Crowdsourcing: quais são os títulos mais “bancados” pelos jogadores?

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Fonte da imagem: DailyCute.net

Embora tenha sido lançado em 2009, foi somente em 2012 que o Kickstarter revelou seu potencial ao mundo dos games. Durante o último ano, o site virou referência no que diz respeito ao financiamento de projetos inventivos que só precisavam de uma ajuda financeira do público para saírem do papel e virarem produtos reais.

O sucesso de projetos como o Double Fine’s Adventure fez com que não somente a plataforma passasse a figurar constantemente em notícias divulgadas por sites especializados, como deu a chance para que outros meios concorrentes crescessem. Esse é o caso do Indiegogo, plataforma que, embora menos popular, ajudou projetos como Skullgirls a se tornarem realidade.

Apesar de sistemas do tipo terem saído dos holofotes em 2013, eles ainda se mostram alternativas muito boas para desenvolvedores que querem fugir das publishers tradicionais na hora de financiar uma ideia. Um bom projeto no Kickstarter não só consegue livrar empresas de certas amarras contratuais como estabelece uma ligação imediata com um público que não quer só jogar um game, mas está disposto a pagar para adquirir algo que existe somente como uma mera ideia.

Neste artigo, reunimos alguns dos projetos baseados em crowdsourcing mais bem-sucedidos até o momento. Além de indicarmos o valor requisitado e as doações recebidas, tentamos explicar um pouco dos motivos pelos quais foram esses os games responsáveis por despertar a atenção do público.

Torment: Tides of Numenera (Kickstarter)

Valor requisitado: US$ 900 mil

Doações: US$ 4,18 milhões

Torment: Tides of Numenera é um RPG com visual isométrico exclusivo para um jogador cujo principal foco é a história — algo que não exatamente interessa produtoras atualmente. Entre os aspectos que ajudaram o projeto a chamar a atenção está o fato de ele contar com o apoio de nomes como Feargus Urquhart e Chris Avellone (ambos da Obsidian Entertainment) e de ninguém menos que Marcus “Notch” Persson, mente responsável por Minecraft.

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No entanto, mais do que pelo apoio de profissionais capacitados, o game chama a atenção por carregar a marca “Torment”. Isso, aliado às características descritas na página do jogo no Kickstarter, automaticamente reacendeu as memórias daqueles que puderam experimentar PlaneScape: Torment, game lançado pelo lendário Black Isle em 1999 que até hoje é considerado um dos melhores RPGs eletrônicos da história.

Project Eternity (Kickstarter)

Valor requisitado: US$ 1,1 milhão

Doações: US$ 3,9 milhões

Embora a Obsidian Entertainment seja um nome conhecido na indústria, já tendo trabalhado em blockbusters como Fallout: New Vegas, o estúdio usou o Kickstarter como forma de financiar um projeto com características mais autorais. Dessa iniciativa surgiu Project Eternity, RPG com visão isométrica no qual você controla um grupo de heróis em meio a um cenário medieval.

Fonte da imagem: Reprodução/Kickstarter

As semelhanças com Tides of Numenera não são mera coincidência, já que muitos dos empregados do estúdio costumavam fazer parte da Black Isle (responsável por PlaneScape: Torment). E é justamente esse um dos principais motivos pelos quais o projeto chamou tanta atenção — afinal, quem melhor para reviver um subgênero ligeiramente esquecido do que alguns dos profissionais responsáveis por criar clássicos como Fallout 2 e Icewind Dale?

Mighty No. 9 (Kickstarter)

Valor requisitado: US$ 900 mil

Doações: US$ 3,8 milhões

Quando Keiji Inafune, considerado por muitos como o “pai” de Mega Man, se une a antigos desenvolvedores da série para criar um game que lembra todos os aspectos de sua antiga criação, é quase certeza que isso vai despertar a atenção dos fãs da franquia. Em um momento no qual a Capcom parece ter abandonado de vez seus planos relacionados ao robô azul, Mighty No. 9 era um projeto destinado ao sucesso imediato.

Fonte da imagem: Reprodução/Kickstarter

No jogo, você assume o papel de Beck, o único de um grupo de nove máquinas que não foi infectado por um vírus misterioso. Agora, cabe a você explorar diversas fases com cenários bidimensionais que podem ser encaradas em qualquer ordem e apresentam chefes com poderes variados — os quais podem ser absorvidos e utilizados pelo protagonista caso ele vença o confronto. As semelhanças são tantas que é até estranho a Capcom ainda não ter aberto um processo contra Inafune e sua equipe.

Double Fine Adventure (Kickstarter)

Valor requisitado: US$ 400 mil

Doações: US$ 3,3 milhões

Quando Tim Schafer, mente responsável por games como Grim Fandango e Full Throttle, decide voltar ao mundo dos adventures, você não tem muito o que fazer a não ser querer dar seu dinheiro para tornar isso realidade. Adventure, do estúdio Double Fine, é um dos projetos mais emblemáticos a já aparecer no Kickstarter, obtendo um nível de sucesso responsável por abrir portas a muitos dos projetos listados neste artigo.

