Especial 20 anos de Final Fantasy VII: a influência mundial de um jogo

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Em mais de 40 anos de história, a indústria do video game conta com nomes de jogos absurdamente bons. Contudo, quantos dela são, de fato, memoráveis a ponto de terem virado ícones ou até mesmo lendas? Independentemente do top 10 dos melhores jogos de todos os tempos que cada um pode ter, a decisão é unânime: Final Fantasy VII está nessa lista.

Pode não parecer, mas já faz 20 anos desde que a obra-prima da antiga Squaresoft, também conhecida por Square Company e atual Square Enix, chegou ao mundo. Para uma geração inteira, o game foi a porta de entrada ao universo dos RPGs e um dos mais ilustres de toda a história. E isso não é só da boca para fora: basta ver a comoção que o Final Fantasy VII Remake gerou na E3 do ano retrasado, tornando-se um dos remakes mais aguardados da história.

Mas o que faz de Final Fantasy VII tão bom? O que o faz ser memorável? O que o torna uma lenda na história gamer? O que o faz ser o que é? E, principalmente, o que ele fez que causou um impacto tão grande que se reflete ainda nos dias de hoje? São respostas difíceis e demoradas de responder, mas para isso, preparamos esse especial de 20 anos de um dos mais aclamados títulos do mundo.

20 anos de Final Fantasy

O que Final Fantasy VII significou em 1997?

O gênero RPG tinha fãs devotos durante os anos 90, mas não podia ser considerado exatamente algo mainstream. Muitos jogos produzidos durante o período eram estritamente orientais e jamais viram a luz do dia no Ocidente. Diversos capítulos de séries hoje conhecidas como Dragon Quest, Phantasy Star e até mesmo Final Fantasy (como o 2 e o 3) ficaram no Japão por muitos anos e só foram chegar aqui tempos depois, na forma de remakes, coletâneas ou remasters.

Nessa época, alguns jogos ocidentais começaram a surgir, como Fallout, Elder Scrolls 2: Daggerfall e Diablo, mas com ambientações e jogabilidades diferentes. No entanto, a maioria ainda estava reservada ao PC — se a plataforma ainda hoje tem um público menor que o dos consoles, na época ter uma máquina boa era coisa só para os maiores entusiastas.

Os RPGs ocidentais apostavam em outras fórmulas

Final Fantasy VII não foi o game que trouxe o RPG oriental ao Ocidente, mas sem dúvidas foi quem o popularizou. Chrono Trigger, Final Fantasy VI e outros já existiam e eram jogos além do seu tempo, mas foi o sétimo título da franquia da Square que conquistou as terras do Tio Sam e outro lado de cá do planeta. O jogo trouxe gráficos 3D, CGs de excelente qualidade, uma história muito mais cinematográfica e personagens mais desenvolvidos do que os jogadores estavam acostumados.

Na época, os jogadores ocidentais estavam acostumados com outros tipos de RPG

Muita gente conheceu a franquia Final Fantasy por conta do sétimo game. A fórmula fez tanto sucesso que, depois de 1997, outros dois Final Fantasy bem grandiosos foram lançados em pouco tempo, novos RPGs de peso surgiram no período, como Xenogears, Vagrant Story e Chrono Cross. Sem dúvidas Final Fantasy VII abriu as portas para a importação de diversos jogos orientais e serviu de inspiração para diversos títulos nos anos 90.

O sétimo capítulo da franquia marcou a transição da Square de uma empresa que estava em pleno crescimento para uma gigante que tinha os recursos, o talento e a disposição necessários para investir em projetos diversificados. Podemos dizer que o RPG foi o responsável por colocar a companhia no grupo dos grandes nomes da indústria, posição que só foi abalada anos depois com o fracasso do filme Spirits Within e outras decisões questionáveis que a empresa tomou em função de inúmeros problemas internos.

Final Fantasy VII : 20 anos de uma lenda

As mecânicas e história mais cativante da série?

Todos os Final Fantasy são legais e têm seus próprios méritos. Há quem diga que o Final Fantasy VI é o melhor (inicialmente, veio como III para o Ocidente) e que foi até ofuscado pelo sétimo título. Contudo, é inegável: os personagens de Final Fantasy VII são alguns dos mais memoráveis, seja pelo design único e tão marcante ou pela história de cada um deles.

Cada personagem tinha uma narrativa muito bem desenvolvida em uma ambientação que fugia um pouco ao que havíamos visto até então. Aspectos industriais, um cenário bem mais moderno e, ao mesmo tempo, com uma atmosfera que remetia aos games japoneses, quase como uma visão oriental sobre o mundo ocidental. Tudo a respeito do Final Fantasy VII é atrativo mesmo para quem não era fã do gênero. A aparência, o visual, a atmosfera: tudo muito, mas muito encantador, sedutor e cativante. Basta observar algumas artworks da época para ver que não é somente uma opinião. E o que dizer de um dos vilões mais icônicos da história?

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Mecanicamente, Final Fantasy VII é outra obra-prima: o sistema de matérias (magias) é um dos mais queridos, a ATB (Active Time Battle) é um dos gameplays mais endossados pelos fãs em termos de combate e tudo, tudo mesmo, é bem intuitivo. Há muito conteúdo em um mundo que, de certa forma, é aberto, com muitos segredos, extras e até mesmo personagens secundários para encontrar.

