O termo “hype”, um estrangeirismo direto do inglês e utilizado abundantemente por aqui, praticamente foi incorporado em nosso vocabulário e parece até que é dicionarizado. A palavra representa um estado de ansiedade, euforia, empolgação, expectativa.
Criar hype em torno de algo significa apostar todas as fichas naquilo. A “prática” tem ocorrido com frequência nesse nosso querido mundinho dos games: equipes de marketing e publicidade não poupam esforços para alimentar a ansiedade dos consumidores com divulgações bombásticas que envolvem vídeos, imagens e até mesmo vazamentos propositais.
O fato é que isso, de certa forma, ilude muita gente. Quando se cria expectativa em torno de qualquer coisa, há o risco de dar com a cara na parede. É aquela velha história: “quanto maior a altura, maior a queda”.
Não que games como Watch Dogs, Destiny ou Titanfall tenham sido exatamente assim. Vejam, esses títulos tiveram notas positivas e foram amplamente aceitos pelos jogadores. Mas o marketing foi tão apelativo que a comunidade, naturalmente, ficou num fervor descontrolado. É por isso que conferir qualquer conteúdo de entretenimento com frieza e tranquilidade confere uma experiência mais gratificante – ou pelo menos mais surpreendente.
Os benefícios de não adotar o espírito da ansiedade
O valor de produção de um jogo, nos atuais padrões da indústria, alcança orçamentos exorbitantes. É natural, portanto, que exista uma publicidade agressiva e uma expectativa que exceda os limites da ansiedade.
Entrar nessa onda é apenas uma consequência. Seus amigos vão falar sobre isso no trabalho, você vai ler sobre o assunto na internet, vai assistir a vídeos, babar em imagens, enfim, todo o trabalho da semiótica é meticulosamente realizado para que o espírito do consumo seja “embutido” em você – e isso acaba ofuscando outras coisas. Coisas boas, aliás.
Cuidado com sequências
Cair na tentação de uma sequência também é inevitável. Oras, se o anterior foi bom, a tendência é que o seguinte seja melhor! Certo? Errado. Vide Far Cry 2, Uncharted 3 (o 2 foi melhor disparado), BioShock 2, Resident Evil 6, Dragon Age 2 e tantos outros. E alguns desses, vejam, tiveram um hype gigantesco, justamente pelo fato de o game anterior ter sido fantástico.
Mas aí vem um Far Cry 3 da vida sem tanta expectativa, frio, assombrado pela água morna que foi o segundo, e encanta o mundo inteiro, cravando seu lugar na indústria como um dos melhores (senão o melhor) games de 2012.
É claro que existem jogos cujo “número 2” funciona bem e impulsiona a franquia a outro patamar. Exemplos não faltam: Assassin’s Creed 2, Uncharted 2, Halo 2, Half-Life 2, Borderlands 2, Batman: Arkham City e muito mais. E vejam só: será que havia tanto hype para Assassin’s Creed 2, tendo em vista que o primeiro foi bem morno? Não mesmo. Ezio Auditore veio para ficar.
Enfim, vamos aos que surpreenderam!
O mais novo integrante dessa “turma dos que surpreenderam” é o recém-lançado Middle-Earth: Shadow of Mordor. Quieto, sóbrio e discreto, o game, baseado no universo de “O Senhor dos Anéis”, tem conquistado grandes notas internacionalmente, com uma média de 85 no Metacritic. A análise do BJ será publicada em breve.
Além dele, confira uma lista com jogos que não necessariamente fizeram alarde na rede, mas, na prática, superaram expectativas – ressaltando que alguns ainda não foram lançados, mas continuam “discretos”. E que assim permaneçam para ninguém se iludir:
E você, se lembra de algum jogo não listado aqui que estava sem hype, mas surpreendeu? Não deixe de citar nos comentários.
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