Fonte da imagem: Reprodução/Kickstarter

No entanto, o escopo cada vez maior do jogo serviu para revelar que, como administrador de recursos, Schafer é um ótimo game designer. A empresa conseguiu estourar totalmente o orçamento da produção, o que não só a obrigou a dividir o projeto em capítulos como fez com que o estúdio tivesse que recorrer ao sistema Steam Early Acess para conseguir aumentar seu financiamento.

Keep Skullgirls Growing (Indiegogo)

Valor requisitado: US$ 150 mil

Doações: US$ 828 mil

O projeto “Keep Skullgirls Growing” é a prova do poder que uma comunidade de fãs pode ter. O objetivo da campanha não era financiar o jogo (que já estava pronto), mas sim adicionar elementos que o tornariam ainda melhor, algo que resultou na inclusão de novos lutadores ao título.

Fonte da imagem: Reprodução/Indiegogo

Ou seja, na prática o que aconteceu foi que os fãs da série ajudaram a produtora a financiar a criação de DLCs — algo detestado por muitos que se autointitulam como “gamers”. O que permitiu que isso fosse possível e aceitável é o fato de que a empresa responsável pelo game não só foi totalmente transparente com seus seguidores como também abriu espaço para que eles pudessem dar suas opiniões e contribuições.

Wasteland 2 (Kickstarter)

Valor requisitado: US$ 900 mil

Doações: US$ 2,9 milhões

Lançado em 1988, o RPG Wasteland apresentava um cenário apocalíptico que mais tarde iria inspirar a criação de games clássicos como Fallout. No entanto, por mais influência que o game tenha acumulado, isso não o impediu de se tornar um título voltado a um nicho muito específico de jogadores — o que fez com que muitos só ouvissem falar sobre ele no momento em que a campanha para Wasteland 2 foi lançada.

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Além do fator nostalgia, a equipe de profissionais envolvidos no desenvolvimento do título foi um dos principais fatores para ele ultrapassar o objetivo inicial de sua campanha. Liderada por Brian Fargo (produtor-executivo do Wasteland original e de Fallout), o time conta com Alan Pavlish e Mike Stackpole (principais designers do primeiro jogo), Mark Morgan (compositor de Fallout 1 e 2) e Jason Anderson, cocriador da franquia Fallout.

StarForge (Indiegogo)

Valor requisitado: US$ 75 mil

Doações: US$ 135 mil

Apesar de não ter acumulado os valores milionários de outros projetos listados neste artigo, StarForge tem uma grande vantagem sobre a maioria deles: o game já pode ser jogado através do Steam. Atualmente disponível através do sistema Early Acess, o título exige que você colete recursos e monte uma base capaz de resistir às ameaças presentes em um mundo totalmente alienígena e hostil.

Mesmo estando longe de estar pronto, o game se destaca por já ter dado algo além de promessas àqueles interessados em financiá-lo. Caso você tenha curiosidade em conferir o jogo (e quem sabe ajudar em sua criação), basta acessar sua página no Steam para conferir o trabalho do estúdio CodeHatch.

Como não se frustrar com sistemas de crowdfunding

Um dos grandes problemas relacionados ao Kickstarter e a outros sites de financiamento com contribuição pública é o fato de que nem sempre os produtos aos quais você doou ficam prontos. Isso é especialmente visível quando se trata de games, indústria na qual profissionais podem gastar meses ou ano desenvolvendo um projeto antes que ele fique pronto.

Além da demora, outro ponto que causa confusão é o fato de que, ao investir em uma iniciativa do tipo, você não está comprando produto algum. Na verdade, ao dar dinheiro para que um estúdio crie um jogo, você (e outras centenas de pessoas) estão assumindo o papel normalmente destinado a uma publisher, que é o de bancar uma ideia que muitas vezes pode não se tornar realidade.

Fonte da imagem: Reprodução/Destructoid

Dessa forma, é preciso tomar certos cuidados ao apostar em um projeto, especialmente se ele é feito por uma companhia com pouco ou nenhum histórico. Mesmo que esse não seja o caso, desconfie de campanhas cujo objetivo financeiro é baixo quando comparado ao que é oferecido em matéria de conteúdos e prêmios — na maioria das vezes, isso é indício de que os desenvolvedores não fazem ideia do dinheiro que realmente precisam e dos gastos que vão ter.

Também fique atento ao fato de que o valor de doações acumuladas não é exatamente aquilo que vai para o bolso dos criadores. Além de uma porcentagem ser destinada ao site que administra a campanha, certos valores simplesmente não chegam ao bolso dos criadores porque quem os apoiou não honrou com o compromisso financeiro feito durante o período de campanha.

Talvez o principal conselho que podemos dar é: caso você não concorde com alguma regra ou condição, não contribua financeiramente para nenhuma campanha — mesmo que ela seja feita pela Square Enix e prometa um remake de Final Fantasy VII. Dessa forma, você não só evita perder dinheiro como poupa a dor de cabeça gerada por meses de expectativa que nem sempre resultam em um game bom (isso quando o produto simplesmente nunca chega a existir).

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