Criadora de Friends doa US$ 4 mi para estudos sobre diversidade
Marta Kauffman, cocriadora do sucesso absoluto Friends, está doando US$ 4 milhões de dólares para a criação da cátedra Marta F. Kauffman '78 em Estudos Africanos e Afro-Americanos na Universidade Brandeis, nos Estados Unidos, como forma de aplacar a “culpa” pela falta de diversidade na comédia de sucesso da NBC.
Em entrevista ao jornal Los Angeles Times, Marta afirmou ter apendido muito nos últimos 20 anos. "Admitir e aceitar a culpa não é fácil. É doloroso se olhar no espelho. Estou envergonhada por não saber melhor há 25 anos”, declarou, se referindo ao racismo estrutural reproduzido na série.
Em Friends, os seis personagens principais são brancos, e raramente atores negros atuaram em papéis significativos ao longo das dez temporadas da série, mesmo ela sendo ambientada em uma cidade tão diversa quanto Nova York.
Aisha Tyler, a atriz negra mais proeminente a estrelar a série, apareceu em apenas nove episódios, como a professora de paleontologia Charlie.
Marta disse que, no início, foi “difícil e frustrante” aceitar as críticas direcionadas aos problemas de diversidade do programa. Somente após o assassinato de George Floyd em 2020 ela se tornou mais crítica de si mesma e do seriado.
“Foi depois do que aconteceu com George Floyd que comecei a lutar com o fato de ter comprado o racismo sistêmico de maneiras que nunca soube”, explicou a escritora vencedora do Emmy. “Aquele foi realmente o momento em que comecei a examinar as formas de participação. Eu sabia então que precisava corrigir o curso”, disse Marta.
O programa de estudos africanos e afro-americanos lançado por Marta visa “apoiar um acadêmico distinto com concentração no estudo dos povos e culturas da África e da diáspora africana”.
Sobre a recepção do ato, a autora disse não ter recebido "nada além de amor”. “Tem sido incrível. Isso me surpreendeu até certo ponto, porque eu não esperava que as notícias fossem tão amplas. Recebi uma enxurrada de e-mails, textos e postagens que não foram nada além de apoio. Eu recebi um monte de 'Já estava na hora'. Não de uma forma mesquinha. São apenas as pessoas reconhecendo que estava muito atrasado”, afirmou a escritora.
Felizmente, em 20 anos a autora mudou seu pensamento e a sociedade vem evoluindo, assim como a arte. Sobre o tema, leia também este depoimento sobre o final do filme Corra!, que foi alterado após o assassinato de George Floyd.
Fontes
Categorias