Coluna: como me tornei um jogador casual

3 min de leitura
Imagem de: Coluna: como me tornei um jogador casual

Jogos sempre fizeram parte da minha vida e, tenho certeza, sempre vão fazer. Acompanho o mundo dos games, de maneira entusiasmada, desde a geração 8-bits, a partir da segunda metade da década de 80. Com a evolução gráfica, vieram consoles cada vez mais potentes e jogos mais realistas. Obviamente, não há como negar que o mundo dos jogos está cada vez melhor.

Entretanto, aqueles longos períodos diante de um jogo de video game, ao menos para mim, são coisa do passado. Infelizmente, a dedicação ao trabalho, aos estudos e à vida pessoal não me permite passar seis horas por dia na frente da TV. A grande variedade de jogos que tenho à disposição está longe do tempo que eu tenho para jogar e terminar cada um dos títulos que é lançado.

Img_normal

O fim de uma era?

Acredito que a minha realidade, hoje, também é a de muitos. Entretanto, não é porque tenho menos tempo para me dedicar a um jogo que me tornei menos exigente, muito pelo contrário. A quantidade de games que já tive o prazer de jogar me faz perceber falhas técnicas hoje com muito mais facilidade, apontar erros no desenvolvimento e, principalmente, questionar o fato de que quantidade, na maioria das vezes, não resulta em qualidade.

Eu não tenho quatro horas por dia para ficar diante da TV até terminar um jogo e acredito que a indústria de games já tenha percebido isso. O número de atividades para as quais devemos dar atenção é cada vez maior, resultando em menos tempo para nos dedicarmos ao lazer.

Img_normal

Quinze minutos, o tempo médio que você demora para colocar o disco no console, ligar a TV, carregar o sistema online e os menus de jogo e começar a jogar, é, muitas vezes, todo o tempo de que você dispõe. Se a falta de tempo começou a afastar algumas pessoas dos chamados games “hardcore”, o mercado de games “casuais” encontrou nesse nicho uma excelente oportunidade de crescer.

Joguinho, não!

A diferenciação entre os grandes lançamentos e os jogos casuais começava pelo nome. Os games de portáteis, tablets, smartphones e redes sociais anteriormente eram chamados de “joguinhos”, por suas características simplórias. Gráficos limitados, temática com foco no passatempo e a falta de títulos atraentes faziam com que os games casuais ficassem à margem do mercado.

Hoje, a realidade é completamente diferente. Portáteis com processadores quad-core e o trabalho pesado de hardware sendo feito a partir de computação de nuvens fizeram com que praticamente qualquer pessoa tenha acesso a jogos de qualidade em qualquer dispositivo. Títulos de renome estão presentes tanto na App Store quanto no Google Play ou no PSP.

Img_normal

Mais baratos e possíveis de serem levados para qualquer lugar, os games casuais já representam quase a metade do faturamento da bilionária indústria de jogos. Além disso, o início imediato – basta ligar o aparelho e começar a jogar – faz com que o estímulo para dedicar aqueles 15 minutinhos aos games seja constante. Em muitos casos, esses minutinhos se transformam em algumas horas e, mais uma vez, a indústria e o consumidor saem ganhando.

O futuro é casual?

Calma, não estou dizendo que não há mais espaço para os jogos hardcore. Muito pelo contrário. A indústria deve aproveitar – e muito – o potencial tecnológico das novas placas de vídeo e dos processadores multi-core, mas nem por isso deve deixar de lado uma parcela cada vez maior de consumidores que esperam por jogos portáteis de qualidade.

O mercado deve se direcionar para os dois estilos de jogo, sem discriminação. Quem ganha com isso somos nós, os jogadores. Ver um Resident Evil na tela do PlayStation 3 ou do Xbox 360 é sensacional. Poder contar também com um versão de qualidade no Nintendo 3DS, no iPad e no Samsung Galaxy S2 é ainda melhor.

Jogos como Infinity Blade, por exemplo, conseguem aliar um ótimo potencial gráfico, com um jogabilidade que utiliza muito bem os recursos de uma tela touchscreen. Não é porque foi desenvolvido com foco em aparelhos com menor capacidade de processamento que a simplicidade precisa ser a tônica dominante.

Se somarmos o tempo gasto com jogos casuais, é bem provável que, durante uma semana, ele seja superior às quatro horas de jogo contínuo daqueles que só têm as folgas ou os finais de semana para ficar ligados nos games. Já os jogadores de PC nem sempre têm tempo e hardware suficientes para jogar e acompanhar tweets e mensagens no MSN ao mesmo tempo.

Quais serão as primeiras empresas a conquistar uma nova geração de jogadores que, por um lado, não têm tempo para passar horas a fio diante de um jogo, mas, por outro, não abrem mão de gráficos cada vez melhores, tramas intrigantes e diversão de alto nível? Afinal, “joguinhos” nos portáteis, pelo visto, já são coisa do passado. Será que a Zynga de hoje será a Capcom de amanhã?

Cupons de desconto TecMundo:
* Esta seleção de cupons é feita em parceria com a Savings United
Você sabia que o TecMundo está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.