Os diferentes caminhos do PS4, Xbox One e Wii U na nova geração

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Desde que a Microsoft apresentou o Xbox One, as críticas ao console foram impiedosas. Parte delas eram destinadas ao famigerado bloqueio de usados e às explicações pouco claras da empresa sobre seu funcionamento. Por outro lado, o grande foco que o anúncio teve nos recursos de TV e conectividade do sistema também não passou ileso.

A principal reclamação foi exatamente a falta de jogos. Durante o evento, a empresa apresentou apenas dois exclusivos, mostrou alguns games que todos sabiam que apareceriam e não conseguiu empolgar os fãs que estavam ansiosos para ver o que a nova geração tinha a oferecer. Nem mesmo a promessa de grandes anúncios durante a E3 conseguiu fazer o pessoal mudar de ideia.

E não demorou para que os “especialistas de plantão” começassem a fazer suas previsões “certeiras e repletas de fundamento”. Alguns diziam que o Xbox One era um console para ver TV enquanto outros já eram mais taxativos ao condenar o sistema ao fracasso ao colocar o jogador de lado por conta de sua falta de games. Tudo isso foi detectado em menos de uma hora de apresentação, o que é impressionante.


Mas por mais exagerada que tenha sido a reação dos haters, uma coisa é verdade: o Xbox One diz muito sobre os planos da Microsoft para a próxima geração. O foco da empresa em entretenimento e em transformar seu console no centro da sala de estar não é nenhuma novidade, e qualquer pessoa que tenha acompanhado suas conferências nas E3 anteriores já deve ter percebido o que estava vindo por aí.

E isso é algo ruim? Muito pelo contrário, já que se trata de uma entre as várias estratégias que as companhias estão adotando para esta nova geração. Nintendo e Sony também já estão traçando seus planejamentos para seus sistemas e, cada uma ao seu estilo, já deixaram claro o que podemos esperar para os próximos anos.

Mas quais são eles? Como cada uma das gigantes está se preparando para a guerra que está prestes a começar? As armas já foram apresentadas e agora só resta saber como elas serão usadas.

O mundo da MicrosoftUm console para a todos agradarA impressão deixada pela Microsoft ao fim de sua apresentação na semana passada é que o Xbox One vai levar a estratégia que a empresa já tinha adotado com o Xbox 360 a um novo nível. Depois de anos batendo na tecla de que Netflix, Hulu e outras formas de entretenimento atreladas ao video game também são importantes, ela decidiu criar um aparelho para ir além.


Prova disso é que, no período de uma hora usado para apresentar o novo sistema, mais de metade dele foi dedicado à TV, a principal adição do One. A ideia é fazer com que o aparelho crie novas experiências não apenas na hora em que você for conferir um novo Gears ou Halo, mas quando for assistir ao próximo episódio de Game of Thrones ou a algum filme por streaming. Como o próprio nome já deixa claro, a proposta é criar um sistema tudo em um.

E por mais que os jogadores mais conservadores ainda acreditem que um video game deve ser usado apenas para jogos e nada mais — dando origem ao apedrejamento em praça pública que vimos na última semana —, a lógica da Microsoft faz muito sentido dentro do contexto atual.

A indústria de jogos já não é mais tão estável quanto há alguns anos. O alto custo de desenvolvimento de uma tecnologia inédita, a criação do hardware e o próprio suporte com o passar do tempo — incluo aqui o incentivo para que estúdios invistam em projetos para essas novas plataformas — são coisas caras e cada vez mais arriscadas de se apostar. Com o grande número de empresas quebrando ou lutando para sair do vermelho, é praticamente impossível se sentir confiante com o andamento do mercado.


Desse modo, chega a ser óbvio que a solução para escapar do fantasma seja deixar de se concentrar em um único público e passar a olhar para os lados. Com o Wii, a Nintendo mostrou que o jogador casual também é parte importante do mercado, e a Microsoft quer atraí-lo de outras formas.

É claro que ainda é muito cedo para afirmar algumas coisas sobre o Xbox One — principalmente antes da E3 —, mas a apresentação do console e os últimos passos de sua fabricante nos ajudam a ter uma noção do que ele vai oferecer. Neste caso, a impressão que fica é que a empresa não quer apenas o jogador clássico, que deve ser conquistado com os futuros anúncios, mas também outro tipo de consumidor.

Ao unir jogos, TV, filmes e música em um único dispositivo, ela quebra a imagem de que seu produto é apenas um video game, ou seja, um brinquedo para crianças — uma imagem que, queira você ou não, ainda persiste —, e torna-o algo que pode estar em sua sala de estar para oferecer uma experiência diferenciada de uso.


Isso não quer dizer que a Microsoft se esqueceu dos jogadores que a apoiaram até aqui. Muita gente já se prontificou a dizer que o Xbox One não é um console para gamers, mas para a família. Um equívoco, já que a impressão que fica é que ele será “também para as famílias”, ou seja, oferecendo conteúdo para todo mundo.

