Imagem de Dead Rising Triple Pack
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Dead Rising Triple Pack

Nota do Voxel
80

Uma ótima oportunidade para revisitar uma das melhores séries da Capcom

Uma década após Dead Rising fazer sua estreia no Xbox 360, a Capcom dá aos fãs da franquia (e a novatos) a chance de reviver a aventura de Frank West (e a de Chuck Greene) em alta resolução e a 60 quadros por segundo. Em Dead Rising Triple Pack, o jogador encontra três aventuras completas com resoluções aprimoradas e um desempenho mais estável que o visto originalmente — e não muito além disso.

Além do jogo original (que faz sua estreia na família PlayStation e no PC), o pacote também acompanha Dead Rising 2 e sua expansão/recontagem Dead Rising 2: Off the Record, todas  elas acompanhadas pelos DLCs estéticos lançados pela desenvolvedora. Estranhamente, as remasterizações deixam de lado Case West e Case Zero, complementos que ajudam a fazer a transição entre a história dos dois games.

Caso você não esteja familiarizado com a série, é possível entendê-la em questão de minutos: basta imaginar uma paródia de filme de zumbis na qual seu personagem usa armas que vão de machados a manequins enquanto está vestido com uma armadura de Mega Man e uma cartola. Tudo isso em ambientes povoados por psicopatas que se aproveitam do caos para promover a destruição e sobreviventes que só querem encontrar um local seguro.

Diferente, mas o mesmo

Em Dead Rising, você assume o papel de Frank West, um fotojornalista que decide quebrar uma barreira imposta pelo exército para investigar o que está ocorrendo na cidade de Wilmette. Chegando lá, ele se depara com uma horda de zumbis (do tipo clássico, lentos e estúpidos), alguns sobreviventes e um mistério envolvendo a origem dessas criaturas.

O que torna sua missão mais urgente é o fato de que ele tem somente 72 horas para descobrir o que está acontecendo — ao final desse tempo, ele deve estar esperando no teto do shopping que serve como cenário para a aventura. Caso contrário, ele está condenado a passar o resto de seus dias preso junto a algumas das piores inteligências artificiais já criadas na história dos games.

Mesmo que o jogo já não provoque o mesmo impacto de 10 anos atrás, sua fórmula ainda funciona bem. Embora alguns possam reclamar que a missão é muito difícil (algo verdadeiro), acredito que o sistema de risco e recompensa oferecido pela Capcom ainda é uma aposta certeira — caso você não consiga mais progredir, é possível voltar ao início do game conservando as melhorias de status adquiridas até o momento.

Essa necessidade de reviver diversas vezes os mesmos ciclos faz com que, aos poucos, você comece a memorizar elementos do cenário, bem como os sobreviventes que devem ser priorizados e os locais que abrigam as melhores armas. Isso também serve como uma oportunidade para conhecer melhor os psicopatas que servem como chefes e descobrir que, para chegar ao final da aventura, nem sempre é preciso entrar em conflito com eles.

Infelizmente, na mesma medida que o game conserva suas qualidades, ele também traz do passado alguns de seus maiores problemas. O pior deles sem dúvida decorre da inteligência artificial dos outros sobreviventes, que parecem incapazes de se defender de zumbis ou de escapar deles, fazendo com que Frank tenha que agir como uma “babá” a maior parte do tempo.

Isso é especialmente frustrante quando levamos em consideração que muitas missões envolvem justamente proteger sujeitos que parecem dispostos a se suicidar da pior maneira possível. Se isso já era algo ruim na época em que o jogo foi lançado, a experiência se torna ainda mais frustrante quando levamos em consideração os avanços da indústria na última década.

Esses problemas são compensados por um design de fases que se mantém forte até hoje, oferecendo diversos ambientes distintos que fazem sentido quando levamos em consideração a estrutura de um shopping center moderno. Também permanece bastante divertido investigar cada canto do cenário em busca de armamentos inusitados e roupas bizarras para seu protagonista.

Dead Rising 2: ainda o ponto baixo da série

Lançado em 2010, Dead Rising 2 e sua expansão Off the Record é um game que se beneficia um pouco menos do “tratamento HD” oferecido pela Capcom. O principal ganho visto nos dois jogos ocorre em suas taxas de quadros por segundo, que se mantêm estáveis a todo o momento — nada muito diferente do que já era possível verificar na versão PC, disponível há meia década no Steam.

Os gráficos apresentados pelas duas aventuras superam facilmente o que é visto na remasterização do jogo original, tanto no que diz respeito aos modelos de personagens quanto às animações apresentadas por eles. Os games também se beneficiam da presença de mais itens e zumbis e de um sistema que permite criar equipamentos poderosos caso você possua as instruções necessárias.

