Onde foram parar os filmes interativos?

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Durante a década de 80, a tecnologia disponível para se fazer um game não era exatamente chamativa. Além disso, como todo entretenimento em início de carreira, os investimentos na área ainda eram bastante tímidos. A solução? Visar um filão do entretenimento de massas com mais status e estabilidade: o cinema.

Durante aqueles primórdios, nerds desenvolvedores tentavam desesperadamente pegar na rabeira do sucesso de Hollywood. Basicamente, quanto mais o seu jogo se parecesse com um filme, mais chances ele tinha de ganhar algum prestígio em meio a um público que não era exatamente exclusivo. Nasciam, portanto, os famigerados Interactive Movies.

Em uma época em que o sonho 3D era apenas embrionário e os personagens se assemelhavam a pilhas de caixotes, caso você realmente quisesse desenvolver um jogo com personagens realmente humanos, a escolha era um só: tornar um filme algo minimamente interativo.

O funcionamento era bastante simples: uma animação ou vídeo segue na tela e, em alguns momentos, você, o “jogador”, deverá decidir o que o seu cavaleiro/detetive/patrulheiro interestelar fará para dar continuidade. A animação que se segue depende exclusivamente da  sua escolha.

Parece datado? Pouco divertido? Talvez. Mas lembre-se que, na época, produzir coisas como GTA IV e Modern Warfare era apenas um sonho (muito) distante. E, de mais a mais, algumas daquelas tentativas acabaram gerando verdadeiros clássicos, como Phantasmagoria, Wing Commander VII e (embora um tanto diferente) Myst. Mas, afinal, de onde veio e, principalmente, aonde foi parar a era dos filmes interativos? Bem, é isso que o TecMundo Games pretende descobrir. Vamos aos detalhes.

Construa a sua históriaO nascimento dos filmes interativos

Há três décadas, caso você não estivesse afim de rechear seus dias com abstrações como Space Invaders ou Pitfall, a opção era uma só: dar uma olhada nas chamados filmes interativos, uma nova forma de se encarar os video games, que dependia grandemente de um avanço notável para a tecnologia da época: o CD-ROM.

Parece pouco hoje, mas as mídias laser permitiram pela primeira vez que se pudessem acessar trechos aleatórios — não sequenciais — de vídeo. Era a possibilidade que muitos desenvolvedores de jogos sonhavam: poder processar tramas não lineares, sem a necessidade de seguir um script — algo praticamente impossível de se fazer utilizando as tradicionais fitas de armazenamento em rolo.

O pioneiro Dragon’s Lair

Mas, embora a sacada aqui fosse genial, a ideia central era bastante simples. Um CD com várias faixas contém, em cada uma delas, um trecho em animação ou filmado. Dependendo da sua escolha, você seguiria para uma ou outra sequência — exatamente como ocorre nas clássicas “aventuras solo”, em que a sua escolha o levava para uma ou outra página do livro.

A primeira aparição comercial de um filme interativo foi com o inesquecível — e várias vezes relançado — Dragon’s Lair. A trama não poderia ser mais simples: o seu personagem transita entre diferentes salas de uma masmorra e, em alguns momentos, uma ação sua é requerida. Entretanto, havia em Dragon’s Lair apenas duas possibilidades: ou você salvava o seu cavaleiro escolhendo o caminho que havia sido previsto pelos desenvolvedores, ou acabaria rapidamente recheando um poço de espinhos ou sendo fatiado.

Um passo além

Embora o formato inaugurado por Dragon’s Lair trouxesse apenas duas possibilidades para cada escolha — no caso, seguir a história ou encontrar um Game Over —, isso mudaria ao longo dos anos. Jogos como Megarace, Microcosm e Rebel Assault (baseado em Star Wars e de qualidade questionável) passaram a trazer apenas os panos de fundo pré-renderizados.

Os personagens em pixels se moviam então através dos cenários reais, o que exigia um esforço considerável dos desenvolvedores para dar alguma realidade às paredes e demais elementos — e isso nem sempre gerava resultados à altura.

Outro jogo que se destaca por elevar o padrão de qualidade dos primeiros filmes interativos é Space Ace. Trata-se de um dos primeiros títulos a trazer uma trama desenvolvida de forma ramificada: cada escolha tomada poderia alterar drasticamente todo o desenvolvimento da história.

A desenvolvedora American Laser Games também se tornou notória ao desenvolver diversos títulos para cabines de arcade. Entre os mais memoráveis, Mad Dog McCree, Who Shot Johnny Rock? e Space Pirates — todos baseados na utilização de lightgun, ou, a “pistola de mentira” com a qual você podia disparar contra a tela para despachar malfeitores.

Uma escolha caraUm pouco de Hollywood nos video games

Tudo bem, Dragon’s Lair trazia apenas diversas animações e a possibilidade de se transitar livremente entre elas. Só que nem todos os filmes interativos eram feitos dessa maneira. Alguns dos mais visionários faziam verdadeiros filmes, com atores reais e cenário real. Além de não alcançar o mesmo patamar de qualidade do cinema — de fato, alguns atores de filmes interativos mostravam desempenhos sofríveis através de tramas medíocres —, essa decisão quase levou à bancarrota um grande número de desenvolvedoras.

De fato, quando os CD-ROMs passaram a compor a maior parte dos computadores pessoais, os chamados Adventure Games — nome utilizado para diferenciar jogos com atores reais de animações — tornaram-se consideravelmente populares. Surgiram então games como Star Trek: Klingon, Black Dahila, The X-File Games, Star Wars: Rebel Assault e o inesquecível (embora inquestionavelmente trash) Phantasmagoria.

Entre as personalidades ilustres que rechearam os filmes interativos, vale citar o elenco estelar que aparece na franquia Wing Commander: John Rhys-Davies, Mark Hamill (o eterno Luke Skywalker), Thomas F. Wilson, Malcolm McDowell entre vários outros. Se isso sai caro? Com certeza que sai.

Onde foram parar os filmes interativos?O surgimento do drama interativo

Img_originalCom novas tecnologias 3D, ambientes cada vez mais imersivos e realistas, onde exatamente foram parar os filmes interativos? Bem, talvez você não encontre mais por aí versões de Star Wars — ou será que, hoje em dia, seria de Crepúsculo? — meio filme, meio jogo. Mas algo daqueles títulos parece sim ter sobrevivido aos anos.

Se não, basta notar títulos como Heavy Rain e mesmo o pioneiro Indigo Prophecy, que hoje são classificados como "drama interativo". A tecnologia é grandiosa, a criação de expressões faciais tremendamente realista, mas o formato não parece ter se distanciado muito: sequências em vídeo que são alteradas conforme as suas escolhas. E o futuro? Bem, se realmente ocorrer a fusão entre cinema e games que alguns preveem, é provável que nós ainda encontremos alguns filmes interativos pela frente.

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