No início da semana, noticiamos aqui no Tecmundo que a China se encontrava em estado de alerta por conta do risco de uma epidemia provocada por um agente infeccioso misterioso. Você pode conferir a matéria através deste link, mas, nela, explicamos que as autoridades chinesas haviam identificado a cidade de Wuhan – mais especificamente, um mercado de peixes nessa localidade – como a origem do problema, e que no intervalo de apenas alguns dias, o número de casos confirmados havia quase duplicado, pulando para mais de 40, com o número de pessoas mantidas em observação passando de 100.
Os números mais recentes apontam que entre 57 e 59 indivíduos foram contagiados – dependendo da fonte consultada – e que 163 estão sendo monitorados. Além disso, 38 pessoas foram hospitalizadas em Hong Kong sob a suspeita de contágio (por sorte, 21 já foram liberadas) e 1 na Coreia do Sul, e os aeroportos e fronteiras de toda a região adotaram medidas para tentar conter a epidemia. A boa notícia é que as equipes correndo contra o tempo para identificar o vírus finalizaram o seu sequenciamento genético e a conclusão preliminar é de que possivelmente se trate de uma cepa até então desconhecida de coronavírus.
Agente (possivelmente) identificado
Segundo fontes ligadas aos pesquisadores por trás do sequenciamento, as análises apontaram que o novo vírus foi identificado em vários dos infectados e que aparentemente se trata de um cononavírus que ainda não havia sido classificado pela Ciência. Esses agentes pertencem a uma vasta família de vírus que podem contagiar tanto humanos como animais e, nas pessoas, costumam provocar infecções respiratórias de leve a moderadas – que, em casos raros, podem evoluir para severas.
Algumas cepas do coronavírus também podem ocasionar as temidas SARS – sigla de Severe Acute Respiratory Syndrome ou Síndrome Respiratória Aguda Grave, que afetou mais de 8 mil pessoas em 37 países entre 2002 e 2003 e deixou quase 800 mortos – e MERS (de Middle East Respiratory Syndrome ou Síndrome Respiratória do Oriente Médio), que, desde que foi identificada, em 2012, já causou perto de 900 mortes.
No caso do coronavírus identificado agora na China, embora ele seja semelhante ao que provocou a pandemia de SARS na Ásia no início dos anos 2000, sua ação parece ser bem menos agressiva. Isso porque os principais sintomas registrados entre os doentes foram febre e, em alguns casos, dificuldades respiratórias, além do surgimento de lesões pulmonares. Ademais, até o momento, as infecções não provocaram nenhuma fatalidade e, ao contrário da SARS e da MERS, o contágio não parece ocorrer de pessoa para pessoa.
Salto entre espécies
Nós comentamos antes que os coronavírus podem infectar humanos e animais, certo? Sabe-se que alguns desses agentes podem “saltar” de uma espécie a outra – e essa informação é bastante relevante no caso das infecções registradas na China. Alguns dos primeiros casos foram identificados entre trabalhadores de um mercado de peixes de Wuhan, só que esse local não se dedica exclusivamente à comercialização de pescados e frutos do mar.
O estabelecimento abriga cerca de mil barraquinhas e, nelas, também é possível encontrar animais como frangos, marmotas, morcegos e outros bichos silvestres, sem falar que a fama é a de que as condições de higiene no mercado não são as melhores. Vale destacar que o coronavírus descoberto pelos investigadores chineses se parece especificamente ao que costuma infectar morcegos e foi precursor da pandemia de SARS na Ásia. Como medida preventiva, o mercado foi fechado e, segundo as autoridades, completamente limpo, e o surto parece estar sob controle.
Fontes