Coluna: por que tantas empresas estão investindo em consoles retro?

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Quem vive no Brasil se acostumou a conviver com produtos como o Mega Drive e o Master System compartilhando espaço com consoles mais modernos, como o PlayStation 4 e o Xbox One. Tudo isso graças tanto à filosofia da Tec Toy de manter os video games da SEGA vivos, quanto às regras do mercado local, que ainda faz com que video games de última geração não sejam exatamente acessíveis.

No entanto, em tempos recentes parece que essa tendência de apostar em plataformas antigas está ganhando espaço em outros países. Se empresas como a Hyperkin sempre apostaram em versões alternativas de hardwares antigos, a “explosão” desse segmento só ocorreu quando a Nintendo lançou seu NES Classic, que virou imediatamente um item de colecionador.

Empresas como a Hyperkin sempre apostaram em versões "alternativas" de consoles antigos

Em 2017, a empresa japonesa parece que vai repetir a história com o SNES Classic, mas dessa vez ela não está sozinha. Enquanto a Atari prepara seu Flashback 8 Gold, a SEGA está trabalhando em seu Genesis Flashback para o mercado norte-americano (e relançou há pouco o Mega Drive por aqui) — isso sem contar com a iniciativa SEGA Forever.

Mas quais motivos tornaram 2017 o momento mais propício para o lançamento dessa onda retro? Será que finalmente chegamos ao ponto em que cansamos de gráficos, teraflops, discussões sobre resoluções e descobrimos nos bons e velhos pixels a alegria de jogar? Ou será que essa atração pelo passado sempre esteve aí, mas só agora notamos?

O passado vende

Respondendo as perguntas do parágrafo anterior, digo que minha opinião é a de que sempre houve um desejo dos consumidores por itens nostálgicos — e as empresas sempre souberam disso. Não é “por serem boazinhas” que empresas como a Microsoft, Nintendo e Sony apostam em relançamentos ou em oferecer acesso a títulos do passado, mas sim porque eles continuam trazendo dinheiro.

A principal vantagem de investir em games antigos é o fato de que o investimento necessário para torná-los acessíveis é praticamente nulo. É muito mais garantido do ponto de vista “criar um envelope” bonito para uma loja digital e oferecer um game por um preço acessível do que investir em um projeto totalmente novo que pode ou não dar certo.

muitos desses jogos sequer precisam de muita divulgação para atingirem o público alvo

Claro: um game antigo dificilmente vai trazer o tipo de cifra que sustenta uma empresa, mas a relação “investimento x lucro” é muito atraente. E o melhor: muitos desses jogos sequer precisam de muita divulgação para atingirem o público alvo — o mero boca a boca e a reputação que eles adquiriram com o passar dos anos já são suficientes.

Quando você não tem que lidar com grandes custos de pesquisa e desenvolvimento, fica muito mais fácil pensar no lançamento de um produto. Ainda será preciso lidar com questões de licenciamento, distribuição e fabricação (estes últimos são mínimos, visto que estamos lidando com hardwares bastante discretos), mas eles estão longe de se aproximar do que é necessário para trazer uma plataforma moderna às lojas.

Mas por que agora?

A principal razão para estarmos mais “conscientes” desse desejo pelo passado — e mais empresas estarem de olho nisso — é, sem dúvidas, o sucesso do NES Classic. Graças a uma combinação de preço atraente com um formato compacto e uma bela seleção de games, o produto da Nintendo se tornou uma compra atraente tanto para quem viveu o auge do NES quanto para quem só queria entender porque a plataforma é tão amada.

Somando isso ao fato de que o console se tornou imediatamente um item raro (o que só aumenta a sensação de que temos que possuí-lo) e a fabricante japonesa teve em mãos um sucesso imediato — que ela busca replicar com o SNES Classic. Outro elemento que ajudou a chamar a atenção para o produto é o fato de que ele não se trata de uma cópia “alternativa”, mas sim de algo oficial — o que chama a atenção das concorrentes.

Até consigo imaginar a sala de reuniões nos quais os executivos da Atari discutiam a ação da Nintendo e pensaram “nós também temos um catálogo de clássicos, devemos fazer isso”. A SEGA também deve ter pensando de maneira semelhante, mesmo que o caso da empresa seja um tanto diferente (afinal, ela sempre fez questão de preservar seu passado de maneira saudável).

Para grande parte do público, não importa se um console retro da Hyperkin tem funções mais atraentes (incluindo a compatibilidade com cartuchos antigos) — o importante é ver o nome Nintendo ali. O nome da empresa evoca imediatamente tanto uma lembrança sentimental em quem viveu o auge da época do NES quanto a garantia de que estamos lidando com um produto de qualidade.

O que ainda não está claro é até quando essa estratégia de mercado vai dar frutos suficientes para permanecer nos holofotes — e quem realmente vai se dar bem nesse segmento. Ao meu ver, não deve demorar muito até que a jogatina retro volte aos “bastidores” (o que não é algo necessariamente ruim) tanto por questões de interesse do público mais “mainstream” quanto pelo fato de que há limites na quantidade de lançamentos que podem ser feitos antes de que fique claro que muitas empresas só querem “deslocar alguns trocados” a partir da nostalgia.

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