Mundo aberto incrível, muito conteúdo e personagens cativantes: tudo extremamente atrativo aos fãs pouco acostumados com o JRPG

Diversas revistas especializadas da época traziam muitas dicas para jogá-lo, com guides de materias, chefes secretos e muito mais. O jogo foi uma verdadeira febre e muita gente teve, pela primeira vez, contato com a fórmula por conta da acessibilidade e carisma que o título oferecia.

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A orientalização do Ocidente

A grande conquista de Final Fantasy foi mostrar ao Ocidente o quão divertida é a fórmula mais tradicional japonesa. Isso foi tão encrustado na cultura gamer de RPGs que, mesmo hoje em dia, há muitos que torcem o nariz para novas fórmulas que fogem do clássico combate em turnos, por exemplo – e, de forma alguma, não gostar de sistemas mais modernos é errado.

Trata-se apenas de um exemplo de longa data. Mas se você procura algo mais palpável, vamos olhar um pouco na era pós-Final Fantasy VII. Sem contar os títulos da própria franquia, há muitos games que surgiram ainda na era PS1: Vagrant Story, Parasite Eve, Xenogears, Chrono Cross, Star Ocean, Grandia, Legend of Dragoon, Breath of Fire, Legend of Mana, Legend of Legaia, série Shin Megami e tantos outros.

Muitos outros jogos orientais começaram a aparecer no Ocidente após Final Fantasy VII

Troca a geração: PS2 chega ao mercado e temos uma verdadeira explosão de JRPGs. Shadow Hearts, Valkyrie Profile, séries como Grandia, Xenosaga, Dragon Quest VIII (poucos vinham para o Ocidente), a saga .hack, Disgaea, Atelier, Dark Cloud, Odin Sphere, Phantasy Star, Radiata Stories, Rogue Galaxy, Star Ocean, muitos outros Shin Megami Tensei e diversos títulos menores.

A era pós-Final Fantasy VII foi muito mais recheada de jogos orientais

O que isso quer dizer? Compare a quantidade de títulos orientais pré-Final Fantasy VII e pós-Final Fantasy VII: viu a diferença? Muitos games orientais começaram a vir ao Ocidente por conta da popularização do gênero, assim como outros tipos de games – corrida, hack ‘n slash e muito mais – com temática oriental também começaram a colocar as suas fichas por aqui.

Final Fantasy VII pode não ter sido o único responsável ou o único fator para o Japão ganhar mais sucesso neste lado do globo, mas sem dúvidas foi um dos principais. E a fórmula fez tanto sucesso que uma coisa engraçada aconteceu no decorrer dos anos...

Valkyrie Profile foi um dos games que fez sucesso aqui

O que isso impactou nos Final Fantasy posteriores?

A série Final Fantasy deslanchou aqui e disso ninguém duvida. Já falamos do sucesso universal, mas o que isso impactou na série? O inverso. Há quem diga que os Final Fantasy depois do VII começaram a mudar. O motivo? O sucesso ocidental talvez tenha adicionado conceitos ocidentais à fórmula.

Final Fantasy X já mudou o sistema de levels, Final Fantasy XII era praticamente um MMO offline e Final Fantasy XIII tinha conceitos de mitologia e combate bem diferentes do que estávamos acostumados até o momento. E, se pararmos para observar Final Fantasy XV, o jogo é uma grande mescla: visual japonês, temática de reinos ocidental e combate misto.

Final Fantasy XII já apresenta mudanças significativas

Até hoje, a base de fãs é muito polarizada a respeito das mudanças dos anos 2000. Por conta disso, Final Fantasy VII Remake é algo que os jogadores de longa data esperavam ansiosamente, tornando-se um dos games mais requisitados da história. O desejo de uma releitura do título é tão antigo e requerido que virou até motivo de chacota: “É nessa E3 que vão mostrar Final Fantasy VII Remake, hein?”. Acho que dispensam comentários as reações de quando isso foi concretizado, não é mesmo?

Um jogo lendário ou um jogo ótimo supervalorizado?

Essa é questão que muitos fãs de carteirinha discutem com fervor com os não amantes da série: afinal, Final Fantasy VII é ou não é tudo isso? Como sempre, é uma questão de opinião, mas há mais em jogo. Esse debate costuma ser levantado por pessoas que vivenciaram a explosão do game e as que não presenciaram.

Convenhamos: Final Fantasy VII envelheceu incrivelmente bem, apesar de ter gráficos datados, mas não é o tipo de coisa apelativa para um jogador mais novo. O impacto do game foi enorme e trouxe coisas que são sentidas até hoje, mas nem todo mundo consegue entender o que foi isso exatamente.

Afinal, o que Final Fantasy VII é para você? Com certeza, cada um de nós tem um relato incrível sobre o jogo

Muitas pessoas não conseguem entender a importância que alguns jogos mais velhos, como Ocarina of Time e Chrono Trigger, por exemplo, tiveram na indústria. Contudo, há a contrapartida também: seria essa sensação que temos hoje um reflexo de nostalgia exacerbada?

Essa questão é outro tema de discussão que, por mais que desejemos, talvez seja impossível de mensurar e responder. Todavia, uma coisa é fato: Final Fantasy VII é um jogo praticamente impecável que deixou o seu marco para todo o sempre. E o que Final Fantasy VII é para você?

*Esta matéria teve colaboração dos redatores Felipe Gugelmin e Leonardo Rocha.

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