No fim das contas, o que a empresa quer é que você ligue o aparelho antes mesmo de saber o que fazer, já que ele deve ter todas as opções de entretenimento que você precisa em sua casa — está tudo em um só lugar e não há nada de errado com isso.

E esse foco em diferentes conteúdos é tão evidente que, como apresentado na semana passada, ela já está investindo em material original para TV para ser exibido com exclusividade em seu dispositivo. É o caso da série de Halo e de Quantum Break.

Sempre em frenteO potencial da Sony — e seus riscosEm meio a tantas demonstrações de ódio contra a Microsoft, era óbvio que a Sony se transformaria na heroína da indústria. Como sua principal concorrente, a empresa e seu console logo foram vistos como os heróis dessa geração. No entanto, quais são os planos para o PlayStation 4?


Assim como acontece com o Xbox One, ainda é muito difícil dizer qualquer coisa em definitivo, já que tivemos apenas algumas informações sobre o aparelho sendo divulgadas. No entanto, a diferença é que, neste caso, temos um pouco mais de tempo em relação ao anúncio para estudar a forma como a nova tecnologia está sendo vendida e como a companhia quer que a enxerguemos.

E, ao que tudo indica, a Sony vai continuar com a mesma política usada até agora com seus demais consoles: um sistema ainda mais potente e com recursos que vão complementar a experiência. Jogos exclusivos, gráficos estupendos, novas maneiras de interação e tudo aquilo que o jogador quer ver em um console.

Em outras palavras, a companhia quer que o fã continue fiel à marca. Tudo aquilo que você já viu com o PSOne, PS2 e PS3 vai continuar no PS4, mas de uma maneira muito mais bonita e com algumas funções inéditas. De resto, é basicamente a mesma experiência.


E isso é ótimo, já que boa parte de quem acompanha a indústria é jogador hardcore e quer ver isso mesmo. Adicione a isso as “viúvas do Xbox”, que podem não gostar da proposta tudo-em-um do console e vão migrar para a concorrência, e a Sony tem um cenário bastante positivo a seu favor.

Por outro lado, temos a já comentada situação delicada na qual a indústria se encontra. Desse modo, focar-se em um único público pode ser algo bastante arriscado, uma vez que potência e novas funcionalidades não são sinônimos de sucesso. Basta olhar a dificuldade que o PS3 teve em seus primeiros anos e o limbo no qual o PlayStation Vita se encontra. Em ambos os casos, a abordagem da empresa foi praticamente a mesma.


É claro que, para isso, a Sony terá de investir pesado em jogos. No lançamento de suas duas últimas plataformas, ela falhou em trazer uma boa quantidade de títulos para atrair o jogador, seja por conta de uma arquitetura complexa ou da simples falta de interesse das produtoras de criar conteúdo para o portátil.

Para evitar que isso se repita, ela já deixou claro que o sistema foi feito pensando em facilitar a vida dos desenvolvedores, fazendo com que mais jogos possam chegar à plataforma no menor período de tempo possível. Além disso, a companhia ainda abraçou os indies em uma clara tentativa de fazer com que o próximo sucesso independente seja, de preferência, um exclusivo do PS4.

O jeito Nintendo de serUma forma única de jogarPor ser o único console da nova geração a já estar no mercado, as estratégias da Nintendo para o Wii U são bem mais claras do que as das demais empresas. Como o Wii se concentrou demais no público casual, a “Big N” quer deixar a imagem de “video game para crianças” e trazer algo para o jogador hardcore, com experiências semelhantes àquelas que ele já viu em outros sistemas.


A diferença é que ela continua apostando na forma diferenciada de se jogar. Assim como aconteceu com o Wii Remote, ela quer que o GamePad seja uma revolução em termos de jogabilidade, trazendo maneiras únicas de interação que somente o Wii U pode oferecer.

Prova disso são jogos como Zombi U e a versão de Resident Evil: Revelations. Em ambos os casos, a Nintendo traz elementos clássicos de seus respectivos gêneros — um FPS com zumbis e um shooter em terceira pessoa —, mas com mecânicas exclusivas que existem apenas por conta do controle-tablet.


Por outro lado, ela não quer ignorar os gamers casuais e os fãs de suas franquias. É por isso que não há nenhuma surpresa na chegada de New Super Mario Bros. U juntamente com o console e a apresentação de um Mario Kart e um Mario 3D durante a E3. Ela sabe que o público dessas séries é importante e não vai abrir mão dele tão facilmente.

O único problema do Wii U — e o principal desafio da Nintendo para os próximos anos — é tornar isso atraente para o consumidor. O console já está no mercado há alguns meses e, até agora, ele tem sido bem decepcionante por conta da falta de títulos que realmente saibam aproveitar todas essas funcionalidades. Por isso, a Big N vai ter de apostar em títulos próprios e encontrar uma maneira de fazer com que os desenvolvedores também se interessem por aquela tecnologia.

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