No entanto, a passagem do tempo só serviu para deixar claro o quanto Dead Rising 2 perde em personalidade em relação a seu antecessor. Enquanto o game original não tem problemas em se assumir como uma paródia, a sequência parece indecisa sobre o caminho a seguir: se em alguns momentos a trama beira o melodramático, em outras ela não se leva a sério — nenhum desses caminhos é totalmente “abraçado”, o que resulta em uma experiência que soa esquizofrênica na maior parte do tempo.

Também não ajuda o fato de que a aposta em um mapa maior não surgiu acompanhada por um design de qualidade, o que faz com muitas das missões pareçam não ter nenhum impacto. O resultado geral não é desastroso, mas é difícil não ficar ao menos decepcionado com a incapacidade da Capcom de oferecer um pacote tão conciso quanto o visto no game original.

Essa falta de direcionamento é, em partes, compensada pela presença de um sistema de multiplayer online no qual você pode se juntar a um amigo para massacrar hordas de zumbis — o que torna o processo ainda mais divertido. O game também tem algumas melhorias notáveis em seu sistema de inteligência artificial, mas você ainda vai ter alguns problemas em guiar os outros sobreviventes até locais considerados seguros.

Tanto Dead Rising 2 quanto Off the Record oferecem essencialmente a mesma experiência de jogo, tendo como principal diferencial somente alguns pontos do roteiro. Enquanto a versão original traz a história de Chuck Greene e sua tentativa de salvar sua filha, a expansão troca o personagem por Frank West que, após perder sua fama, vê nos confrontos com zumbis uma nova chance de sucesso.

Em outras palavras, não temos aqui dois jogos, mas sim a mesma experiência contada de duas formas ligeiramente diferentes. Nesse momento pesa a ausência dos já citados Case West e Case Zero que, embora curtos, ao menos traziam conteúdos de história inéditos em matéria de tramas — caso você tenha que escolher entre os dois, Off the Record ainda é a melhor opção, já que Frank West sem dúvida é o protagonista mais carismático da série (motivo pelo qual a Capcom decidiu trazê-lo de volta em Dead Rising 4).

Uma bela comemoração de aniversário

É difícil não ser mais crítico a um game dez anos após seu lançamento do quando ele foi lançado. Confesso: senti um pouco de tristeza ao perceber que o primeiro Dead Rising não tem mais o mesmo impacto que surtiu em mim quando tive a oportunidade de jogar a versão original na época em que o Xbox 360 ainda dava seus primeiros passos.

No entanto, mesmo que os erros da Capcom estejam mais evidentes hoje em dia, o charme único à franquia permanece inalterado. O caso em que isso fica mais evidente é justamente no game original: mesmo com uma inteligência artificial defasada e gráficos que não se sustentam mais tão bem, seu design permanece forte e seu sistema de limite de tempo — que ainda é bastante polêmico — só serve para reforçar essa sensação.

Já Dead Rising 2 não se beneficia tanto das melhorias feitas pela Capcom, permanecendo como o “patinho feio” da franquia. Embora mecanicamente ele — e a expansão/versão alternativa Off the Record — seja sem dúvida melhor que seu antecessor, a falta de direcionamento do roteiro continua incomodando bastante.

O Triple Pack é competente em conversar as origens da franquia e adaptá-las ao que se espera de um jogo atual do ponto de vista técnico. Os principais beneficiados com o pacote sem dúvida são os jogadores que nunca tiveram um Xbox 360, que finalmente vão conseguir experimentar a experiência que deu início à série — infelizmente para esse público, a plataforma da Microsoft ainda detém a exclusividade de alguns conteúdos interessantes.

Em outras palavras, o game é a reunião mais completa das origens da série e representa uma boa forma de comemorar sua primeira década de vida. Ela é especialmente recomendada para fãs de longa data que querem deixar de lado problemas de framerate e para aqueles que, por um ou outro motivo, nunca puderam matar zumbis na pele de Frank West. Só não espere encontrar aqui alguns “mimos” vistos em outras remasterizações, como correções de bugs, comentários de diretores ou modos de fotografia.

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Pontos Positivos
  • 1080p e 60 quadros por segundo em todas as plataformas
  • Ótima adaptação para PC
  • Mesmo antigos, os games continuam divertidos
  • Preço acessível para três games de qualidade
Pontos Negativos
  • O roteiro de Dead Rising 2 não é exatamente forte
  • Algumas mecânicas não envelheceram muito bem
  • A inteligência artificial dos sobreviventes não é muito boa