experiência.

Rainbow Six Vegas está totalmente dublado, mas não espere muito da qualidade. Há problemas de sincronização labial nas cenas de CG e, quando há gritaria, as vozes dos soldados são estranhas. No mais, achei que o trabalho foi bem-feito e cumpriu bem o papel, mas não oferece nada memorável.

Ideal para jogar com os brothers

Rainbow Six Siege é, como supracitado, um jogo extremamente tático. E, certamente, a comunicação é vital nessas situações. E há coisa melhor do que juntar uns parceiros de infância para jogar algo cooperativo? Quando o título é aproveitado em galera, a diversão é dobrada. Ou, na verdade, talvez a palavra certa seja “assegurada”.

Digo isso pois curtir o game sozinho é algo completamente diferente e totalmente dependente de fatores externos. Em outras palavras, você pode dar sorte ou azar, algo que é muito frustrante e acaba com a imersão tão bem construída. Em mais da metade das partidas, o matchmaking foi bem ruim, pois fui arremessado em lobbys com americanos e alemães ou com jogadores bem mais inexperientes que eu.

Nesse momento, o time todo estava longe do objetivo e havia um jogador perdido pelo mapa.

Mesmo se você gostar bastante de FPS online, não se engane, pois o novo jogo da Ubisoft não é tão acessível quanto parece e não é recomendável para os gamers mais casuais. Mesmo se você for um marmanjo que bate ponto todo dia em partidas de Call of Duty ou Battlefield, terá que se adaptar um pouco aqui. Por conta disso, muitas vezes as pessoas saem em um frenesi de tiroteio sem sentido, sem saber como é a dinâmica de Raibow Six Siege.

Alguns bugs e microtransações

Em 90% do tempo que passei com Rainbow Six Siege, a experiência em termos técnicos foi boa. Porém, nem tudo são flores. Em alguns momentos, presenciei bugs bizarros. Por exemplo: um dos meus aliados foi barricar uma porta e, quando ele terminou, ele foi teleportado para o lado de fora da sala, ou seja, misteriosamente ficou do lado oposto.

Em outras situações, a partida travou, pulou a fase preparatória na qual os policiais devem utilizar drones para reconhecer a área e travou em uma câmera de segurança sem me deixar fazer mais nada. Em outro momento, meu personagem ficou preso ao chão e sem chances de se movimentar, algo que me fez esperar um tempão até ser morto pelo inimigo.

Além disso, o jogo força um pouco as microtransações. Para adquirir novas classes, você precisa de pontos de experiência, que só são conquistados significativamente ao ganhar uma partida. Há um modo tutorial que o recompensa com a quantia mínima para comprar as primeiras categorias de soldados, mas depois disso as coisas ficam difíceis. Os pacotes com dinheiro de verdade variam de US$ 9,99 a US$ 49,99 (R$ 37 a R$ 187).

Volta Tom Clancy

Adoradores de uma boa narrativa, limpem as lágrimas: Rainbow Six Siege não conta com nenhum tipo de campanha. Particularmente, eu prefiro o modo multiplayer, mas sempre começo a experiência online após zerar a história. Afinal, é uma ótima maneira de aprender as mecânicas básicas de qualquer jogo.

Apesar de ter o foco nas partidas de mata-mata, o título conta com dois outros recursos que podem ser experimentados offline. O primeiro deles é o modo missão, no qual você joga sozinho e ganha pontos por isso; já o segundo é um PVE – uma espécie de modo horda – em que você pode ser o lobo solitário ou chamar mais quatro parceiros para acompanhá-lo.

As duas opções são viáveis para treinar, mas passam longe de oferecer a mesma qualidade do multiplayer competitivo. Em outras palavras, elas estão ali para oferecer uma pequena variedade de conteúdo e quebrar um galho. Para não dizer que não há momentos bons nelas, adorei apenas uma vez, na qual eu tive que lidar com terroristas controlados pela IA em um ambiente nebuloso no qual um gás químico escapou e atrapalhou a visibilidade.

É muito triste saber que conceitos como o citado acima não foram replicados mais vezes nem utilizados nas próprias partidas online. É ainda mais frustrante saber que todos os comerciais live action (que contaram até com o Idris Elba) não serviram para reviver a clássica equipe Rainbow, criada pelo autor Tom Clancy.

Vale a pena?

No final das contas, Rainbow Six Siege tem uma proposta bastante ambiciosa, mas que depende muito de fatores externos para oferecer uma boa experiência. Se você tiver alguns brothers para te acompanhar na jogatina, vai fundo, pois a tensão proporcionada em cada partida é extremamente imersiva e divertida. Caso você queira jogar sozinho, talvez seja melhor pensar um pouco no quanto você gosta de shooters táticos, já que, nesse aqui, nem campanha existe.

Além disso, é bom repensar o quanto você se interessa por experiências realistas, pois, em certos casos, elas podem tirar a diversão de quem aprecia um bom mata-mata. Apesar de ter muita variedade de conteúdo dentro do game, o título poderia ter oferecido mais modos online, como o clássico Team Deathmatch com respawn. Se você curte bastante um shooter tático, o jogo vai cair como uma luva, mas, se não, se prepare para passar momentos frustrantes.

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Pontos Positivos
  • Gráficos bonitos que rodam (em grande parte) em 60 fps
  • Uma das melhores sonoplastias vistas em um shooter
  • Gameplay extremamente bem-feito e imersivo
  • A jogabilidade tática é uma das melhores do mercado
  • Jogar com amigos é extremamente recompensador
  • A variedade de conteúdo (mapas, classes, armas e itens especiais) é bem grande
Pontos Negativos
  • Matchmaking ruim e, de vez em quando, desbalanceado
  • Jogar sozinho pode ser muito frustrante
  • Sem um modo campanha, o potencial de uma obra de Tom Clancy foi desperdiçado
  • Pouquíssimos modos de jogo
  • Bugs que atrapalham a jogatina