Carros elétricos: como a tecnologia pode ajudar na expansão do setor?

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Os que sonham em adquirir um carro elétrico se deparam com uma dúvida: onde vou poder recarregar o meu veículo fora de casa? Essa não é uma pergunta feita apenas no Brasil. Nos Estados Unidos (EUA), que hoje já conta com cerca de 2 milhões de veículos elétricos (VEs) e onde a meta é que esses modelos  representem 50% das vendas de veículos até 2030, a reflexão persiste.

Atualmente, os EUA contam com 45 mil pontos de recarga — desse total, 30 mil são da Tesla. Apesar de já ter sido aprovado um aporte de US$ 7,5 bilhões para a estruturação de uma rede nacional de 500 mil pontos, essa ampliação em países continentais como os EUA e o Brasil não é tão simples, porque demanda também investimentos pesados na distribuição de energia elétrica para suportar tantas recargas.

Aliado a  toda estrutura elétrica, outro ponto primordial para o desenvolvimento da infraestrutura de mobilidade é a interoperabilidade dos pontos de carregamento.

Portanto, é preciso oferecer a garantia de que as estações de carregamento estejam sempre disponíveis e estáveis, operando 24 horas por dia e sete dias da semana, tornando viável o monitoramento para prevenção de falhas nos equipamentos e atuar na correção automática, sempre que possível, reduzindo os custos operacionais. E nesse momento entra em ação o Charge Point Operator (CPO), o Operador do Ponto de Carregamento.

Carro Elétrico no BrasilFonte: Shutterstock

O CPO é uma empresa responsável por construir estações de carregamento, pré-configurar um sistema de gestão inteligente para controle da estação e garantir as operações de recarga dos veículos elétricos. E, para isso acontecer, o CPO também fornece a infraestrutura de rede de carregamento, gerenciando tanto a tecnologia de estrutura que possibilita a operação do sistema quanto a conexão entre os carregadores para proporcionar um carregamento de forma confiável e consistente às baterias dos veículos elétricos. Os operadores de ponto de recarga podem gerir a própria rede de ponto de recarga ou rede de terceiros.

Negócios e empreendimentos que adotam o CPO acabam se tornando provedores de serviços de eMobility (EMSPs). Isso quer dizer que eles fazem a intermediação entre motoristas e pontos de carregamento, disponibilizando dados de funcionamento em tempo real do ponto de recarga, indicando o melhor caminho do motorista até a estação e possibilitando diferentes métodos de pagamento para o uso dela.

Além disso, pela plataforma de software de CPO, o gestor consegue analisar dados comerciais e técnicos para uma tomada de decisão mais assertiva. Essa automação é fundamental para reduzir o Total Cost of Ownership (TCO), que envolve diversos gastos, não apenas de aquisição do VE. Essa funcionalidade permitirá lidar com problemas transacionais e técnicos sem exigir a intervenção dos funcionários.

Outro aspecto positivo para o gestor da plataforma é o gerenciamento inteligente de energia, que ajuda a reduzir os custos de capital e operacionais, propiciando a melhor administração da demanda de potência durante os horários de pico, integrando energias renováveis e armazenando a carga da bateria.

O gerenciamento inteligente e a otimização de energia são essenciais para reduzir tanto o Capital Expenditure (CAPEX) que está relacionado às despesas de capital, como investimentos em máquinas, equipamentos e outras benfeitorias nas instalações das empresas, quanto o Operational Expenditure (OPEX) — que são as despesas operacionais). A gestão inteligente de energia lida com o seu fluxo em todo o ecossistema; carregadores, sistemas de armazenamento, depósitos de frotas de veículos elétricos, edifícios e a rede elétrica. Esse gerenciamento de energia inteligente garante que a potência seja fornecida no momento certo para o recurso certo, com o menor custo.

A escalabilidade é fundamental para acompanhar o rápido crescimento do mercado de veículos elétricos. O Reino Unido, os Estados Unidos, a Alemanha e a França são apenas quatro nações, entre muitas, que aumentaram seu foco na eliminação de emissões nas próximas décadas. A escalabilidade não é apenas adicionar hardware; é garantir que toda a infraestrutura operacional também possa ser dimensionada.

A interoperabilidade, ou seja, se dois componentes de um sistema, desenvolvidos com ferramentas diferentes, de fornecedores diferentes, podem ou não atuar em conjunto, é fundamental para proteger as operações de longo prazo da rede, quando a cada poucos meses, outra inovação tecnológica é lançada. Uma plataforma CPO, que oferece o mais amplo suporte ao carregador, permite a fácil integração de qualquer carregador para acelerar e facilitar a adoção. A compatibilidade com padrões e protocolos do setor, como OCPP, OCPI, OCSP e ISO 15118, garante que as comunicações das operações de back-end e a compensação financeira funcionem sem problemas.

Como a espinha dorsal do setor de eMobility, os CPOs são essenciais. A simplificação e otimização das operações de carregamento de veículos elétricos garante que eles possam maximizar suas oportunidades de negócios, reduzindo o TCO e proporcionando uma excelente experiência de carregamento de veículos elétricos.

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Junior Miranda é CEO da GreenV, mobilitytech que desenvolve tecnologias inteligentes em mobilidade elétrica.

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