20 anos de FIFA, um ícone esportivo dos games

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Está aí um assunto que pode gerar controvérsia entre os boleiros de plantão: a disputa pela supremacia futebolística dos games entre FIFA e Pro Evolution Soccer. Disputa essa que é sadia, diga-se de passagem. Mas não estamos aqui para incitar brigas entre fifeiros e fãs de PES. O fato é que dia 15 de julho, última segunda-feira, foi uma data memorável: o dia marcou os 20 anos de existência da franquia FIFA nos games.

Motivo de orgulho para alguns e chacota para outros, a série de futebol virtual atravessou bons e maus bocados para alcançar o status que tem hoje e sempre se caracterizou pelos torneios e ligas oficiais, bem como o forte patrocínio. E isso desde 1993, em plena era dos 16 bits, quando quase não havia concorrência. Talvez tenha sido justamente ela – estamos falando de International Superstar Soccer, que virou Winning Eleven, que é hoje Pro Evolution Soccer – uma das responsáveis por alavancar os jogos FIFA e obrigar a EA a realizar uma série de alterações para melhorar sua franquia de futebol.

O nascimento da série nos games

O primeiro FIFA dos games surgiu no dia 15 de julho de 1993 para todas as plataformas da época (o que inclui Game Gear, Amiga, 3DO, além do SNES, Mega Drive e PC). Batizado de FIFA International Soccer, o game trouxe uma jogabilidade descomplicada e agradável. Antes de o principal concorrente aportar no mercado (estamos falando do inesquecível International Superstar Soccer), outros concorrentes tiraram uma casquinha dos jogadores: Formation Soccer (lançado para o TurboGrafx e o SNES) e Sensible Soccer (PC).

O FIFA dos primórdios. Fonte da imagem: reprodução/Ibiblio

Mas FIFA International Soccer já nasceu num patamar acima dos outros. Sua visão isométrica e os replays em câmera lenta trouxeram aos jogadores uma experiência virtual futebolística que ninguém havia tido antes – e estamos falando da era 16 bits.

A presença de clubes e ligas reais: uma das principais características de FIFA

Foi a partir de FIFA 95 que a série passou a discriminar o ano da versão no título (sempre com os dois últimos dígitos do respectivo ano). A série trouxe um dos seus aperitivos exclusivos: a presença de clubes e ligas reais, mesmo que isso implicasse a ausência de jogadores de verdade.

Os torneios entre seleções já eram vistos pela EA como um tema batido. Então, a desenvolvedora resolveu colocar clubes e rivais nos gramados. Além de clubes paulistanos e cariocas, até mesmo o Internacional de Porto Alegre foi incluso no acervo de times.

E os jogadores reproduzidos virtualmente? Entraram quando?

Em 1996, quando a franquia já somava três anos de existência, a exigência dos jogadores aumentou num processo natural conforme melhorias eram implementadas nos games FIFA. Mas os atletas favoritos que os fãs do esporte bretão queriam ver nas telas ainda eram uma carência na série. Isso acabou em FIFA 96, quando a EA Sports firmou parceria com a FIFPro, organização que representa os jogadores profissionais no mundo todo.

A partir de 1995, os jogos FIFA discriminavam o ano na capa. Fonte da imagem: reprodução/Terra

Craques como Roberto Carlos, Romário, Edgar Davids e Giuseppe Signori, entre outros, foram reproduzidos virtualmente, ainda que existissem limitações de programação à época. Tudo seria um berço de veludo para os jogos da FIFA se não houvesse um “pequeno” concorrente buzinando na orelha da EA: Winning Eleven, que surgiu no mesmo ano.

Winning Eleven: concorrência leal com jogadores fictícios, mas uma pedra no sapato da EA

A série Pro Evolution Soccer, como os fãs devem saber, nasceu com o nome de Winning Eleven em 1996. Na verdade, a franquia tem raízes na série Goal Storm, que depois ficou conhecida como World Soccer Winning Eleven no Japão. O jogo foi desenvolvido pela Konami e lançado para o primeiro PlayStation.

Os três jogos seguintes, lançados como Winning Eleven 97, Winning Eleven 3 e Winning Eleven 4, trouxeram o apelo que os jogadores queriam: jogabilidade leve e fluida temperada com um dinamismo que a franquia FIFA, apelidada de “robótica”, até então não tinha.

Winning Eleven (o subsequente Pro Evolution Soccer) foi um pesadelo para FIFA. Fonte da imagem: reprodução/Gamefaqs

A proposta da franquia de futebol da Konami primava por um simples jogo de diversão em detrimento de realismos exagerados ou conceitos de simulação (ao contrário de FIFA, que sempre foi mais “sério”). A partir de 2001, a extensão “Pro Evolution Soccer” acabou virando o título principal no resto do mundo e também passou a colocar os dois dígitos finais do ano a cada edição de PES. Até hoje a franquia tem o nome de Winning Eleven no Japão, onde nasceu.

Os patrocinadores de ponta: marca registrada de FIFA

A partir de FIFA 99, com abrangência mundial e uma fiel base de jogadores instalada, foram inclusos uniformes mais realistas que continham logos de patrocinadores e emblemas oficiais dos clubes. Ainda assim, as camisas eram genéricas em função de questões burocráticas.

