Quando a Netflix foi lançada, o serviço por streaming foi encarado como uma grande ameaça pelas redes de televisão a cabo. Entre discussões e tentativas de “cortar as asas” do sistema, ele cresceu em participação de mercado e abocanha constantemente uma parcela do público que desistiu dos canais por assinatura.
Diante disso, é interessante notar o pronunciamento recente dos executivos da Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA), que afirmaram que serviços do tipo não devem ser tratados como uma ameaça. Entre os motivos para isso está o fato de que muitas opções do tipo são ligadas a TVs a cabo e de que a associação vê isso como uma maneira de corresponder a uma demanda de seus assinantes atuais e futuros.
“Cada vez mais você tem um número significativo de pessoas que usam o on-demand”, afirmou o presidente da ABTA, Oscar Simões, na última terça-feira (21). “E dezenas e dezenas de canais têm [o serviço] hoje, o que há três anos quase não existia. Isso mostra a resposta da indústria. Passou a ser a demanda? Vamos ao máximo para criar o que o telespectador quer”, complementou.
O Fox Play é exemplo de um sistema ligado a uma rede de TV por assinatura
Já o presidente jurídico da entidade e diretor de relações institucionais das Organizações Globo, José Francisco de Araújo Lima, acredita que as plataformas de streaming ajudam a atrair e fidelizar os mais jovens. “O importante com essa tendência é atender ao jovem, uma classe que não quer mais se vincular, ficar sentado e acompanhar um certo horário. On-demand é uma alternativa para essa nova geração”.
Apesar da aparente mudança de posicionamento, a ABTA mantém a posição de que é preciso haver isonomia entre os serviços de streaming e as redes de TV paga. “Acho que o tratamento deva ser igual para que você tenha competição. Se eu tenho obrigações de cota, tributárias, uma série de obrigações, e eu tenho um concorrente que não as tem, ele tem uma vantagem em relação ao meu negócio. Então ou você regulamenta para todos ou desregulamenta para todos. Eu até preferia essa segunda opção. Mas o Estado vai ter que analisar”, afirmou Simões.
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