Nintendo e nintendistas: uma relação de amor e ódio [opinião]

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Já faz algum tempo que venho pensando em escrever uma matéria especial sobre a Nintendo. Não para parabenizá-la, tampouco para vitimizá-la. O texto que eu tinha em mente era mais para mostrar o lado “sacana” da famosa fabricante de consoles.

É possível que só de ler o trecho acima e sem ver os argumentos apresentados abaixo, você já venha com paus e pedras falando que este que vos escreve é um hater ou que, por receber uma grana das concorrentes, estou fazendo este texto apenas para sujar a imagem da Big N.

Bom, as coisas não bem assim. Primeiro, quero deixar claro que, assim como já comentei com vários amigos — e até já deixei explícito em meu perfil no Facebook —, o Nintendo Wii U está no top dos meus videogames favoritos (tenho o aparelho e jogo muita coisa bacana nele). É sério, eu adoro jogar Captain Toad, Super Mario 3D World, Mario Kart 8 e DKC.

Também é bom dizer que, ao contrário do que muitos pensam, nenhuma empresa dá qualquer tipo de propina pra gente falar bem ou mal de alguma coisa. Então, peço gentilmente que antes de falar bobeira nos comentários, você que pretende apenas xingar ou gerar confusão leia as argumentações e meça suas palavras “parça”.

Vamos começar do começo

A ideia deste texto surgiu quando eu estava realizando a análise do New Nintendo 3DS XL. Em várias ocasiões recentes, acabei discutindo alguns pontos com outros redatores do TecMundo Games e chegamos a conclusão de que a Nintendo é muito cara de pau em ficar lançando supostas “melhorias” e, com isso, acabar prejudicando o consumidor.

Sinceramente, não há problema algum em evoluir (inclusive o PS Vita também recebeu uma atualização), desde que você faça isto da maneira correta. O novo portátil da Big N é a prova de que a empresa não faz a mínima questão de se planejar visando o melhor benefício aos seus jogadores.

Digo isso porque a fabricante poderia ter pensado em várias das melhorias propostas no novo modelo no lançamento da primeira versão — hardware, botões, layout, etc. Sim, eu sei que outras empresas abusam de táticas semelhantes (e posso dizer que todas que partem para tais táticas são canalhas da mesma forma!), mas hoje a pauta é a Nintendo.

Abaixo, vou comentar sobre o caso do 3DS (para não deixar o artigo muito longo) e de outras ideias mirabolantes que a dona do Mario lança como algo essencial e totalmente inovador, mas que acaba sendo uma facada no bolso do consumidor — e gera discórdia e indignação em muitos consumidores.

A palhaçada do 3DS

Tudo bem, o 3DS pode ser o portátil mais vendido do mundo e o motivo pelo qual a Big N está ativa e arrasando no mercado de games. Contudo, isso não necessariamente dá o direito de a companhia ficar lançando atualizações do produto a cada nova ideia que ele julga genial — até porque muitas novidades são utilizadas em poucos títulos e nem valem o investimento.

Conforme eu comentei na análise, o New Nintendo 3DS XL é um bom console para quem ainda não tem um portátil. Todavia, a atualização prejudica uma grande parcela de consumidores, que talvez tenha que investir uma boa grana caso queira aproveitar alguns títulos que possivelmente serão exclusivos para a nova versão (já que o aparelho tem mais memória RAM e uma pequena atualização na CPU).

É evidente que isso é apenas uma manobra da Big N para ela continuar lucrando. Estou sendo muito duro? Então, pensa só que a Nintendo lança mais e mais versões do 3DS (incluindo uma versão bizarra sem o 3D) e a gente continua tendo que trocar para ter mais benefícios.

E essa coisa não começou agora. Lá atrás, quando surgiu a versão XL, a empresa já mostrou qual seria a tendência dali pra frente. Ok, lançar um modelo maior foi uma ideia inteligente, mas continuar com duas versões talvez seja algo um pouco ousado.

Através de uma simples pesquisa, a companhia logo poderia descobrir qual tamanho de tela é a preferência máxima dos consumidores. Não foi o que aconteceu. Contudo, pelo menos para os Estados Unidos (já que o Brasil não faz mais parte do escopo de atuação da empresa) a Nintendo trouxe apenas a versão grande do New 3DS.

Quer ver como não estou exagerando? Nós elogiamos a tela do novo 3DS XL que tem nova tecnologia IPS, mas vários sites grandes criticaram o display da versão comum do New 3DS. Pois é, lá no Japão, quem comprou o produto pequeno teve a surpresa de se deparar com uma tela de baixa qualidade (com tecnologia TN). Por que ser tão sacana? Não dá pra entender!

Insistindo em coisas de baixa qualidade

É válido comentar ainda que se era para atualizar o display, a Nintendo poderia ter feito o trabalho completo. Não dá para acreditar que estamos em 2015 e o 3DS com sua tela de quase 5 polegadas ainda tem resolução medíocre (mesmo em modo 3D, não chega nem em qualidade HD). Decepcionante!

