QUByte: o estúdio brasileiro que está conquistando gamers do mundo inteiro

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Todo mundo sabe que o mercado brasileiro de games caminha a passos lentos – tanto por conta da falta de uma estrutura econômica apropriada para o crescimento do segmento quanto por causa de fatores culturais já discutidos anteriormente neste site. Contudo, é inegável que uma série de desenvolvedores nacionais consegue driblar os obstáculos e mostrar para o mundo que nós também podemos criar bons jogos eletrônicos.

Um bom exemplo disso é o QUByte Interactive, um pequeno estúdio paulista formado por apenas sete pessoas e que atualmente é parceiro dos maiores nomes da indústria mundial de games – Nintendo, Sony e Microsoft. O projeto começou de forma tímida: a equipe foi fundada em 2006, quando um grupo de estudantes do curso de pós-graduação em desenvolvimento de jogos da SENAC resolveu que eles definitivamente iriam ganhar dinheiro com games em algum momento de suas vidas.

QUByte

“A ideia inicial do Cabral, um dos sócios, era ir para fora, trabalhar em outro país, pegar uma experiência bacana. Mas foi justamente nessa época que estava ocorrendo uma crise financeira nos Estados Unidos”, relembra Guilhes Damian, um dos fundadores da QUByte, em entrevista concedida ao BJ. Impossibilitado de viajar, Cabral começou a trabalhar de forma remota para a Graffiti Entertainment, uma pequena publicadora e desenvolvedora de games multiplataforma.

Reunida, a equipe se dedicou sobretudo a trabalhar em ports da principal franquia da Graffiti – a série de jogos educativos Reader Rabbit – para o Wii, o que foi de suma importância para a aquisição de experiência nessa plataforma. Nas horas vagas, o grupo trabalhou em projetos próprios bastante simples, como jogos em Flash para navegadores, assim como alguns títulos para dispositivos mobile.

AppleReader Rabbit para Wii U teve participação da equipe da QUByte Interactive

A origem do sucesso

Pouco tempo depois, a QUByte resolveu dividir seus profissionais em duas equipes para trabalhar em um game próprio mais sério em paralelo com os projetos realizados para a Graffiti. E foi assim que surgiu a primeira edição comercial do High Tech Racing (HTR), título responsável pela fama e sucesso do estúdio. Inspirado nos slot cars (autoramas) que fizeram a alegria da criançada em épocas passadas, o game foi lançado para iOS através da própria Graffiti.

“Resolvemos aproveitar o nome da publicadora para ter maior visibilidade. Na época, parecia ser uma boa opção”, comenta Damian. O jogo fez um sucesso razoável, especial por ter sido lançado em uma época propícia: a Apple havia acabado de lançar a primeira versão de seu tablet iPad, e o mundo inteiro estava faminto por bons jogos exclusivos para a plataforma. Além disso, a concorrência era baixa (especialmente no Brasil), pois poucos desenvolvedores estavam apostando no sistema operacional.

A parceria com a Graffiti, contudo, não durou muito tempo. Problemas contratuais e financeiros fizeram com os estúdios rompessem os negócios. Crentes no potencial de sua criação, a equipe resolveu trabalhar de forma independente e logo lançou o HTR Evolution, uma edição aprimorada do jogo original (com mais carros, mais pistas e menos bugs). A edição publicada pela Graffiti ainda pode ser encontrada na iTunes, mas não recebe mais atualizações.

Google PlayPrimeiras versões do HTR apresentavam gráficos modestos

Indo além do mobile

Depois de ser baixado por milhões de internautas em suas edições mobile (iOS e posteriormente Android), High Tech Racing recentemente chegou aos computadores com o nome HTR+ Slot Car Simulation. Publicado no Steam, no Splitplay e na Nuuvem, o título parece fazer o mesmo sucesso de suas versões para tablets e smartphones.

De acordo com Guilhes, a QUByte está sempre prestando atenção nos feedbacks dos jogadores, que dão dicas importantíssimas para o desenvolvimento do game. A equipe afirma que a principal reclamação dos gamers é em relação ao controle, que não foi completamente otimizado para o teclado – tal ponto deve ser resolvido com o próximo update do título, que possibilitará a jogatina através de um controle de Xbox.

O próximo passo planejado pela QUByte é levar o HTR+ para os principais consoles da atual geração de video games. O estúdio já está trabalhando em uma edição para PS Vita (que será lançada até o meio de setembro) e 3DS (que não possui uma data programada, mas deve chegar ao mercado até o fim de 2014).

A aproximação com a Nintendo obtida nos tempos de trabalho com a Graffiti foi essencial para que o time conseguisse o devkit para o portátil com tecnologia 3D; a licença para a plataforma da Sony, por sua vez, foi conseguida através do Programa de Incubação da gigante japonesa.

A QUByte também já possui o kit de desenvolvimento da Microsoft, mas não planeja trabalhar nela tão cedo. “Temos umas duas ideias para jogos novos”, revela Guilhes, dando a entender que o Xbox pode receber um título inédito no lugar de um eventual port do HTR+.

Steam

Um mercado tímido, mas promissor

Questionada sobre as principais dificuldades enfrentadas na hora de criar jogos no Brasil, a equipe ressalta a dificuldade na hora de encontrar investidores, o alto custo de vida do país e a baixa qualidade dos cursos acadêmicos da área que atualmente são oferecidos por aqui. Na opinião dos desenvolvedores, os estudantes saem da faculdade sabendo “um pouquinho de nada”, visto que não se especializam em uma área determinada de atuação (artes gráficas, ciências da computação etc.).

A dica de ouro da equipe para quem deseja ingressar no mercado é estar aberto para interagir com outros estúdios do mundo inteiro, trocando experiências, propondo parcerias e criando vínculos profissionais capazes de ajudar você a impulsionar seus projetos. “Nós fazemos muito isso, e é incrível com vários estúdios internacionais respondem nossos emails para tirar dúvidas técnicas ou compartilhar informações”, afirma Damian.

A QUByte ainda é uma companhia pequena, mas é com pequenos passos que se constrói uma grande jornada. Com seus desenvolvedores trabalhando a todo vapor e ao lado dos três maiores nomes do mercado internacional de games, é bem provável que a companhia se torne ainda mais popular nos próximos anos – um motivo de orgulho para todos os gamers brasileiros.

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