Cientistas detectam 'geada matinal' em região vulcânica de Marte; entenda

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Imagem: Universidade de Berna

Uma cena impensável foi descoberta por cientistas planetários na região equatorial de Marte: vestígios de água congelada no topo dos vulcões Tharsis, que são as maiores montanhas vulcânicas do nosso Sistema Solar. Ao contrário da Terra, onde picos gelados são a norma, as altas temperaturas deveriam tornar a cena improvável, afirmam os autores em um release.

Para Adomas Valentinas, primeiro autor do estudo publicado recentemente na Nature Geoscienes, "pensamos que era impossível a formação de geada em torno do equador de Marte, já que a mistura de luz solar e atmosfera tênue mantém as temperaturas relativamente altas tanto na superfície quanto no topo das montanhas".

Segundo o título do artigo, trata-se de uma espécie de "depósito efêmero de uma geada matinal" que ocorre apenas durante algumas horas após o nascer do sol, e se evapora antes do entardecer. E, embora seja tão fina quanto um centésimo de milímetro de espessura, o volume pode chegar a 150 mil toneladas de água circulando entre a superfície e a atmosfera, ou 60 piscinas olímpicas evaporando diariamente.

Como os cientistas detectaram água gelada nos vulcões de Marte?

Vista simulada em perspectiva oblíqua do Monte Olimpo, o vulcão mais alto do Sistema Solar.Vista simulada em perspectiva oblíqua do Monte Olimpo, o vulcão mais alto do Sistema Solar.Fonte:  ESA/DLR/FU Berlin/A. Valantinas 

A surpreendente concentração de água congelada no topo dos vulcões marcianos foi detectada por meio de imagens coloridas de alta resolução enviada à Terra pelo instrumento Sistema de Imagens Estereoscópicas da Superfície (CaSSIS), instalado no Orbitador de Rastreamento de Gases (TGO), lançado pela Agência Espacial Europeia (ESA), que orbita o Planeta Vermelho desde outubro de 2016.

As observações do TGO foram confrontadas com outras da sonda "veterana" Mars Express, também da ESA (na órbita marciana desde 2003), por meio de sua Câmara Estéreo de Alta Resolução.

O trabalho envolveu a análise de mais de 30 mil imagens somente para encontrar a camada de gelo, e depois confirmar sua existência. Para isso, Valatinas teve que criar um "filtro" de imagens para determinar a localização, a hora do dia em que foram tiradas e também a estação do ano. Mas o esforço valeu a pena, pois foram isoladas as assinaturas específicas de água congelada, e a sua origem na superfície do planeta.

Qual a importância da descoberta da "geada" nos vulcões de Marte?

Imagens do  CaSSIS, mostrando a fina camada de água congelada presente por algumas horas, antes de evaporar. Imagens do  CaSSIS, mostrando a fina camada de água congelada presente por algumas horas, antes de evaporar. Fonte:  Universidade de Berna 

A água congelada fica brevemente depositada nas chamadas caldeiras vulcânicas marcianas, que são grandes depressões em forma de tigela, que podem chegar a 10 mil quilômetros de largura e 8 quilômetros de profundidade, como é o caso da Valles Marineris.

Conforme os pesquisadores, modelar como essa água se forma poderia dar uma pista de onde ela está e como se forma. A compreensão do atual ciclo da água em Marte é fundamental não só para futuras explorações, mas também para a busca por sinais de vida no planeta.

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