Não só na E3: como identificar "rumores vazios" que surgem na internet?

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Com a chegada da E3, a internet fica em polvorosa, tentando adivinhar o que empresas como Nintendo, Sony e Microsoft vão mostrar durante o evento. Esse interesse por novidades faz com que surjam pela internet pessoas que querem atenção. Como elas conseguem essa atenção? Criando rumores.

Reprodução/Push SquarePalco da apresentação da Sony na E3

Nos 30 dias que antecedem um evento como a E3, surgem pela internet rumores de todos os lados, vindos de fóruns, perfis do Twitter e qualquer buraco da grande rede. Por causa do interesse de uma parcela gigantesca do público e a eterna batalha por audiência, vários sites, de todos os tamanhos, acabam por publicar e divulgar tais rumores, muitos deles inventados do mais absoluto nada.

Isso acabou por criar a triste cultura do boato, do rumor vazio apenas para fazer valer alguns minutos de atenção e visitas a mais em um site. Apesar de isso acontecer em um ritmo impressionante nas semanas antes da E3, essa atividade é algo muito comum durante todo o ano.

Como você, leitor (e até mesmos nós), pode verificar quando um rumor é “bom demais para ser verdade” ou se existe algum fundamento por trás dele? É isso o que tentaremos falar abaixo.

O uso do bom senso

Recentemente, uma lista contendo vários jogos que seriam anunciados e exibidos nas conferências de Microsoft e Sony na E3, além dos games que viriam a ser anunciados pela Nintendo no evento, rodou a internet. Nós mesmos postamos a imagem do tal documento, ainda que questionando a sua veracidade.

NeoGAF

A lista, à primeira vista, não parecia absurda. Trazia alguns títulos que vários insiders da indústria já comentaram estar em produção, assim como pequenas surpresas. Porém, olhando melhor, você começa a notar que existe algo errado. Um exemplo disso é, na seção da Nintendo, um singelo Castlevania: Symphony of the Night 2 para o Nintendo 3DS.

Não estamos falando que o portátil da Big N não é uma plataforma digna de um game como esse, mas qual é a chance de a Konami conseguir esconder uma sequência daquele que muitos julgam ser o melhor capítulo da franquia Castlevania, limitando-o para uma plataforma portátil?

Há alguns dias, o site brasileiro Gamesfoda resolveu testar o público e outros sites, criando uma lista para a E3 nos mesmos moldes dos “documentos” que circulam em fóruns e sites estrangeiros.

Olhando com calma, você conseguia identificar algumas coisas absurdas, mas, mesmo assim, boa parte do público compartilhou a lista como verdadeira. Uma relação que continha um remake de um Zelda do CDI, um jogo do Alex Kidd (se bem que esse até eu gostaria de jogar) e um game do TÁXI DO GUGU.

Reprodução/AbrilImagine um jogo assim

Dias depois, o próprio site veio ao público questionar o que eles tinham na cabeça para acreditar em tal lista.

Outro site, o Kotaku, comentou algo sobre as listas da E3, começando com “não existem listas da E3”. A chance de, com um mês para o evento, alguém ter uma folha de papel com as revelações de todas as grandes empresas que estarão por lá é nula. Isso não existe.

A propagação do rumor vazio

Aqui é o momento em que vocês já devem estar falando “mas o BJ posta rumores” e apontando o dedo nas nossas caras (somos uma equipe com vários redatores, e não apenas uma entidade). E sim, eu concordo com vocês. Nós postamos, mas tentamos usar o bom senso.

Somos um site de notícias sobre o mundo dos games, então, quando um rumor relacionado a isso aparece na internet, tentamos ao máximo “dividir o joio do trigo”, eliminando os rumores vazios daqueles que podem ter um fundo de verdade. Como (ainda) somos humanos, erros podem acontecer e nós poderemos publicar um boato vazio.

Assim como grandes sites que tratam do mesmo tema que o BJ, tentamos abordar os rumores exatamente como isso: informações que podem ou não ser verdadeiras. O problema nasce quando um desses boatos é publicado como uma confirmação.

As listas que surgem sobre jogos da E3 ou qualquer outro rumor absurdo muitas vezes podem ser publicados como algo bombástico, mesmo vindo do mais absoluto nada. Como esses rumores tratam de algo que vai chamar a atenção do público, a audiência cresce, mesmo sem nenhum cuidado em verificar a veracidade dos fatos.

