O fenômeno acontece com certa frequência. Basta deixa o celular sobre a mesa do computador para que, de uma hora para outra, se escute um barulhinho que soa como “Tic tic tic bzzzzzzzzzz”. Pensando bem, esqueça essa tentativa vergonhosa de transcrever o som da interferência provocada pelo celular. O vídeo acima demonstra, de maneira muito mais clara, como soa a interferência ao ouvido humano.
E ela não está restrita aos desktops. O efeito também pode acontecer em televisores, rádios de carro e fones de ouvido, chegando até mesmo a trazer um pouco de irritação para quem o escuta, já que, normalmente, os “barulhos alienígenas” não estão de acordo com o controle de volume do equipamento que o captou, soando muito mais alto.
Mas afinal, por que isso acontece?
As causas da interferência
Celulares e smartphones causam esse tipo de interferência quando estão posicionados próximos a caixas de som ou outros dispositivos capazes de ressoar rádiofrequência (RF). Normalmente, esses dispositivos possuem uma construção ruim, com mecanismos isolantes de baixa qualidade e incapazes de bloquear totalmente as ondas de rádio.
Sendo assim, as caixinhas acabam funcionando como uma espécie de antena e captando os sinais do telefone, mesmo que não sejam capazes de modular ou traduzir esse sinal para algo inteligível. E apesar de a interferência diminuir de acordo com a qualidade dos speakers ou dos eletrônicos, esse fenômeno também pode ser influenciado pela frequência específica ou potência que o celular em questão usa.
Outro fator que colabora para o aparecimento daqueles barulhinhos é a qualidade da interface que existe entre a rede de celulares e o telefone dos clientes, ou seja, por quanto tempo e quantas vezes por dia as torres de celulares precisam entrar em contato com os aparelhos para manter o sistema funcionando. Como é de se esperar, quanto mais sinais trocados, mais sinais captados ao acaso.
Além disso, as condições climáticas podem influenciar a situação. A umidade do ar, por exemplo, pode se acumular dentro dos telefones, umedecendo os alto-falantes e reduzindo as interferências causadas por celulares. Porém, o fenômeno tem mais chance de acontecer nos dias em que o ar está carregado de eletricidade, como quando uma tempestade de raios está se formando.
Problema sem importância
Em entrevista para o site CIO.com, o pesquisador Duncan Bradley comentou que a interferência causada por celulares é um problema inerente da tecnologia e que a indústria nunca será capaz de eliminá-la completamente. Em outras palavras, os fabricantes de celulares não consideram esse “problema” tão importante a ponto de gastar tempo e dinheiro para resolvê-lo.
Mesmo assim, empresas como a Research in Motion (RIM) — companhia responsável pelos aparelhos BlackBerry —, Polycom e outras têm se unido na tentativa de criar um padrão para a indústria que ajude os fabricantes de dispositivos a implementar melhores técnicas de isolamento em seus produtos.
Como evitar a interferência provocada por celulares
Mesmo sabendo que essa interferência é natural e inofensiva, há algumas formas de combatê-la. São pelo menos quatro medidas que você pode reproduzir facilmente em casa ou no escritório. Portanto, vamos a elas.
1. Núcleos de ferrite
Núcleos de ferrite (à esquerda) atuam como filtros em cabos USB (à direita) (Fonte da imagem: Mac Life)
Já percebeu que alguns cabos USB possuem uma parte mais grossa em uma das extremidades? Pois aquele “tubo” possui, em seu interior, um núcleo toroidal de ferrite, componente utilizado como filtro para diminuir o barulho provocado por frequências altas em dispositivos eletrônicos.
De acordo com a revista Mac Life, esse componente pode ser usado para anular as interferências provocadas pelo celular. Para isso, basta passar o cabo de força ou de áudio dos speakers por dentro desse anel de ferrite. Caso isso não seja possível, você também pode prendê-lo aos cabos com o uso de fita isolante, o mais perto possível dos alto-falantes.
Os núcleos toroidais podem ser encontrados em lojas de componentes eletrônicos e não custam caro. Porém, certifique-se de estar comprando um núcleo de ferrite, já que o mesmo componente também pode ser fabricado com pó de ferro. Caso você não encontre, também existe a possibilidade de desmontar um cabo USB.
A equipe do Tecmundo tentou efetuar testes envolvendo esse método, mas o resultado foi inconclusivo. Muitas vezes tivemos a impressão de que a interferência diminuía, mas ao longo do experimento também vimos o efeito acontecer mesmo com o núcleo de ferrite. De qualquer forma, vale a pena testar. Se der certo, não se esqueça de nos avisar nos comentários!
2. Sacola anti-estática
O pessoal do Metacafe também publicou uma dica barata e ainda mais fácil de ser realizada. Para evitar que o sinal do celular interfira em seus speakers, posicione o telefone em cima de uma sacola antiestática, aquele saco plástico de aparência prateada usado para embalar HDs, placas de vídeo e outros componentes de computadores.
No vídeo acima, é possível perceber que o simples fato de posicionar o telefone sobre o plástico já faz com que a interferência diminua. Se não resolver, você também pode tentar embalar completamente o telefone. E não se preocupe: ele continuará a receber ligações e a sincronizar com o seu PC, mesmo que esteja ensacado pelo material.
A única desvantagem desse método é o fato de que ele é um pouco esquisito e obriga você a ter que retirar o aparelho da sacola e colocá-lo novamente sempre que precisar usá-lo.
3. Modo avião
Outra forma de evitar que o barulho terrível aconteça é usar o modo de voo do celular, já que ele corta todos os sinais emitidos e recebidos pelo aparelho. A desvantagem é clara: nada de receber chamadas ou mensagens enquanto esse modo estiver habilitado.
4. Afaste o aparelho do speaker
Esta é, sem dúvida, a solução mais prática e barata que você pode ter. Se as chances de acontecer uma interferência aumentam de acordo com a proximidade do celular em relação às caixinhas de som ou à televisão, a solução é simples: mantenha-os longe um do outro. No caso de telefones que precisam estar conectados ao computador, talvez seja uma boa investir em um cabo extensor e, assim, resolver o problema.
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O Tecmundo agradece à participação da leitora Daniele Santos, que nos sugeriu este artigo. Caso você também tenha algum assunto que gostaria de ver em nosso site, basta enviar a sua sugestão para o email participe@bxk.com.br. Até a próxima!
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