Coletâneas HD e jogos remasterizados: dinheiro fácil ou nostalgia digital?

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O anúncio do lançamento de Resident Evil 4 e Code Veronica em alta definição reacendeu uma discussão no mundo dos video games: as coletâneas HD são meros caça-níqueis ou têm algum valor real?

A prática não é nova:mesmo não sendo em alta definição, o PlayStation original já trazia coletâneas de títulos consagrados da Nintendo em versões repaginadas — como Final Fantasy Origins, Chronicles e Anthology. Com o advento dos consoles de sétima geração, a onda incorporou a atualização gráfica em alta definição.

Assim, jogos que marcaram época passaram a ser relançados em HD nos consoles de última geração — principalmente como conteúdo digital nas redes online (Xbox LIVE Arcade e PlayStation Network). Se formos um pouco além, também podemos inserir alguns lançamentos do WiiWare e Virtual Console — que, embora sem o tratamento HD, servem o mesmo propósito de promover o retorno dos clássicos aos video games.

Mas por que apostar no antigo e não em algo novo? Será que os desenvolvedores estão ficando sem ideias ou simplesmente encontraram uma forma mais rápida de ganhar dinheiro? Com tantas coletâneas HD e remakes em alta definição de grandes títulos do passado, o TecMundo Games resolveu analisar a nova tendência que invadiu de vez os consoles.

Super-ultra-hyper-collection HD remix

Talvez o grande responsável por toda a onda de relançamentos em alta definição seja God of War Collection, lançado em 2009 para o PlayStation 3. A Bluepoint Games, desenvolvedora do jogo, trabalhou arduamente para incrementar os títulos. Entre as mudanças, foram corrigidos grande parte dos problemas de screen-tearing, além de incrementar a resolução máxima dos jogos originários do PlayStation 2.

O projeto, que foi concebido mais como “escala” para o lançamento de God of War 3, acabou se tornando um grande sucesso. God of War Collection já vendeu mais de 900 mil cópias, somente nos Estados Unidos, despertando o interesse de outras desenvolvedoras, que resolveram trazer de volta seus clássicos do passado em versões revigoradas.

Agora, o que não passava de rompantes saudosistas virou rotina entre os lançamentos das principais publicadoras. Na mesma onda de God of War, Sly Cooper, Prince of Persia, Lara Croft e muitos outros retornam aos video games em edições revitalizadas (ou seria remasterizadas?) de suas antigas aventuras.

Mas, afinal, o que é um remake HD? Quais são os “requisitos” mínimos? O que não pode faltar em uma versão remasterizada de um clássico e, principalmente, qual é o real valor dessa prática, tão difundida atualmente?

Maior e melhor... Será?

Independente da plataforma original (salvo os lançamentos próprios da sétima geração), um jogo antigo sempre se beneficiará das novas tecnologias gráficas disponíveis nos consoles atuais. Na época em que foram lançados, esses jogos eram belos e seus problemas não eram necessariamente prejudiciais à jogabilidade.

Porém, com o tempo, muita coisa mudou e, atualmente, o consumidor está mais exigente. O que era tido como o primor técnico já não oferece o mesmo apelo. Assim, as desenvolvedoras apostam em revitalizações gráficas que corrigem eventuais problemas visuais e, às vezes, até revisam a direção de arte do jogo.

Um bom exemplo disso é a Super Street Fighter II Turbo: HD Remix. O remake em alta definição do primoroso Super Street Fighter II trouxe uma revisão gráfica geral. Entre as mudanças mais notáveis, estava a revisão artística que incluiu novos cenários e modelos desenhados pela mesma equipe de artistas responsável pelo anime/mangá baseado em Street Fighter.

Outro exemplo interessante é o da franquia Monkey Island. O clássico de aventura point and click da LucasArts reestreou nos consoles de sétima geração com um visual totalmente remodelado e uma opção bem peculiar, a possibilidade de rodar o jogo com os gráficos do original.

As melhorias também passam por pontos sensíveis da jogabilidade, como a introdução de novas modalidades e suporte a funcionalidades online. Um das questões mais interessantes é a introdução de modalidades multiplayer (local e online) e tabelas de classificação dos jogadores.

Também não podemos nos esquecer do apoio a troféus e conquistas, tornando os títulos verdadeiramente adaptados aos novos recursos dos consoles de sétima geração. Todavia, nem sempre isso é o suficiente para garantir um bom jogo.

Teenage Mutant Ninja Turtles: Turtles In Time Re-Shelled trouxe para os video games contemporâneos um dos melhores Side Scrollers Beat’em Up da década de 1990. No entanto, o remake não conseguiu emplacar o mesmo sucesso que o original.

Turtles In Time Re-Shelled ganhou gráficos em alta definição (em 3D) e os ajustes esperados em um remake HD. No entanto, por alguma razão indeterminada,o título simplesmente não transmitiu a mesma fluidez de seu predecessor e não chamou a atenção dos fãs.