O portátil da Nintendo tem resolução de 400x240 pixels (em 3D vai para 800x240 pixels). A resolução por si só já é bem baixa — é menor do que aquela que víamos no primeiro iPhone. Sem querer ofender, mas a densidade de pixels é ainda mais ridícula. Pelo menos, o novo aparelho vem com um 3D melhor.

E o mais inacreditável. O New 3DS não vem com carregador! Por que lançar um console sem o carregador? Aí as pessoas compram carregadores xing-lings e conseguem danificar seus aparelhos (e claro que a Nintendo não vai se responsabilizar).

Interessante perceber que outras empresas não tem esse tipo de ideia, possivelmente porque é algo burro a se fazer e por faltar com respeito ao consumidor! Só porque as pessoas tem o iPhone 6, isso não significa que elas vão atualizar para o iPhone 7 e continuar com o mesmo carregador (mas a Nintendo pensa de um modo não convencional).

Outra coisa: por que colocar o slot para cartão micro SD atrás da tampa traseira? Não haveria qualquer problema se o New 3DS viesse com 32 GB de memória interna (e sem opção para trocar ou expandir o espaço de armazenamento).

Agora, se o console traz apenas um cartãozinho de 4 GB (o que é insuficiente para instalar o único game exclusivo) e oferece a opção para trocar este componente, o slot tem que estar em local de fácil acesso! Em teoria, a abertura da tampa traseira poderia até mesmo invalidar a garantia do produto em casos de possíveis danos causados por mau uso.

Ideias bizarras: pare com isso, Nintendo!

É engraçado que criticam o Wii U por seu display extra, mas temos de convir que o controle-tablet do console de mesa tem algumas boas utilidades. Ele serve como uma tela própria para os jogos, dispensando o uso da televisão (caso alguém queira utilizá-la para outros fins), e tem usos realmente inovadores — como em Captain Toad e Kirby.

A segunda tela do 3DS já não é tão versátil assim e repensá-la não seria má ideia. É legal ter um display para acessar mapas, conferir itens e realizar outras tarefas sem ter que pausar o jogo, mas vamos combinar que não tem como prestar atenção em dois locais ao mesmo tempo.

Fora que esse segundo display gasta uma energia desnecessária (luz e processamento realmente consomem bateria) que poderia ser aproveitada para jogar por muito mais tempo! Talvez, optar por uma solução próxima a do PS Vita não seria má ideia (ou ter a opção de manter a tela inferior desligada quando não há necessidade).

Outro ponto fundamental que certamente necessita de melhorias é a anatomia do 3DS. O portátil da Nintendo simplesmente não foi feito para mãos humanas. Não há conforto na pegada e é possível ter algum problema sério devido ao posicionamento irregular dos dedos.

O New 3DS poderia ter sido justamente o momento para repensar esse design quadrado, mas é claro que a Big N opta sempre pelo improviso. Os novos botões ZR e ZL ficam em posições de difícil acesso, sendo bem como esbarrar nos outros itens posicionados na parte traseira do gadget.

E o que falar das adaptações bizarras que a Nintendo sempre faz para ganhar mais uma pontinha de dinheiro? Com o 3DS antigo, pudemos observar que a fabricante improvisou um adaptador capaz de colocar os novos botões (ZR e ZL) e providenciar um analógico adicional para determinados títulos.

Agora, com a febre dos Amiibos, a empresa teve a brilhante sacada de lançar um modo para que o produto anterior possa receber compatibilidade com a tecnologia NFC. Como fazer tantos upgrades? Nada melhor que apostar numa tecnologia antiga como o infravermelho! Sério, a Nintendo precisa rever suas ideias mirabolantes.

Falta um rumo bem definido!

Se o Nintendo 3DS estava desatualizado e precisava de uma renovada, a empresa deveria ter lançado um modelo realmente novo. Além disso, está mais do que na hora de a Big N repensar seus projetos e, quando lançar algo, fazer as coisas direito (com todos os botões e padrões já no lançamento do produto).

Enfim, esses são apenas alguns pontos para se pensar quanto ao 3DS (veja que nem critiquei a falta de uma rede online funcional e a CPU precária do portátil). Eu poderia entrar em várias argumentações quanto aos improvisos no Wii U (que só é compatível com um tablet e a compatibilidade com outros controles vária de acordo com cada jogo), mas seria muita “pegação de pé” em um único texto.

A Nintendo tem boas ideias e eu continuarei apoiando a empresa dentro do que julgo cabível (não comprarei o New 3DS, já que não tenho árvore de dinheiro). É graças às inovações que a companhia registra alguns prejuízos recordes. Mas ainda bem que ela arrisca vez ou outra!

Todavia, sua inconstância é prejudicial, já que ela acaba sendo a mais odiada. Resta saber: será que Mario e as demais franquias vão salvá-la para sempre? Pode ser que o amor dos nintendistas acabe um dia, junto com o dinheiro gasto em tantos upgrades de console.

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