Em 2001, um leque de programação maior e os avanços tecnológicos das gerações de consoles (além do PC) ofereciam arquiteturas de ponta. Dois coelhos foram atingidos numa só cajadada: a EA Sports trouxe um novo motor gráfico e os uniformes foram, enfim, completamente licenciados.

Esse vídeo resume um pouco dos lances, que ficaram mais fluidos:

Se por um lado PES ficou pertinho dos jogadores por trazer uma jogabilidade leve e dinâmica, por outro perdia para os patrocínios em caráter oficial da marca FIFA. Alguns anos depois, a série futebolística da Konami ficou compelida a adotar o mesmo padrão. Já a EA Sports ficou empurrada a outra coisa: melhorar a jogabilidade de FIFA e deixar a fluência das partidas menos “robótica” para se aproximar justamente daquilo que seu concorrente oferecia – só que com toda a pompa oficial e “chique” que a franquia de futebol da EA Sports tem.

FIFA 03: novo motor, nova era. Uma resposta à legião de seguidores de PES

Foi a partir de 2003 que a batalha contra o rival Pro Evolution Soccer pôde ser legitimada, pois FIFA estava sempre um degrau abaixo de seu principal concorrente em se tratando de jogabilidade. A EA Sports desenvolveu um motor de jogo focado em suprir a carência dos fãs de sua série de futebol e “roubar” os jogadores de PES, acomodados à cadência leve do game da Konami.

FIFA 03 trouxe novos ares e apresentou um nítido salto na jogabilidade. Os passes eram mais rápidos, o tempo de resposta foi aprimorado e a movimentação fluía com mais naturalidade. Desde então, cada edição adicionou melhorias à física de jogo e, pouco a pouco, o game de futebol da EA Sports começou a se aproximar da franquia da Konami.

FIFA 03 começou a se arriscar nos dribles e lances mais ousados. Fonte da imagem: reprodução/Gamespot

FIFA 09: a superação

Todas aquelas características negativas de FIFA foram se desvanecendo com o tempo. O amadurecimento da equipe da EA Sports, composta em sua maior parte por norte-americanos e com contribuição de muitos brasileiros, colocou FIFA 09 em um novo patamar para a franquia.

O jogo de futebol ficou absolutamente páreo com PES: controle de dribles, inteligência ofensiva, o “first touch” e criações de jogadas muito verossímeis, melhorando o aspecto técnico de FIFA e trazendo ao jogador aquilo que ele sempre quis ver. A marcação e a inteligência dos zagueiros também foram gradativamente aprimoradas.

Clubes brasileiros, Libertadores e estádios

Uma das armas mais fortes do concorrente PES é a detenção de direitos sobre a Copa Libertadores da América, com times brasileiros e sul-americanos. Uma vez que o concorrente colocou a opção no mercado – e considerando que somos o país do futebol –, a EA Sports sentiu a defasagem (e o descaso) no mercado tupiniquim. Com isso, além de ter aumentado o número de clubes brasileiros no FIFA, a EA Sports pode trazer o principal torneio sul-americano para a franquia – nada impede que os direitos de PES sobre a Libertadores sejam transferidos à franquia da EA Sports.

O trabalho feito pela desenvolvedora recriou grandes palcos do espetáculo apresentado pelo futebol. Estádios como Maracanã e Wembley foram fielmente reproduzidos, além dos gramados locais de ligas e campeonatos: Eurocopa, Copa América e as edições World Cup (Copa do Mundo) do game. Há um verdadeiro mergulho por parte dos fãs de futebol. Essa imersão “oficial” no universo do esporte não deixa de existir em PES, mas não com a mesma pompa.

Fonte: Reprodução/PC Diga

Spin-offs: World Cup, Fifa Street, Fifa Manager

Além das edições anuais comuns, os jogos da EA Sports, justamente por contarem com o selo FIFA, ganham algumas versões requintadas nos períodos de Copa do Mundo (sendo um jogo próprio, nunca uma expansão) usando o mesmo sistema de chaves e eliminação no mata-mata que ocorre no torneio real.

FIFA Street foi uma tentativa de imprimir um ar diferente com modalidades de futsal e de futebol de rua, tendo regras menos estritas e uma filosofia um pouco diferente. A edição de 2012 trouxe até campeonatos fictícios. Apesar de ter um nicho fiel de jogadores, FIFA Street não obteve êxito mundial.

Como não poderia deixar de existir, FIFA Manager coloca o jogador na pele de um empresário que lida com a burocracia e os bastidores do universo boleiro. É preciso fazer contratações, atuar como “olheiro” de atletas e cuidar de toda a parte administrativa que rola fora dos gramados. Esse recurso foi praticamente embutido nas últimas edições de FIFA, mas não com todas as opções de Manager.

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Futuro da franquia

A tendência é que FIFA, que soma a bagatela de 120 milhões de unidades vendidas em 20 anos de existência, sorria de orelha a orelha no futuro. Além de carregar a marca da entidade máxima do futebol em seu título, o game da Electronic Arts tem respondido ao feedback dos jogadores (de games) e boleiros de plantão – e o concorrente PES, vale ressaltar, é um importante protagonista nesse processo de melhorias. É uma “gangorra” em que um obriga o outro a melhorar sempre.

O vídeo adiante resume um pouco dos 20 anos da saga futebolística:

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