'Imprudência': astrofísica critica anúncio de vida em Vênus

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O recente anúncio do sinal de vida alienígena em Vênus chamou a atenção de toda comunidade científica internacional. Foi nesse contexto que Duília de Mello, astrônoma e astrofísica brasileira associada à Nasa, criticou a possível descoberta em entrevista à BBC News Brasil. Para a cientista, o anúncio é "precipitado" e "imprudente" por carecer de confirmações.

A descoberta foi divulgada pela revista Nature Astronomy e pela Sociedade Astronômica Real de Londres, na segunda-feira (14), e relata a possível presença de gás que contém fosfina. Essa molécula, bastante comum na natureza terrestre, é resultante da ação de micróbios que vivem nos organismos de animais e em locais com pouco oxigênio, como os pântanos.

Dessa maneira, a falta de quaisquer outras explicações para a origem da substância na atmosfera venusiana levou os cientistas responsáveis pela descoberta a relatá-la como um possível sinal de vida no planeta. O caráter repentino do estudo dividiu opiniões da comunidade científica: "As pessoas, às vezes, na ansiedade de mostrar resultados acabam cometendo erros", comentou Duília de Mello em entrevista à BBC News Brasil.

Molécula de fosfina em simulação. (Fonte: ESO /M. Kornmesser / L.Calcada / NASA / Reprodução)Molécula de fosfina em simulação. (Fonte: ESO /M. Kornmesser / L.Calcada / NASA / Reprodução)Fonte:  ESO/M.KORNMESSER/L.CALCADA/NASA 

A descoberta foi feita por cientistas da Universidade Cardiff, no País de Gales, em parceria com pesquisadores dos Estados Unidos, Japão e Reino Unido, por meio de ondas de rádio do telescópio James Clerk Maxwell, no Havaí. Posteriormente, foi confirmada por 45 das 66 antenas — que operam de maneira semelhante a um grande telescópio — do observatório Alma, no deserto do Atacama, Chile.

Para a astrônoma brasileira, o método da descoberta deve ser reavaliado: "São dois instrumentos completamente diferentes," ela comentou. "Era preciso que fosse feita uma reconfirmação com o próprio Alma".

Em conclusão, Duília ressaltou a importância do estudo quando foi questionada sobre as possíveis próximas missões a Vênus: "Um resultado desse tipo motiva missões". Contudo, a especialista pede prudência na análise e na divulgação dos dados do estudo recente. "Vênus não vai sair de lá, né?", ela comentou.

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