Coluna: o gênero FPS melhorou ou piorou? [vídeo]

4 min de leitura
Imagem de: Coluna: o gênero FPS melhorou ou piorou? [vídeo]

O gênero que antes era símbolo do avanço tecnológico na indústria dos games tem passado por maus bocados. Hoje, os First Person Shooters têm sido tachados como um passatempo monótono e repetitivo que, ainda assim, rende montanhas de dinheiro para os seus desenvolvedores.

Mas o que foi que originou essa nova onda? Será mesmo verdade que andar por corredores e atirar em tudo o que se mexe é tudo o que restou do glorioso FPS?

Controlando você mesmo

Quando a Id Software apresentou Castle Wolfenstein, no início dos anos 90, o mundo ficou de queixo caído. Pela primeira vez, era possível jogar um video game em que a visão que você tem é a mesma de uma pessoa, como se a câmera do jogo fosse os seus olhos.

Tudo bem que a mesma interface já havia sido usada antes em jogos como Wing Commander, mas nenhum deles tinha visuais tão ricos quanto os das salas cheias de nazistas do castelo de Wolfenstein. Some isso ao fato de o seu personagem estar sempre apontando uma arma e os jogadores ficaram com a sensação de ser astros de um filme de ação. Nascia o FPS.

A fórmula foi levada ainda mais adiante com Doom, que apresentava uma variedade imensa de monstros, grandes cenários cheios de labirintos e muitas salas secretas. Exceto por algumas poucas linhas de texto, a história estava praticamente ausente do jogo, mas acabava sendo compensada por uma jogatina ininterrupta com muita ação e violência.

Doom mostrou ao mundo que o futuro dos games estava nas três dimensões, e foi exatamente este o caminho tomado. Quake, que veio logo depois, tomava proveito das recém-lançadas placas aceleradoras para apresentar gráficos realmente em 3D, acabando com a enganação dos monstros com uma só face.

O mais hardcore dos gêneros

Em Quake, a campanha principal até que continuava lá, com muitos monstros e mapas diferentes, mas o verdadeiro motivo para o sucesso de vendas era o modo de jogo em que duas ou mais pessoas se encontravam para... Trocar alguns tiros. O objetivo deixou de ser chegar até o último nível e se tornou apenas matar o seu adversário, estilo que foi nomeado como Deathmatch. Desde então, uma enxurrada de FPS começou a dominar a indústria.

Img_normal

Unreal Tournament, da Epic Games, era inteiramente voltado para a jogatina entre várias pessoas, com modos de jogo que variavam bastante além do mata-mata. Já o Half-Life, da Valve, resgatava os primórdios do gênero tendo uma campanha cheia de monstros, com o diferencial de possuir um enredo rico e uma trama muito bem contada.

Os FPS também estavam firmes e fortes nos consoles, principalmente com GoldenEye 007 no Nintendo 64 e Medal of Honor no PlayStation. Porém, mais uma vez, era o modo multiplayer que mantinha os gamers na frente da tela por meses a fio, fato que ficaria claro com um simples Mod para Half-Life, o Counter-Strike.

Quanto maior o realismo, melhor a diversão. Será?

Counter-Stike tinha uma proposta bem diferente dos primórdios do FPS. O foco não era mais derrotar vários monstros diferentes com uma grande variedade de armas. Em vez disso, o desafio é ter perícia para conseguir dar tiros precisos e usar táticas parecidas com as dos militares.

Img_normal

Os cenários também são menores, para permitir que os jogadores memorizem e explorem as vantagens táticas de cada local. Atirar incessantemente também não funcionava mais, já que os personagens eram frágeis e podiam morrer no primeiro encontro. Ser paciente e usar o terreno como cobertura era a nova palavra de ordem.

O sucesso do realismo de Counter-Strike inspirou os desenvolvedores a seguir a mesma linha, e o resultado não tem agradado muito ao público geral. Depois de muitas visitas e revisitas à Segunda Guerra Mundial, Call of Duty, o FPS que se tornara ícone da batalha mais sangrenta da história, também se modernizou.

Img_normal

Apesar dos bons gráficos e ótima jogabilidade, muitos gamers tomam Call of Duty: Modern Warfare como o símbolo da decadência do FPS. E os motivos até que são justos. Voltemos a Doom: para a época, gráficos de ponta e uma imensa variedade de inimigos. Já em Modern Warfare, as mesmas formas batidas e inimigos com até dez uniformes diferentes.

Antes, combate intenso em terrenos grandes e cheios de labirintos. Hoje, empunhe a mesma arma na maior parte do jogo e explore corredores cheios de inimigos que aparecem correndo de trás dos objetos.

No passado: use o máximo de sua habilidade para derrotar chefões no final da fase. Mas cuidado: morrer significa recomeçar do início. Hoje: assista a uma espetacular animação de desfecho. Se levar muitos tiros, apenas pegue cobertura até sua vida ser revigorada.

É, por incrível que pareça, podemos concordar que o FPS campeão de vendas da atualidade poderia aprender um bocado de coisas com aquele que eternizou o gênero há quase duas décadas. Tudo bem que ainda existem muitos bons títulos que mantêm as raízes do tiro em primeira pessoa, como BioShock e Borderlands; mesmo assim, acaba sendo aquele que está no centro dos holofotes o que define a tendência atual.

Img_normal

Mas nem tudo está perdido. Há ainda aqueles que reinventam o gênero, com mecânicas de jogo que antes eram inimagináveis. Portal, por exemplo, é atrativo o suficiente para manter você revistando o mesmo cenário várias vezes, mesmo sem precisar atirar em ninguém.

Para a nossa felicidade, a indústria têm ouvido as reclamações e tomado um novo rumo. Agora, só nos resta esperar que o futuro nos reserve tantas surpresas quanto as gerações posteriores puderam experimentar.

Cupons de desconto TecMundo:
* Esta seleção de cupons é feita em parceria com a Savings United
Você sabia que o TecMundo está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.