Macacos se cumprimentam ao chegar e sair de encontros, mostra estudo

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Da mesma forma que os seres humanos saúdam e se despedem de pessoas, ao chegar ou sair de uma reunião, os macacos chimpanzés e bonobos parecem ter um comportamento semelhante.

De acordo com uma pesquisa publicada na quarta-feira (11), na revista iScience, esses símios utilizam um repertório de sinais e olhares para iniciar e terminar suas interações sociais.

Segundo uma das autoras do estudo, Raphaela Heesen, pesquisadora de pós-doutorado da Durham University, no Reino Unido, essa capacidade que os humanos têm de compartilhar intenções é o que possibilita a realização de feitos muito maiores do que um único indivíduo conseguiria realizar sozinho.

Esse compartilhamento de intenções e a disposição de trabalhar em conjunto em busca de um objetivo comum conduzem a um senso recíproco de obrigações que a pesquisadora chama de “compromisso conjunto”. O que o estudo sobre o comportamento de macacos mostrou é que esse compromisso conjunto não é uma exclusividade humana.

Estudando a ação conjunta

Crédito: Catherine HobaiterCrédito: Catherine HobaiterFonte:  Catherine Hobaiter 

O estabelecimento de uma ação conjunta espontânea depende de uma ação anterior dos participantes: eles precisam coordenar quem serão os atores da ação e quais as funções que cada um irá adotar, as ações a serem realizadas, e quando e onde elas serão executadas. Porém, para chegar a esse ponto, eles precisam coordenar a possibilidade de interagirem uns com os outros.

Em experimentos de comprometimento conjunto, dois bonobos “reclamaram” quando um pesquisador parou de repente a brincadeira que fazia com eles. Mas, em seguida, usaram alguns gestos para retomar a interação um com o outro. Para Heesen, o compromisso conjunto não se restringe apenas a cumprir uma promessa em conjunto, mas em estabelecer acordos, após o cumprimento do compromisso.

Isso depende de ações simples, como estabelecer um compromisso de conversação com contato visual e um "oi, tudo bem?" até que, encerrado o encontro, seja sinalizado o encerramento da conversa com um "ok, legal!" ou apenas um "tchau". Foi nesse ponto que os pesquisadores começaram a comparar, para ver se os grandes macacos, a exemplo dos humanos, tinham um processo de entrada e saída semelhante.

Metodologia da pesquisa

Ao fim da análise de 1.242 interações observadas em grupos de chimpanzés e bonobos dentro de zoológicos, foi possível afirmar que os macacos se olham e se comunicam de forma frequente uns com os outros, tanto para iniciar quanto para encerrar suas interações sociais.

Esses sinais de entrada e trocas de olhares antes de brincar foram observados em bonobos durante 90% do tempo, e em chimpanzés em 69% do tempo. As fases de saída (despedidas) foram mais intensas, com 92% dos bonobos e 86% das interações envolvendo chimpanzés. Os sinais eram representados por alguns gestos, como dar as mãos, tocar um no outro, dar cabeçadas ou apenas trocar olhares.

Para avaliar a intensidade desses gestos, os pesquisadores levaram em conta fatores como a proximidade social dos macacos e também o nível de poder de um sobre o outro. Curiosamente, quanto mais próximos eram os bonobos, menor a duração de seus "cumprimentos". Para os autores isso é outro traço tipicamente humano.

“Quando você está interagindo com um bom amigo, é menos provável que você se esforce muito para se comunicar de forma polida”, resume Heesen.

ARTIGO iScience: doi.org/10.1016/j.isci.2021.102872

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