O Projeto Loon da Google não é novidade para ninguém, e a empresa já falou sobre ele em várias oportunidades. Contudo, durante a Google I/O 2016, conseguimos ver de perto pela primeira vez um dos balões que a Google usa nesse projeto. Ele é enorme e bastante impressionante. Mais impressionante é o que vários desses podem fazer pelo “mundo dos desconectados”.
A empresa começou a testar os balões do Projeto Loon na Nova Zelândia em 2013. O objetivo naquela oportunidade foi trazer internet para uma fazenda isolada no interior do país por montanhas e pela distância de centros urbanos. Tudo correu bem e, em 2014, eles resolveram trazer a ideia para o Brasil.
Um teste foi realizado em uma escola isolada do Piauí, no nordeste brasileiro, que também foi bem-sucedido. A ideia da Google é criar uma rede global de balões que circulam o mundo em alguma parte do hemisfério sul para fornecer conectividade para locais como esses, carentes ou muito isolados.
Manobrando os balões
Os balões do Projeto Loon não possuem nenhum sistema de propulsão e, por isso, não conseguem seguir para lugares específicos sozinhos. A empresa precisou então criar um mapa das correntes de ar da estratosfera terrestre e aproveitá-las para levar os balões para lá e para cá.
O conceito essencialmente é o seguinte: o pessoal do projeto consegue controlar a altitude dos balões e, com isso, posicioná-los nas camadas onde as correntes de ar estão soprando para a localização correta.
Os balões conseguem se movimentar pelo globo sem precisar gastar energia para isso
Dessa maneira, os balões conseguem se movimentar pelo globo sem precisar gastar energia para isso. Os equipamentos eletrônicos podem então ser menores e não precisam de tanta manutenção. Imagina a quantidade de painéis solares que eles precisariam ter para captar eletricidade suficiente para mover um motor com hélice ou algo do tipo?
Até chegar a esse método de manobrabilidade, a Google passou por vários problemas, especialmente no que diz respeito à construção dos balões. Eles desenvolveram uma liga especial de plástico capaz de aguentar muitas expansões e compressões sem estourar. Isso porque, quando o balão está voando em uma parte do planeta que está coberta pela noite, as temperaturas caem muito e fazem com que o gás do balão sem comprima um bocado.
Quando o dia vem, luz do Sol faz exatamente o oposto, aquecendo o gás com rapidez e fazendo com que ele se expanda. De início, os balões do Loon conseguiam ficar apenas poucos dias no ar funcionando. Agora, a empresa já consegue mantê-los nas alturas por mais de 100 dias. Além disso, um processo de fabricação praticamente automático foi montado, e um sistema de lançamento rápido também foi desenvolvido.
Tecnologia
Tudo isso é muito legal, mas você provavelmente quer saber como raios esses balões transmitem internet para o chão. Não é por WiFi, uma vez que esse método não teria a eficiência necessária para cobrir tamanhas distâncias, já que os balões voam a 20 km da superfície. Fora isso, a potência necessária para tal requereria uma quantidade de energia muito grande, e isso provavelmente interferiria no sinal de outros meios de comunicação.
Por conta disso, a Google resolveu trabalhar com o sinal de celular 4G. Em todos os locais em que o Loon opera e vai operar, a Google fará uma parceria com uma empresa de celular local para utilizar suas frequências e mandar o sinal para o chão de forma compatível com os dispositivos que muitas pessoas já têm.
Smartphones 4G estão ficando muito populares em todo o globo
Smartphones 4G estão ficando muito populares em todo o globo, mesmo que eles fiquem quase sempre conectados a redes 3G, pois as fabricantes de celular têm feito a migração de uma tecnologia para a outra mais rápido do que as operadoras de forma geral.
Pelo fato de a empresa envolver operadoras locais no projeto Loon, não sabemos se a conexão será totalmente gratuita, uma vez que a Google já está bancando todo o equipamento e a pesquisa para colocar os balões no ar. É possível seja preciso pagar alguma coisa, mesmo que bem pouco.
Ainda sobre a rede de balões, a Google espera fazer isso de duas formas. É possível transmitir sinal da internet para os balões através de uma conexão com satélites ou ainda receber sinal de uma torre no chão e espalhar isso para uma área maior do que a torre em si seria capaz.
No futuro, a Google espera ainda conectar um balão dessa forma e usar vários deles em linha para que um repita o sinal do outro através do globo, o que poderia diminuir os custos de infraestrutura.
Infelizmente, a Google ainda não tem uma previsão de quando o Loon poderá entrar de fato em operação em algum lugar. Contudo, os engenheiros da empresa já estão bem confiantes quanto à tecnologia que possuem e acham que logo será viável colocar uma rede de balões em operação. A primeira implantação deve acontecer na Indonésia, mas ainda não foram reveladas informações sobre datas.
Fique ligado no TecMundo para conferir mais coisas legais sobre a Google I/O 2016.
O TecMundo viajou à São Francisco, EUA, a convite da Google para a I/O 2016.
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