Marvel VS. Capcom 2 é outro exemplo excelente. Um dos jogos de luta mais celebrados entre os apreciadores do gênero foi “traduzido” para os consoles de última geração, mas não emplacou.

Isso prova que os jogadores não querem apenas gráficos melhores e que mesmo os grandes títulos de outrora podem não ter o mesmo apelo. O que levanta outra pergunta pertinente:quais jogos merecem um remake HD?

A resposta óbvia nos remete diretamente à história dos video games, jogos do passado que marcaram para sempre a indústria. No entanto, o que vemos é um pouco diferente. Tomb Raider Trilogy é uma coletânea em alta definição com três títulos da franquia estrelada por Lara Croft.

O jogo traz versões “remasterizadas” de Tomb Raider Legend (2006), Tomb Raider Anniversary (2007) e Tomb Raider Underworld (2008). Enquanto os primórdios da franquia realmente encontram-se “inacessíveis” para os jogadores de hoje, Underword já foi lançado para Xbox 360 e PS3.

Qual “melhoria” gráfica significativa pode ser introduzida em um jogo que já foi desenvolvido para os consoles de sétima geração e que deverá dividir espaço em um disco (Blu-ray ou DVD) com outros dois jogos? Pense no seguinte: Dead Space também foi lançado em 2008 – você consegue imaginar o relançamento especial do game com alguma melhoria realmente expressiva?

Isso também pode abrir um precedente realmente perturbador, haja vista que os desenvolvedores e publicadores podem simplesmente começar a lançar coletâneas de títulos recentes e inexpressivos. Afinal, por maior que seja a tradição da série Tomb Raider, Underworld não chega a ser um marco na história dos video games a ponto de merecer um relançamento especial.

Um toque de clássicos

O grande atrativo dos remakes e coletâneas HD é certamente a possibilidade de novos jogadores conhecerem grandes títulos do passado. Gráficos revigorados e lançamentos especiais — no formato digital ou em conjunto com outros jogos — ajudam muito na hora de “vender” a ideia.

Assim, novos e velhos fãs têm mais uma chance de apreciar os jogos que conquistaram um lugar na história dos video games. Um bom exemplo disso é o lançamento de The Sly Collection e Team Ico Collection.

Sly Cooper nunca foi o personagem mais famoso da Sony, porém, seus jogos sempre foram muito bem recebidos. Com o tempo, ele acabou caindo no esquecimento e agora ele ressurge em uma versão HD. Enquanto isso, o Team Ico Collection trará dois títulos consagrados (Shadow of the Colossus e Ico) do PlayStation 2 para o PlayStation 3.

Muitos fãs do PS3 nunca tiveram a chance de jogar nenhum desses títulos e agora finalmente terão a oportunidade de conhecer esses jogos. O mesmo vale para outras reedições especiais, como a de Splinter Cell e a de Serious Sam.

Na mesma toada também temos novas versões em alta definição de Resident Evil 4, Code Veronica X e Beyond Good & Evil HD. Vale lembrar que alguns desses lançamentos também funcionam como ferramenta de marketing, ajudando a promover outro jogo da mesma franquia.

Mas, se a ideia é ampliar a fama dos clássicos, por que não trabalhar em um sistema que possibilite a retrocompatibilidade? Ora, se o PlayStation 3 rodasse livremente os jogos do PS2, não haveria necessidade de relançamentos HD, você simplesmente rodaria o jogo original — o mesmo vale para o Xbox 360.

Inicialmente ambos os consoles chegaram a oferecer suporte limitado a jogos de suas respectivos antecessores (o Xbox e o PS2), mas em tempo essa função foi removida. A maioria das desculpas acaba caindo no campo da programação dos jogos — muito diferente da utilizada nos títulos atuais.

Mas, no final das contas, o que realmente importa é o “serviço” aos fãs. Títulos excepcionais têm uma nova chance para brilhar nos video games. Assim, podemos sonhar com relançamentos revigorados de franquias clássicas como Metal Gear Solid.

Poucos jogadores não se interessariam por uma coletânea de Legend of Zelda ou os primórdios da série Tony Hawk (que hoje anda em baixa). Jogadores que nunca ouviram falar de Grin Fandango, Full Throttle e Manic Mansion teriam acesso aos clássicos pela primeira vez.

Títulos não faltam: o TecMundo Games já fez um especial somente com jogos do PS2 que merecem versões em HD. Enfim, coletâneas e relançamentos em alta definição não são meras produções caça-níqueis, mesmo que apelem para somente para pequenos grupos de jogadores.

Relançar títulos contemporâneos em coletâneas é algo desnecessário, mas quem não gostaria de pacotes especiais com versões HD de Shenue, Resident Evil 1, 2 e 3 e tantos outros títulos consagrados que ficaram “aprisionados” em suas plataformas originais?

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