Alguém vai compartilhar o link com a postagem para alguém, que provavelmente acreditará que, se foi postado em um site, deve ser verdade, e passará a informação para frente, criando uma bola de neve.

Verificar bem de onde surgiu o rumor

Talvez aqui seja o momento que você fale “Mas quem tem que saber disso são vocês”, porém eu respondo que é sempre bom saber andar com as próprias pernas. Digamos que um site que tenha a sua audiência postou um rumor que parece estranho. Usando o já citado bom senso, você resolve conferir a fonte do boato.

Aqui no BJ, assim como na maioria dos grandes sites de games do Brasil, é possível notar um link para a fonte da notícia. Digamos que a origem da postagem seja um pouco nebulosa. Você certamente conhece mais de um site de games na internet, por mais que prefira um em especial (de preferência, nós). Note quantos desses sites publicaram o rumor da mesma maneira ou sequer se deram ao trabalho de colocar a informação no ar.

Pôster do novo Mortal Kombat, postado no Reddit e que parece ter sido confirmado por Ed Boon

Entre vários, se pelo menos um deles questionou a veracidade do boato, isso já é motivo para um alarme ser soado e você não acreditar com todas as suas forças no lançamento entre um crossover de Street Fighter e Mortal Kombat, mesmo ele parecendo sensacional.

Os sites conhecem bem quem liberou a informação? É alguém com um histórico considerável como fonte de informações internas de empresas de games ou um usuário aleatório de um fórum russo? A imagem que supostamente vazou foi liberada por um veículo de respeito ou por um perfil no Twitter com um nickname e avatar dignos de um moleque de 16 anos com muito tempo livre? Essas são perguntas que você, assim como nós, devemos fazer antes de tomar um rumor como fato.

Se não fizermos isso, acabamos levando como verdade algo como a imagem abaixo:

TwitterLista criada "pela zoeira" por Durval Ramos

Rumores muito espetaculares

Nessa época de E3, as listas que fazem fãs ao redor do mundo vibrar de emoção são aquelas que trazem os jogos que eles mais querem ver. Mesmo com alguns desses títulos sendo apresentados no evento anualmente, é possível notar quando um rumor é falso a partir do momento em que ele promete algo gigantesco demais.

Por exemplo: alguém fala que a Nintendo vai apresentar um remake de Pokémon Yellow para o Wii U, com gráficos retrabalhados e elementos de MMORPG. Basicamente, o jogo que 90% dos fãs do game estão pedindo. Só que não existe mais nenhuma informação de que a empresa sequer começou a produção de algo do gênero.

Você sabe que quer isso com gráficos 3D

Mesmo assim, o rumor corre solto pela internet, fazendo vários sites e leitores caírem na mentira. Sabe aquela história do “quando a esmola é demais, até o santo desconfia”? É basicamente isso o que deve ser levado em consideração quando uma dessas “notícias” surgirem pela sua frente.

Opinião deste que vos escreve

É complicado escrever sobre rumores. Por mais que muita gente odeie, eles movimentam a indústria dos games e fazem com que publicações tenham assunto e não se tornem apenas máquinas de divulgação para empresas.

Particularmente, prefiro informações de pessoas com histórico de serem assertivos, que acabam deixando de ser apenas “boatos” para se tornar vazamentos legítimosm, em vez de um rumor postado por um aleatório que acabou de criar uma conta em um fórum como o NeoGAF.

Reprodução/Marek OkonRumor ou realidade?

Mesmo assim, é nosso dever noticiar tudo aquilo que pode ter um fundo de verdade. A maneira como isso será feito é que faz a diferença, mas saber filtrar, tanto do nosso lado como o da audiência, é imprescindível para melhorar o tipo de cobertura de games que é oferecida. Quando o próprio público consegue identificar um rumor sem vergonha de uma informação real, a chance de algo podre se proliferar é muito baixa.

Em tempos de E3, tome muito cuidado com o que você lê e toma como verdade. Acompanhe aqueles sites que realmente passam confiança e, acima de tudo, use o bom senso para acabar não sendo enganado por alguém que criou algo do nada, na frente do PC, somente para garantir alguns minutos de fama na internet.

Sabe a conversa do “Não alimente o troll”? É basicamente a mesma história. No final, todo mundo vai sair ganhando.

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